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Buscando a redenção

O Distrito Federal é a unidade da federação com o maior orçamento per capita do país. São mais de R$ 20 bi para 2010, e uma população de cerca de 2,8 milhões de pessoas. Poderíamos ter uma cidade sem problemas na oferta de serviços públicos de qualidade, na garantia de urbanização, saneamento ambiental, proteção ao meio-ambiente, transporte público eficiente.

Arlete Sampaio *

Entretanto, a desigualdade social é profunda na capital federal. Um IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano) digno de países nórdicos nas áreas nobres convive com indicadores próximos aos de países subdesenvolvidos, na periferia.

A história política de Brasília é singular: construída em tempo recorde, arquitetura arrojada, abriu uma nova era de políticas públicas avançadas, vanguardistas, em saúde, educação, assistência social. O golpe militar de 1964 veio interromper esse ciclo virtuoso.

Seus governadores eram nomeados pelos ditadores. Com a redemocratização, iniciou-se a luta pela representação política do DF. Em 1986, houve eleição para senadores e deputados federais. Na Constituinte de 1988, conseguimos garantir autonomia política para o DF, eleição de governadores e de uma Câmara Legislativa.

Ao final da década de 80, governava Brasília, por indicação do então Presidente Sarney, o goiano Joaquim Roriz. Em 1990, ele se elegeu governador nas primeiras eleições gerais do Distrito Federal. Em 1994, o PT venceu e governou Brasília por 4 anos (1995 a 1998).  Foi um período fértil, marcado por grandes investimentos na saúde, educação, transporte coletivo, cultura, além de profundas mudanças na relação entre estado e sociedade, com orçamento participativo e transparência na gestão do Estado. Programas como “Paz no Trânsito” deixaram suas marcas, como o respeito à faixa de pedestres.

Corrupção

Em 1999, Joaquim Roriz voltou a governar Brasília, reelegendo-se em 2002, por uma estreitíssima vantagem em relação ao candidato do PT. Nesse ano, um processo interposto pelo PT dava conta de que Roriz desviou mais de 42 milhões de recursos públicos para sua campanha eleitoral. Naquele momento, a votação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi perdida, mas, hoje, as investigações confirmam a nossa tese.

Com a vitória de José Roberto Arruda, ex-secretário de obras de Roriz, ex-líder do Governo FHC no Senado, onde protagonizou o escândalo do painel eletrônico, o esquema montado por Joaquim Roriz mudou de comando, mas seguiu seu curso.

Até que uma investigação encaminhada por Ministério Público, Polícia Federal e STJ (Superior Tribunal de Justiça) conseguiu, através da delação premiada, que falasse uma importante testemunha dos esquemas de desvio de dinheiro público na capital federal: um colaborador de Roriz, mantido por José Roberto Arruda. O governador foi preso e cassado, o vice-governador renunciou; e assumiu o governo distrital o Presidente da Câmara Legislativa, eleito com menos de 10 mil votos. Uma eleição indireta define quem cumprirá o final do mandato.

O Ministério Público da União encaminha ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de intervenção no DF, dada a extensão do esquema de corrupção que envolve quase todos os deputados distritais, incluindo suplentes. Salvam-se poucos, entre eles, os quatro do PT. Há indícios de envolvimento de desembargadores e até de membros do Ministério Público.

Esse é o cenário que marca os 50 anos de Brasília. Mudar tudo isso só é possível se mudarmos a condução política do DF, tarefa que estamos construindo e que poderá representar a redenção da capital federal.

* Arlete Sampaio foi deputada distrital e vice-governadora do DF. Atualmente, integra a executiva nacional do PT.

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