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Lula e o futuro do PT | Jeferson Miola

Lula é peça-chave para o futuro do PT – do mesmo modo que foi essencial ao longo dos 37 anos de existência do Partido. Lula é presidente de honra do PT, homenagem máxima de reconhecimento a este líder raro, singular e decisivo da trajetória vitoriosa do Partido nos anos passados, e que é a principal esperança para a recuperação do PT no futuro.

Lula é maior que os agrupamentos internos do PT. É um mito vivo que transcende à pessoa física do Luiz Inácio e que anima o imaginário do povo brasileiro por uma nação digna, soberana e justa. O futuro do PT e do próprio Lula, assim como os destinos do país, estão sendo jogados neste momento. É impossível dissociar o personagem Lula do futuro do PT e do Brasil – o PT e o Brasil precisam do Lula.

A proposta da maioria dirigente do PT, a CNB, de colocar Lula na presidência do Partido, é uma jogada de soma negativa, com tripla perda política: é injusta e ruim para o próprio Lula, e péssima para o PT e para a tarefa urgente de reconstrução democrática, social e econômica do Brasil.

A despeito do massacre midiático-fascista desferido contra o Lula por mais de década, o povo reconhece nele o líder popular com capacidade de recuperar a confiança do Brasil diante da terrível devastação causada pelo golpe que está em andamento.

A presidência do PT, nesta circunstância histórica, comprometeria aquela que deveria ser a dedicação prioritária do Lula no período: a candidatura à presidência do Brasil. O PT, paradoxalmente, perderia muito sendo presidido pelo Lula, porque ele seria, ainda que involuntariamente, fator de bloqueio da disputa para a definição de uma nova e necessária hegemonia partidária.

Se no seu Congresso o PT não realizar mudanças de imagem, funcionamento, programa e direção, transmitirá uma mensagem decepcionante não somente para sua militância e seus filiados, como também para seus aliados, simpatizantes e amigos progressistas e de esquerda. Existe uma enorme potência militante, dedicada de corpo e alma à resistência democrática e ao combate ao golpe, que receberia com desalento e frustração qualquer sinal de acomodação do PT.

A atual maioria dirigente cumpriu seu ciclo, já não consegue oferecer as agendas e estratégias para enfrentar a realidade, e deveria aceitar, com naturalidade democrática e sem artificialismos, o processo autêntico de escolha de uma nova direção para o PT.

A CNB perdeu hegemonia política, apenas mantém o controle da máquina partidária, e não se comunica com um sentimento radicalizado das bases do PT, que anseia mudanças profundas no Partido e que por isso engrossa, cada vez mais, a candidatura do senador Lindbergh Farias para a presidência do Partido.
Seria um erro qualquer tendência do PT instrumentalizar a figura do Lula para projetos particulares de poder ou para manter o controle do aparelho partidário.

Este momento complexo cobra do PT respostas e atitudes diferentes. O PT tem de mudar profundamente, para Lula voltar a mudar o Brasil.

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