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Construir a vitória de Dilma Rousseff

1595429Grupo de Trabalho Nacional da Democracia Socialista

O trágico acidente que vitimou Eduardo Campos e atualizou a candidatura de Marina Silva à presidência da República mudou o panorama eleitoral em três sentidos. Compreender esta mudança é fundamental para encontrar o caminho da vitória possível de Dilma Roussef.

O movimento ascensional de Marina Silva é mais do que fortuito ou eventual e ainda menos do que consolidado ou sedimentado. Apoiando-se na memória de uma votação já muito significativa no pleito presidencial de 2010, inscrevendo-se em tendências eleitorais manifestas também nas disputas eleitorais de 2012 (a busca de alternativas para além da polarização PT/ PSDB), confirmadas em pesquisas anteriores à sua entrada em cena no período recente, elas foram de fato estimuladas pela tragédia e sua cobertura midiática. Por ser altamente dependente de construção carismática, movida a dispositivos simbólicos, ela pode ser vulnerável a mudanças bruscas.

A primeira mudança na cena eleitoral diz respeito à realização de segundo turno. No quadro anterior, a estagnação de Eduardo Campos, as dificuldades de nacionalização de Aécio Neves e uma lenta ascensão de Dilma – por todos os motivos, a ser bem impulsionada pela entrada do horário eleitoral gratuito – tornavam possível uma vitória desta última no primeiro turno. Esta hipótese hoje parece bastante improvável. Torna-se então fundamental as condições nas quais o segundo turno vai se configurar e em qual dinâmica de disputa política.

A segunda grande mudança na cena eleitoral diz respeito à verdadeira catástrofe acometida à candidatura de Aécio Neves. Esta candidatura já enfrentava duas grandes dificuldades: um difícil e combatido processo de nacionalização de sua liderança e uma dificílima disputa em seu Estado de origem. A entrada e ascensão de Marina Silva desorganiza completamente a base potencial de crescimento de Aécio Neves, além de lhe retirar massivamente votos na região Sudeste.

A terceira grande mudança é a que transforma a reeleição de Dilma Rousseff no nosso maior desafio político desde 2002, e para o qual se exige a máxima unidade das forças de esquerda, democráticas e populares. Compreender o novo momento e as formas de enfrentá-lo, ajustar a tática antes voltada para o confronto com a identidade partidária do neoliberalismo, o PSDB, e agora necessariamente confrontando com o liberalismo expresso na candidatura Marina; e fazer tudo isso rapidamente, com unidade e com mobilização.

A vitória possível de Dilma

É decisivo afirmar a possibilidade de vitória da Dilma agora e contra todos os sentimentos impressionistas e desesperados.

Esta possibilidade de vitória deve ser afirmada porque a ascensão de Marina menos incidiu sobre o grande patrimônio de votos de Dilma do que sobre o seu potencial de ascensão. Em setembro, e até o final das eleições, temos um grande tempo nos meios de comunicação, militância nas ruas e um trabalho mais estruturado nas redes do que nas experiências passadas. Temos ainda que apostar na capacidade e na consciência democrática da maioria dos trabalhadores e do povo brasileiro. Tantas vezes esta capacidade e esta consciência já nos foi demonstrada! Contra as paixões desarrazoadas ou farsescas vamos com nossas razões apaixonadas para as ruas, para todos os cantos do país. Vamos construir a partir da consciência popular a narrativa do que já conquistamos e do que falta ainda conquistar através da revolução democrática. Esta consciência democrática, republicana e socialista em formação é o nosso maior trunfo nestes dias decisivos.

Um centro para construir e para desconstruir

Há uma dialética entre reconstruir a imagem de Dilma, desconstruir a candidatura Marina e disputar o futuro, os três desafios que devemos realizar ao mesmo tempo. Mas o centro deve ser a disputa da imaginação de futuro dos brasileiros. É a partir dele que será reconstruída a imagem de Dilma e será desconstruida a candidatura Marina Silva.

Contra as opiniões catastrofistas, estamos procurando construir a imagem que está sendo preparado um novo ciclo de desenvolvimento. Contra as queixas fortes nas áreas da saúde, segurança e transporte público, estamos construindo um novo ciclo de propostas de governo. Contra a imagem da Dilma gestora e mau-humorada, estamos construindo a imagem da mulher “de coração valente”.

Mas ainda não entramos fundo e com centralidade na questão democrática: como responder à legítima insatisfação dos brasileiros com o estado atual de corrupção, carência de representação real e fisiologismo imperantes no sistema político brasileiro?

