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De volta ao Rio como candidato, Lula ressalta apoio a Vladimir

Publicado originalmente no site da Agência Carta Maior. Se preferir, clique aqui e acesse a matéria no seu local original

Lula subiu pela primeira vez no palanque ao lado do candidato do PT ao governo do Rio, Vladimir Palmeira, a quem deu diversas demonstrações de apoio. Apesar disso, o presidente/candidato também participou do comício de Marcelo Crivella (PRB), adversário de Vladimir, que também apóia sua reeleição.

Maurício Thuswohl – Carta Maior

RIO DE JANEIRO – A volta de Luiz Inácio Lula da Silva ao Rio de Janeiro, na condição de candidato, quatro anos depois da última campanha eleitoral, serviu como uma injeção de ânimo para o PT no estado. Na primeira aparição pública ao lado do candidato petista ao governo do Rio, Vladimir Palmeira, Lula participou, no início da noite de sexta-feira (11), de um comício que reuniu cerca de três mil pessoas na estação das barcas de Niterói, cidade administrada pelo PT. Além de listar “todas as coisas que o governo federal fez pelo Rio” nesses últimos três anos e meio, Lula, visivelmente confortável no papel de candidato, desafiou PSDB e PFL, falou de suas origens e do que espera para quando deixar a Presidência e exortou os petistas e simpatizantes a defenderem o governo das acusações de corrupção.

O comício serviu também para que Lula e a direção nacional do PT prestigiassem Vladimir Palmeira. O candidato petista ao governo estadual, que ainda espera decolar nas pesquisas de intenção de voto, sofre com as seguidas insinuações publicadas na grande imprensa de que o candidato preferencial de Lula seria o senador Marcelo Crivella (PRB), que também o apóia e aparece em segundo lugar nas pesquisas. Mesmo tendo seguido diretamente do comício do PT em Niterói para um outro, realizado na Cinelândia, onde pediu votos também para Crivella, Lula deixou transparecer em diversos momentos, inclusive no comício do PRB, sua preferência por Vladimir.

Em Niterói, após garantir que “se dependesse de mim, todo mundo sabe, não haveria reeleição”, Lula afirmou que luta por um segundo mandato porque começou uma obra que “precisa ser terminada”. Em seguida, pediu votos para Vladimir e, sem citar Crivella ou qualquer outro nome, fez alusão aos seus aliados ocasionais para distinguir o candidato petista ao governo do Rio: “Esses companheiros de curto prazo, nós queremos respeitá-los. Mas, nós queremos construir o projeto desse país com gente que tem consciência política, com gente que já tem uma caminhada política”, disse. Mais tarde, após citar a construção do pólo petroquímico de Itaboraí, Lula disse que, se ele tiver um segundo mandato, o governo federal vai trazer novos investimentos ao Rio: “E vamos fazer muito mais ainda com o Vladimir, se o povo escolher o Vladimir”, disse.

O próprio Vladimir, que falou antes de Lula, não perdeu a oportunidade de se apresentar como filho legítimo da candidatura nacional petista: “De vez em quando alguém vem me dizer: ‘ô Vladimir, o Lula apóia outro’. Eu sempre respondo que é a mim que o Lula apóia, que o Lula é do meu partido. Digo que eu sou do PT e tenho muito orgulho de ser do PT”, afirmou, para em seguida receber aplausos de Lula e de outros membros da direção nacional petista presentes ao palanque, como Marco Aurélio Garcia, coordenador da campanha presidencial, e Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, além dos ministros Waldyr Pires (Defesa) e Nilcéia Freire (Secretaria de Mulheres) e do vice-presidente José Alencar, que é do PRB de Marcelo Crivella.

Ao lado da ex-governadora Benedita da Silva, que coordena a campanha de Lula no Rio de Janeiro e foi uma das articuladoras da participação do presidente/candidato no comício de Crivella, Vladimir garantiu não se incomodar em dividir o apoio: “Apóio integralmente que o Lula tenha dois palanques no Rio. Estão dizendo agora que o Cabralzinho (Sérgio Cabral Filho, candidato do PMDB ao governo) quer vir também. Quero mais é que venha! A reeleição do Lula é o mais importante, eu queria que ele tivesse onze palanques aqui no Rio”, disse, momentos antes de afirmar que Lula “é o maior presidente do Brasil desde Getúlio Vargas”.

