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CMS quer mais organização nos estados

Na pauta, mudanças na política econômica e Campanha contra a ALCA

GO - MARCHA/MST - GERAL - Integrantes do Movimento Sem-Terra (MST) que participam da Marcha Nacional pela Reforma Agrária deixam acampamento montado próximo ao município de Abadiânia, a 90 quilômetros de Goiânia, e seguem em sua caminhada rumo à Brasília. A marcha entra hoje em seu 9º dia. A chegada à capital federal está prevista para o dia 16. 09/05/2005 - Foto: ED FERREIRA/AGÊNCIA ESTADO/AE

Em busca de capilaridade, a Coordenação de Movimentos Sociais tem buscado fortalecer a união dos movimentos sociais nos diferentes estados brasileiros. A luta por mudanças na política econômica passa por uma agenda de mobilizações que inclui a Marcha da Via Campesina a Brasília. A Campanha contra a ALCA é também uma das principais pautas, impulsionada pelo cenário de enfrentamento ao neoliberalismo aberto no último período na América Latina.

Povos unidos Contra o Neoliberalismo

Linha de frente. CMS planeja organização e calendário de lutas.

Os últimos meses reforçaram a organização da luta dos movimentos sociais brasileiros, tanto nacionalmente quanto em sua atuação internacional. A definição de estratégias começou na plenária da Coordenação de Movimentos Sociais(CMS), em abril, e teve seqüência com o IV Encontro Hemisférico de Luta contra a ALCA, no final do mês passado.

O cenário aberto na América Latina de possibilidade de superação do neoliberalismo, diante dos processos desencadeados em diversos países, são significativos do crescimento da consciência anti-imperialista. Fatos distintos, como a vitória eleitoral no Uruguai, as mobilizações populares do Equador e da Nicarágua e a consolidação do processo da Revolução Bolivariana na Venezuela, demonstram a saída de um período de defensiva e apontam a possibilidade concreta de recomposição da esquerda nos movimentos sociais no Brasil.
Uma convergência central unifica os principais movimentos sociais brasileiros: alterar a conjuntura de continuidade da política econômica do governo Lula, que afeta, fundamentalmente, o povo trabalhador. Na CMS, entidades como a CUT, MST, Marcha Mundial das Mulheres, UNE, CMP dentre outras, se unem em torno da tarefa militante de intensificar as lutas sociais.

Além disso, aumentou o nível de convergência dos movimentos que compõem a CMS sobre a política econômica, seja bela bandeira comum entre MST e MMM pela valorização do salário mínimo, seja pela crítica mais dura da CUT à proposta de autonomia do Banco Central, seja pela luta da UNE e demais entidades da educação contra a mercantilização da Educação. A palavra de ordem do MTD “Queremos comer o superávit primário” pode ilustrar essa con-vergência.

Tarefas e calendário
Assim ocorreu com a grande manifestação do 8 de março, nos atos contra a guerra no dia 19 do mesmo mês e agora com a marcha da Via Campesina a Brasília. Em julho será a vez da Marcha Pela Reforma Urbana, organiza-da pela CMP, MTD, CONAM e demais movimentos de luta por moradia. Em novembro, o movimento GLBT marchará à Brasília pelos direitos civis homessexuais e o movimento negro, no mesmo mês, organizará uma grande Marcha Zumbi +10.

Para alcançar uma capacida-de de convocação para as lutas de massa, a CMS precisa ir além das organizações nacionais já comprometidas com esta construção. Seguindo esta preocupação, foi lançado um chamado de organização para o necessário enraizamento da unificação dos movimentos nos estados e regiões. As orientações para construir estes espaços de maneira democrática, pluralista e fundamentalmente militante, estão expostas a seguir, segundo definido pela plenária nacional:

1) a construção da CMS estadual deve respeitar os princípios acordados nacionalmente: ser um espaço plural, de consensos, sem disputas políticas ou hegemonismos;

2) deve-se convocar todos os movimentos sociais que atuam no estado, respeitando o caráter deste espaço, e excetuando a representação de partidos e ONG´s;

3) existe uma recomendação de reuniões permanentes, que sejam realizadas sempre no mesmo local. A princípio as CUTs estaduais estão oferecendo suas sedes;

4) a recomendação é de reuniões mensais, na primeira semana de cada mês, para que facilite a articulação da comissão nacional (que se reúne na última sexta-feira de cada mês);

5) outra recomendação é que em cada comissão estadual, seja definida uma pessoa para a secretaria executiva, responsável pelos contatos e anotações das reuniões;

6) nos estados, se multiplicam os movimentos sociais de abrangência local. Estes devem ser convocados, pois geralmente ficam de fora das campanhas nacionais por não estarem vinculados a algum movimento nacional.

A tarefa central da CMS é organizar ações de massa em torno das campanhas da Coordenação, mobilizando as bases militantes. No momento atual, a iniciativa central tem sido a coleta de assinaturas para o abaixo assinado pela aprovação do projeto de lei que regulamenta o direito do povo de exercitar o plebiscito popular, os referendos e as consultas populares. Para o segundo semestre, está sendo convocado um grande ato em Brasília para o 22 de setembro, logo após a Assembléia Nacional da Campanha contra a ALCA.

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Em Marcha. Militantes do MST saem de Anápolis, no sexto dia
de caminhada rumo à Brasília

ALCA X ALBA
Representantes brasileiros da campanha, aliás, participaram do IV Encontro Hemisférico de Luta contra a ALCA, realizado em Cuba. O encontro aconteceu no mesmo período da reunião entre os governos de Cuba e Venezuela, que lançou a ALBA – Alternativa Bolivariana para as Américas. A oposição que já se explicita no nome não é à toa; o embate dos Estados Unidos aos dois países é claro. Na visita de Condoleeza Rice ao Brasil, ela fez questão de mencionar criticamente a Venezuela. Na reunião da Comissão de Direitos Humanos da ONU, foi aprovada a moção contra Cuba apresentada pelos norte-americanos, com a abstenção do governo brasileiro.

A ALCA encontra-se num impasse, que se estabeleceu a partir da dificuldade dos países em negociar sob fortes pressões populares. Declarações na imprensa evidenciam que não há acordo nem para o calendário de negociações, mesmo entre Brasil e Estados Unidos, os dois países que coordenam o processo.

A estratégia dos Estados Unidos tem sido investir nos acordos subregionais e bilaterais. A última proposta apresentada por eles foi a de uma Cúpula presidencial, sobre “governabilidade democrática, combate à pobreza e geração de emprego” a ser realizada na Argentina, em novembro.

Como contraponto, a Campanha Continental contra a ALCA promoverá, também na Argentina, na cidade de Mar del Plata, a Cúpula dos Povos. Antes disso, nos meses de maio e ju-nho, a campanha contra a ALCA realizará uma série de assembléias municipais, a fim de discutir o tema do Livre Comércio.

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