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Emoção marca a despedida do grande lutador pela posse da terra

Adão Pretto teve uma despedida a altura da sua luta pela posse da terra. Respeitado no meio político e junto aos movimentos sociais, o deputado foi homenageado com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até mesmo por adversários políticos. A governadora Yeda Crusius decretou luto oficial de três dias no Estado do Rio Grande do Sul pela sua morte. O afeto dos companheiros, dos amigos, dos familiares e de políticos marcou os últimos momentos de vida, o velório e o enterro do homem que empenhou a vida em defesa dos oprimidos.

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Por Stella Máris Valenzuela e Luciane Fagundes (PTSul.com.br)

Aos 63 anos, Adão Pretto morreu de panqueatrite às 7h45min de quinta-feira (5) e foi velado no salão Júlio de Castilhos da Assembléia Legislativa. Por volta das 9h desta sexta-feira (6), o corpo, num carro de bombeiros, e o cortejo fúnebre seguiram até o Cemitério Jardim da Paz, onde ele foi enterrado às 12h05. Adão Pretto deixou nove filhos, nove netos e um bisneto.

A palavra do presidente
Ao recordar os 30 anos de amizade com Adão Pretto, o presidente Lula comparou o ser humano a uma árvore frutífera. “E esta árvore que é o Adão vai gerar uma floresta. A gente renasce através dos filhos, dos netos e dos bisnetos. Se tem alguém que pode andar de cabeça erguida é a família de Adão Pretto. Valeu a pena Deus ter te colocado no mundo. Você é símbolo dos sem-terra e da dignidade humana”, frisou o presidente. Ao chegar ao cemitério, Lula abraçou os familiares do deputado e a seguir se deslocou até o caixão. Antes do meio-dia, retornou a Brasília.

Em seu pronunciamento, o presidente do PT/RS, Olívio Dutra, contou uma das últimas tiradas bem-humoradas de Adão Pretto. O fato ocorreu durante a posse de assentados na Fazenda Southal. Dirigindo-se aos colonos, o petista disse: “vocês estão dando um sapataço no latifúndio. Só que vocês acertaram”. A frase foi uma referência ao jornalista iraquiano que atirou um sapato no ex-presidente dos EUA, George Bush.

Segundo o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Ivar Pavan, o perfil de lutador social de Adão Pretto é difícil de substituir pela convicção, pela dedicação, pela coragem, pela persistência e pela compreensão de que a luta e a vitória dependem da organização dos militantes. Já o líder da bancada do PT no Parlamento Estadual, deputado Elvino Bohn Gass, acrescentou: “que ele continue lançando muitas sapatadas contra o latifúndio e contra as injustiças sociais”.

Os filhos Edgar Pretto e Luizinho relataram situações do convívio íntimo com o pai. Edgar lembrou que, a data da cerimônia de posse dos assentados na Fazenda Southal, dia 18 de dezembro, coincidiu com o aniversário de Adão Pretto. “Ele nos disse que aquele tinha sido o maior presente recebido durante toda a sua vida”. Edgar pediu ao presidente Lula para manter programas de combate à fome e ações que orgulhem o povo brasileiro.

Amigos
A palavra também foi aberta para homenagens de amigos e companheiros de Pretto. Fundador do MST junto com o deputado, Darci Máschio lembrou do trabalho de ambos na construção dos núcleos iniciais do movimento. Já o ex-deputado Antônio Marangon, que concorreu em dobradinha com Pretto – o primeiro para estadual e o segundo para federal – afirmou que ele “realmente viveu o sonho de construir uma nova sociedade”. Dom Tomaz Balduino disse que ao invés da governadora decretar luto oficial deveria suspender a repressão aos movimentos populares.

Multidão
Uma multidão foi ao Cemitério Jardim da Paz para acompanhar o último adeus. Em agradecimento ao deputado, camponeses da Pastoral da Juventude, da Pastoral da Terra, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da Via Campesina carregaram milho, feijão, bandeiras e foices, simbolizando os direitos dos trabalhadores do campo e da cidade e criticando o latifúndio.

O corpo foi encomendado por religiosos, liderados pelo Frei Orestes, que trabalha com o deputado Dionilso Marcon (PT). Amigos e companheiros se despediram de Adão Pretto ao som da música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré. As últimas palavras foram proferidas por João Stedile, da direção nacional do MST, pouco antes de companheiros e amigos pulverizarem terra do assentamento Sepé Tiaraju no caixão de Adão Pretto.

Presenças ilustres
Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Márcio Fortes (Cidades), Tarso Genro (Justiça), José Múcio (Relações Internacionais), Altemir Gregolin (Pesca) Paulo Vanucci (Direitos Humanos), deputados federais e estaduais de diversos partidos, os senadores Paulo Paim e Aloísio Mercadante, o ex-ministro Miguel Rossetto, representantes dos movimentos sociais, amigos, companheiros, integrantes do MST, prefeitos, músicos e religiosos, acompanharam a cerimônia.

Eleitos com Adão Pretto para a primeira bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembléia, o vice-prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti, o deputado Raul Pont e o assessor da presidência da República, Selvino Heck, também estiveram no local.

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