Avançamos muito nos últimos tempos nesta consciência: o PT já participa de um movimento nacional de massas por um plebiscito pela reforma política, agora unificado com a luta pela democratização dos meios de comunicação. Em várias oportunidades, Lula já manifestou que, contra a acusação forte de corrupção que rouba credibilidade e popularidade ao PT, é preciso afirmar que nunca a corrupção foi tao combatida no país.

Já podemos afirmar e demonstrar – inclusive com o apoio da maioria do STF – que a política no Brasil só diminuirá drasticamente em corrupção e má representação com a proibição das empresas de financiarem os candidatos e corromperem a política. Devemos ser capazes de dizer que os brasileiros têm hoje a informação completamente censurada e distorcida sobre os problemas do país pelos grandes meios de comunicação, que funcionam orientados pelos partidos da oposição neoliberal. Devemos ser capazes de anunciar que construiremos um Brasil sem corrupção sistêmica, a partir dos avanços fundamentais que já conseguimos nesta área.

Este novo Brasil cidadão e muito mais democrático conseguirá tornar universal e de qualidade a oferta dos direitos fundamentais nas áreas de educação , saúde, transporte público e segurança, com metas, diretrizes e orçamentos anunciados.

É este novo Brasil republicano e democrático, capaz de integrar os seus cidadãos em uma economia moderna e criativa, que conseguirá diminuir e regular os poderes dos bancos privados na economia brasileira, reformular as profundas distorções fiscais e fazer uma reforma agrária.

Com base neste discurso, é possível reconstruir a imagem de Dilma e desconstruir Marina. Por que?

A novíssima liderança neoliberal brasileira e sua desconstrução

Desde que Marina deixou o segundo governo Lula e o PT, ela foi construindo um projeto político que, de início, se apresentava como alternativo ao PT e ao PSDB, mas de fato foi se encaminhando para um engajamento cada vez maior em teses e agentes políticos neoliberais. A sua correta identificação é hoje decisiva para ser enfrentada. Nada mais equivocado do que assumir a sua auto-imagem de “terceira via”.

Em seu livro de memória e reportagem, Alfredo Sirkis já documentava que o lançamento da candidatura à presidência de Marina em 2010 havia se estabelecido finalmente no apartamento de Fernando Henrique Cardoso! Isto porque o partido então hospedeiro de Marina – o PV – era presidido por um político fisiológico muito próximo ao PSDB de São Paulo.

Quando houve o segundo turno em 2010 entre Dilma e Serra, Marina optou pela abstenção, separando de modo grave e simbólico a sua identidade ecológica das lutas sociais do povo brasileiro. Ali foi criticada, de modo memorável, pela sagrada ira de Leonardo Boff. Felizmente, a maioria dos seus eleitores no primeiro turno não lhe seguiram a opinião, votando em Dilma.

A inserção de Marina na conjuntura eleitoral de 2014, já após a fracassada constituição da Rede como partido, foi muito além de uma equidistância entre o PSDB e o PT. Sem dúvida, o trabalho de FHC junto a ela foi intenso neste período e de um efeito fundamental: Marina assumiu como coordenadora de seu programa e arrecadadora, uma neta do dono do Banco Itaú, sempre conhecido por se articular intimamente com FHC. Seus conselheiros econômicos principais passaram a ser André Lara Resende e Eduardo Giannetti, do time de liberais de carteirinha de FHC. Walter Feldman, da tradição do PSDB de São Paulo, passou a ser, junto com o vice de Alckmin, coordenadores de sua campanha.

Além disso, a linguagem da candidata – seus temas principais, seus argumentos, até mesmo a sua tonalidade agressiva em relação ao governo Dilma e ao PT – são profundamente assemelhados, quando não simplesmente copiados, dos formulados por FHC.  Até o único elogio a Lula, no quadro de um elogio histórico à função histórica dos governos FHC, tem o selo de origem no PSDB. E, no principal colégio eleitoral do país, seu vice faz campanha pelo candidato… do PSDB.

Não há dúvida: Marina é hoje a protagonista de uma nova grande farsa transformista da tradição política brasileira. A “nova política” de Marina é a nova cara da velha política neoliberal que os brasileiros querem ver definitivamente colocada no passado. E os brasileiros têm o direito e é nosso dever informar isso didaticamente a eles nestas eleições. Tudo isto pode ser demonstrado com fatos, imagens, argumentos razoáveis.

Vamos ver se, em outubro, os brasileiros vão eleger a candidata agora criada, agenciada e dirigida por FHC e pelos grandes banqueiros!


Grupo de Trabalho Nacional da Democracia Socialista

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