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A DS e o ecossocialismo

Jornal DS – 22. Esquerda precisa incorporar a luta ecossocialista à estratégia política.

Álvaro Alencar, Gabriela Batista e Pedro Ivo Batista

A VIII Conferência Nacional da Democracia Socialista, realizada em 3 e 4 de março de 2007 na cidade de Brasília, discutiu, entre outros assuntos, a identidade política e programática da corrente. Dentre as decisões importantes assumidas na Conferência está a resolução que afirma que “o ecossocialismo integra nossa concepção de socialismo”.

A partir de agora, a DS é a primeira corrente do Partido dos Trabalhadores e da esquerda em geral a assumir em sua estratégia de construção política a luta ecossocialista. Essa decisão tem grande significado porque traz a discussão ecológica para um diálogo com a esquerda e a luta social, ao mesmo tempo em que contribui para que a luta ecossocialista avance nas estratégias dos movimentos sociais e do próprio PT.

Como parte do debate de reconstrução socialista do PT, a DS, juntamente com as correntes, coletivos e militantes que apresentam a tese “O PT e a Revolução Democrática”, afirma que é necessário um novo contrato social com a natureza, ensejando a realização de um desenvolvimento que, ao mesmo tempo, faça o país crescer, gerando renda e emprego, preserve o meio-ambiente e inclua um novo padrão de produção e consumo que possa ser sustentável.

O que é o ecossocialismo?
O ecossocialismo é uma corrente de opinião que atua no interior do movimento ambientalista, tanto no terreno nacional como internacional. Ele é parte do movimento sócio-ambiental, mas se define claramente como anti-capitalista, ao unir a luta ecológica à causa socialista, a partir do marxismo revolucionário. Assim, o ecossocialismo demarca tanto com os socialistas que não consideram a importância estratégica da luta ecológica, quanto com os ecologistas que não atuam na perspectiva do socialismo.

No Brasil, o ecossocialismo iniciou-se na luta dos trabalhadores da Amazônia, principalmente através de Chico Mendes e do movimento dos seringueiros, que souberam associar a defesa da floresta e a defesa dos direitos dos trabalhadores e dos povos que habitam a Amazônia, ao mesmo tempo em que defendiam uma nova sociedade.

Hoje, o ecossocialismo tem conseguido cada vez mais adesões nos movimentos sociais e na esquerda brasileira. Na Europa e no mundo, ele vem se desenvolvendo, nos últimos trinta anos, a partir da contribuição teórica de marxistas não dogmáticos, cuja crítica ao “socialismo real” somada à influência do produtivismo no interior da esquerda, tem constituído a base para um pensamento socialista, radicalmente democrático e ecológico. O Manifesto Ecossocialista Internacional expressa bem essa concepção.

Rede Brasileira de Ecossocialistas
A Rede Brasileira de Ecossocialistas (RBE) – www.ecossocialistas.org.br – foi criada em 2003, na cidade de Porto Alegre, durante a terceira edição do Fórum Social Mundial. A criação da Rede foi definida em 27 de janeiro, ao término da oficina organizada pela Associação Alternativa Terrazul, do Ceará, e pelo Centro de Estudos Ambientais (CEA), do Rio Grande do Sul. A fundação da Rede reuniu mais de 250 militantes de 16 estados brasileiros.

A Carta de Princípios da RBE declara que a Rede “não visa a substituir nenhuma organização política e social”. Seu objetivo é ser “uma articulação de militantes ecossocialistas, que nas diferentes esferas de ação política atuarão de acordo com os princípios e a reflexão teórica e programática construída pelo referencial do ecossocialismo”.
O II Encontro Nacional dos Ecossocialistas, realizado em novembro passado, no Rio de Janeiro, apontou como prioridade a necessidade de fortalecimento da divulgação do trabalho da Rede e decidiu também a realização de encontros estaduais para avançar organização em todo país.

Álvaro Alencar é da executiva da Secr. Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT, Gabriela Batista é da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente (REJUMA) e Pedro Ivo Batista é da Coord. Nacional da RBE.

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