Horas mais tarde, no comício de Crivella _ que reuniu, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 15 mil pessoas no Centro do Rio _, Lula voltou a afagar Vladimir. Após enaltecer as qualidades do candidato do PRB, o presidente pediu ao povo “que não me venha votar em outro”, mas fez uma ressalva: “Se falarem ‘vou votar no Vladimir’, aí tudo bem. Mas, se falarem que vão votar nos outros, aí não”, disse, diante de um constrangido Crivella. Talvez para compensar, Lula carregou nas tintas ao pedir votos para o aliado, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Depois de afirmar que Deus abençoou o Rio de Janeiro tornando a cidade “a mais bonita do mundo”, ele fez uma sugestão à multidão: “Para o Rio compensar a genialidade de Deus, é preciso escolher alguém que tenha compromisso com Deus”, disse, apontando para Crivella. O público, composto em sua maioria por fiéis levados em caravana, foi ao delírio.

“NÃO ESQUECI O RIO”

Mas foi mesmo em Niterói que Lula mais falou como candidato. Depois de afirmar que “o Rio de Janeiro é um estado que muita gente gosta de dizer que eu esqueci”, ele passou a enumerar as “coisas que o governo federal fez pelo Rio nesses 36 meses”. Falou das 422 mil famílias fluminenses que são atendidas pelo Bolsa-Família e “dos 13.239 estudantes desse estado que ingressaram no ensino superior graças ao Pró-UNI”. A lista de Lula continuou: citou o programa Luz para Todos, que “atende a 46 mil famílias da zona rural” e afirmou que seu governo “já investiu R$ 932 milhões para o povo pobre do Rio de Janeiro”.

O presidente/candidato também citou o Pólo Petroquímico de Itaboraí: “Quando começar a funcionar, no ano que vem, o pólo petroquímico vai mudar a cara do Rio de Janeiro. Serão gerados 200 mil empregos diretos e indiretos”, disse. Lula prometeu que a indústria naval será o próximo fator de expansão da economia fluminense a ser incentivado pelo governo num eventual segundo mandato: “O governo federal ajuda a reconstruir a indústria naval no Rio de Janeiro. Nós vamos reconstruir nossa marinha mercante e contamos com o Rio para isso. Já encomendamos 13 navios e outros virão. Esse estado vai voltar a ser produtivo”, disse.

Lula afirmou que a oposição, capitaneada por PFL e PSDB, vai “fazer de tudo para prejudicar o Lula”, além de “vir com a historinha da ética”. Ele pediu reação à militância petista: “Temos que ter humildade para reconhecer nossos erros, mas não podemos baixar a cabeça quando vierem nos falar de corrupção. Muita coisa que está sendo descoberta vinha de antes, em nenhum outro governo se investigou tanto nesse país. Nós temos que ter orgulho, porque somos nós que estamos levantando o tapete e varrendo a sujeira. Eles escondiam a sujeira no lado do sofá”, disse.

“VOU MORAR EM SÃO BERNARDO”

Lula também afirmou no comício que, ao contrário do que muitos imaginam, não vai trair seus ideais: “Eu sei de onde vim e sei para onde vou. Não perco o compromisso com minhas origens”, disse, antes de alfinetar o antecessor, Fernando Henrique Cardoso: “Qualquer outro presidente, quando terminar o mandato, vai escrever livro e morar em Paris. Eu, não. Eu, quando sair da Presidência, vou morar em São Bernardo do Campo, a 500 metros do sindicato onde comecei minha militância”, disse.

Vladimir Palmeira, em seu discurso, priorizou a segurança pública e prometeu “acabar com essa história da Polícia Militar entrar atirando em bairro pobre”. Ele também falou de política nacional, disse que “existe um mar de lama no Brasil” e citou a Máfia dos Sanguessugas: “Dizem que existem pelo menos outras quatro quadrilhas como aquela. Temos, talvez, uns 200 parlamentares envolvidos. A direita faz o velho discurso raivoso da punição, mas o que temos de punir é o sistema político brasileiro, que está apodrecido”, disse Vladimir, que também defendeu a convocação de uma miniconstituinte para cuidar da reforma política.

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