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A solidariedade Sindical Internacional e o 28ª congresso da AFL-CIO | Lucíola Semião e Rosana Sousa

Realizou-se entre os dias 22 e 25 de outubro, na cidade de Sant Louis – Estados Unidos, o 28ªCongresso da Federação Americana do Trabalho – Congresso de Organizações Industriais (American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations), conhecida por sua sigla AFL-CIO. Esta é a maior central sindical dos EUA e reúne mais de 10 milhões de trabalhadores em 54 federações nacionais.

O congresso acontece em uma conjuntura de profunda crise provocada pelas políticas promovidas pelo atual presidente Donald Trump. Na área de saúde, por exemplo, revogaram a emblemática lei de saúde aprovada durante a gestão de Barack Obama, conhecida como Obamacare. O AffordableCareAct (ou Ato de Cuidados Acessíveis) obrigou que as seguradores de saúde (planos de saúde) aceitem pessoas com condições de saúde preexistentes sem cobranças extras. Foi esta lei que conseguiu reduzir em 20 milhões o número de pessoas não seguradas, aumentou o acesso à cuidados primários e especializados, cirurgia, medicamentos e tratamento para doenças crônicas para os trabalhadores e trabalhadores dos EUA.

A substituição do Obamacare não está terminada, já que os/as parlamentares não foram capazes de aprovar um plano alternativo que modifique a lei atual. No entanto, o projeto apresentado pelos lideres republicanos faria com que 14 milhões de trabalhadores pobres perdessem seu seguro de saúde ainda em 2018, e 24 milhões nos próximos dez anos.  Algo devastador!

No mesmo sentido, as medidas anti-imigração de Trump tem um impacto decisivo sobre os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Em um país que foi constituído por imigrantes e refugiados, a construção de muros e decretos afastam ainda mais os EUA do cumprimento das normas internacionais mais básicas de direitos humanos no que diz respeito ao tratamento de migrantes e refugiados.

Estas novas medidas impactam de tal forma o mercado laboral, que até mesmo grandes multinacionais – que se utilizam largamente do trabalho de imigrantes – como Nike e Starbucks, e gigantes da tecnologia como Apple e Google, se colocaram contra as mudanças propostas.

Por estas e outras políticas, que o congresso da AFL-CIO adotou resoluções e prioridades que organizam os trabalhadores e trabalhadoras estadunidenses para a resistência.

O congresso definiu e priorizou a luta pela liberdade para organização dos sindicatos (os EUA é um dos países com o maior numero de leis contra a organização de sindicatos) e negociação coletiva, uma campanha de filiação, a luta por uma lei de saúde para todos e todas e, finalmente, equidade entre as trabalhadoras e trabalhadores de todos os países.

Saudamos este congresso em nome do fortalecimento de laços de solidariedade sindical entre os países. Em nossa visão, não há saída isolada. Compete às organizações sindicais a capacidade de fortalecer a unidade e laços de solidariedade. E por isso, junto a AFL-CIO, CSA e demais centrais sindicais das Américas, estaremos na Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo que acontece em novembro no Uruguai, uma construção coletiva que manifestará que as prioridades dos trabalhadores estado-unidenses é também parte da luta da classe trabalhadora de todo o continente.

Lucíola Semião e Rosana Sousa, Secretária estadual da Mulher Trabalhadora da CUT Bahia e Secretária Adjunta da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT. Ambas são trabalhadoras do ramo químico

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