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Eleições podem reorganizar espectro político

Estratégia nacional dos partidos depende de resultados em outubro.

Militantes do PT comemoram vitoria de Lula - Fortaleza, CE, 27.10.2002 - Foto: Jaarbas Oliveira/Folha Imagem

As eleições de outubro podem significar um rearranjo no cenário da esquerda e da direita no país. Dependendo dos resultados, pode haver o fortalecimento de um campo político à esquerda. Enquanto o PT luta para dar continuidade às administrações populares em diversas capitais e ampliar a presença nos municípios pequenos e médios, PSDB e PFL são os partidos que lideram a direita nas eleições.

Esquerda e direita nas disputas desta eleição

Presença popular. PT busca consolidar-se nos grandes centros e ampliar nas cidades pequenas.

As eleições municipais deste ano são o principal momento da disputa política no país. Para o PT e os partidos de esquerda, a vitória eleitoral pode significar um deslocamento à esquerda na conjuntura brasileira, pois reforça o peso dos partidos de esquerda na disputa política.

A evidência do resultado eleitoral se dará principalmente pelo resultado nas capitais e em outros grandes centros urbanos. É exatamente aí que a luta do PT é para dar continuidade às administrações populares. Atualmente o partido governa Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia, Aracaju, Recife, Belém, Macapá.

O PT está também à frente de outros centros urbanos importantes, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul (Caxias do Sul, Santa Maria, Pelotas, Bagé, Gravataí); São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto, Guarulhos, Santo André, Diadema, Piracicaba, Araraquara, Franca, São Carlos). No Paraná, o PT vai para a reeleição em Maringá, Londrina e Ponta Grossa e disputa com muitas chances a capital, Curitiba, com o apoio do PMDB do governador Requião.

Esta é uma amostra de posições conquistadas pelo PT em 2000 e que serão defendidas nestas eleições. Outro objetivo eleitoral é ampliar a presença do partido em todo o território nacional, vencendo em inúmeros pequenos e médios municípios.

Do outro lado

O campo político adversário é capitaneado pelo PSDB/PFL. Não só pelo simbolismo da disputa com José Serra em São Paulo, mas também pela disputa acirrada nas capitais de estados governados pelo PSDB, como Belém do Pará, Belo Horizonte em Minas Gerais, e novamente o caso de São Paulo. A vitória do PT especialmente na capital paulista terá uma conseqüência política no plano nacional. A conseqüente derrota do PSDB enfraquece o seu núcleo paulista e sua capacidade de aglutinação nacional.

Em Recife, a disputa é com o candidato do PMDB, apoiado pelo governador. O PFL faz da reeleição de seus candidatos no Rio de Janeiro e em Salvador o palco para a sua presença nacional. Nestas duas cidades, a campanha do PT encontra dificuldades.

O PT também enfrenta dificuldades em Fortaleza. Lá, em aliança com o PSB, disputa uma parte do eleitorado identificado com a esquerda com o PC do B, líder nas pesquisas de intenção de voto. Ao mesmo tempo, há uma disputa central contra a direita, expressa nas candidaturas do PFL e do PSDB.

Em Porto Alegre, os adversários apresentaram várias candidaturas, repetindo a estratégia de eleições passadas. Concorrem entre si para ver quem disputa com o PT no segundo turno. Em Belém, o Senador Duciomar Costa, do PTB, apoiado pelo Governador Simão Jatene do PSDB, tenta vencer o PT pela segunda vez. Em 2000, o resultado do 2° turno deu uma vitória apertada para o PT. Agora ele disputa contra a candidata Ana Julia, que quer o terceiro mandato petista na capital.

A Revista Isto é de 25 de agosto publica uma série de denúncias de corrupção envolvendo Duciomar Costa. Demonstra, de forma muito bem fundamentada, um esquema de liberação de verbas estaduais para a construção de estradas que todavia não existem. Espera-se que o eleitorado o repudie nas urnas.

Militantes do PT comemoram vitoria de Lula - Fortaleza, CE, 27.10.2002 - Foto: Jaarbas Oliveira/Folha Imagem

PT em alta

Imediatamente antes do horário eleitoral na TV e no rádio, que se iniciou no dia 17 de agosto, várias pesquisas de intenção de voto apontavam para o crescimento do PT em vá-rias cidades. Inclusive naquelas em que um olhar pessimista parecia se firmar.

Há acordo que as eleições se decidem no plano municipal. A razão do crescimento pode estar só na expansão das campanhas e na exposição das candidaturas através dos mecanismos próprios de propaganda antes da TV. Ocupação em larga escala dos espaços públicos com outdoor, cartazes e outros materiais impressos, como as faixas plásticas nos postes de iluminação certamente influenciam o eleitorado.

Entretanto, quando o fenômeno é muito generalizado não podemos deixar de mencionar que ele se dá no mesmo período que os índices de aprovação do governo Lula param de cair e começam a melhorar. Foram tantas as esperanças despertadas com a vitória de Lula, que aos primeiros sinais de recuperação nos índices de emprego, parte importante do eleitorado se afasta do ceticismo e volta a acreditar nas mudanças.

Mesmo com índices modestos de crescimento econômico, de investimentos e de geração de empregos, a apreensão deste ambiente positivo por grande parte do eleitorado é de valorizá-lo ainda mais. É neste cenário que as eleições de 2004 são disputadas. A oposição ficou sem um discurso coerente para nacionalizar e plebiscitar o governo federal. Os discursos oposicionistas aparecem fragmentados.

 

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