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FPA traz Michael Löwy a São Paulo para debate sobre marxismo na AL

Em debate, estará o quadro político na América Latina e o papel das esquerdas no atual momento político.

Os livros e artigos de Michael Löwy publicados no Brasil o tornaram conhecido como um dos maiores estudiosos do marxismo. Esta antologia é a versão atualizada de uma obra publicada em 1980, em que o autor desenvolve um estudo amplo do pensamento marxista na América Latina, desde a primeira década do século XX.

A coletânea de textos é precedida por uma introdução, cujo mérito é dar uma visão estruturada do campo complexo formado pelas diferentes tendências e vertentes do pensamento marxista latino-americano. Tomando como fio condutor da análise a problemática da natureza da revolução no continente, Löwy mostra que a partir deste eixo nascem duas posições básicas no interior das quais se situam essas várias correntes.

Segundo a filósofia Isabel Loureiro, da UNESP, a primeira dessas posições, de viés eurocentrista, cujo ápice se deu no período de hegemonia stalinista, via na América Latina uma formação social de caráter feudal que só podia eliminar o atraso histórico por meio de uma revolução nacional-democrática (ou antiimperialista ou antifeudal) das forças populares em aliança com a burguesia nacional “progressista”, tendo como objetivo a industrialização. Ao transplantar mecanicamente o modelo europeu de revolução democrático-burguesa para os tópicos, não houve a bem dizer nenhum equívoco que não tivesse sido cometido por essa corrente hegemônica no interior do marxismo, representada pelos partidos comunistas submetidos às diretrizes da Internacional Comunista e os ziguezagues da política externa soviética. Independentemente da coragem e abnegação de seus membros, Michael Löwy mostra como os Partidos Comunistas, em virtude da orientação política básica do movimento comunista oficial, tiveram dificuldade em desempenhar um verdadeiro papel revolucionário na América Latina.

A outra posição, dialético-concreta, negava que as sociedades latino-americanas tivessem sido apenas traduções locais do feudalismo europeu, mostrando, ao contrário, que desde as origens elas combinavam de maneira peculiar uma dimensão especificamente capitalista com formas pré-capitalistas de produção. A conseqüência prática era a crítica da teoria da revolução por etapas e a conclusão de que “a revolução na América Latina será socialista ou não será”.

Essa distinção teórica serve de fio condutor para os cinco capítulos da antologia – uma coletânea de textos de autores significativos e de documentos de organizações políticas marxistas. O último capítulo, intitulado “Novas tendências”, é um acréscimo que atualiza a primeira edição, com o objetivo de descrever a presente situação da esquerda (marxista e não marxista) no continente. São publicados textos de autores ligados à teologia da libertação, documentos do Partido dos Trabalhadores, do Movimento dos Sem Terra no Brasil, dos zapatistas no México, além de autores como o brasileiro Emir Sader e o cubano Fernando Martinez Heredia que, cada um à sua maneira, questionam a atual fase de acumulação do capital a partir de um horizonte socialista democrático.

Na opinião de Loureiro, esta antologia é não só um instrumento de trabalho para os estudiosos do assunto como também a prova viva da “permanência da utopia revolucionária de inspiração marxista na América Latina, que torna pelo menos prematuras as tentativas de declarar como terminado o grande capítulo histórico aberto com a Revolução Cubana”.

Fonte: Portal do PT

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