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Lula na solitária, a gente na solidária | Lúcio da Costa

Nos anos oitenta do século 20, o levaram ao cárcere da polícia política da ditadura, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), por atentar contra a “segurança nacional”. A greve era ilegal, o arrocho salarial não.

Passados os anos e eleito presidente, tentaram apeá-lo da presidência da República para que se mantivesse intocado o manto paleoliberal com o qual os governos de FHC haviam coberto o País. Um metalúrgico a governar para os humildes era insuportável.

Depois, o impediram – graças ao pretexto de uma escuta ilegal dele e da presidenta Dilma vazada por Moro – de ser nomeado para compor o ministério da sitiada presidente Dilma, pois sua presença no governo poria em risco a trama do golpe. Poderia ter feito muito custoso ou impossível o golpe de abril de 2016.

Vasculharam, esmiuçaram, reviram sua vida pessoal e pública e, como nada encontraram, desfecharam por meio dos jornais, das rádios e televisões dos barões burgueses da mídia repetidos ataques sórdidos a sua pessoa, a falecida Dona Marisa Letícia e a seus filhos e filhas. Era preciso arrastar seu nome na lama na qual eles próprios chafurdam.

De mãos dadas ao cerco e ao linchamento moral, montaram a farsa judicial da dita Lava Jato para arrastá-lo aos tribunais. No princípio, ensaiaram sua prisão ao invadir sua residência e tentaram levá-lo preso a Curitiba. Depois, o condenaram a despeito da ausência de provas que o incriminassem.

Após apresentar-se para cumprir a injusta pena, os serviçais do golpe, juízes e agentes com coletes do Dops destes dias, dando continuidade a décadas de tentativas de impedir que Lula fale com seu povo, não permitem que o ex-presidente conviva com outros detentos. Proibiram as visitas de Esquivel, Boff, Dilma, de governadores, da Comissão Externa da Câmara Federal.

Não bastasse tudo isso, agora a juíza feita em carcereira a qual, aliás, segundo consta e não é desmentido, é de tradicional família de políticos tucanos paranaenses, impediu que Wadih Damous, ex-presidente da OAB/RJ, atue como advogado de Lula. Assim, quanto mais se desnuda a farsa judicial de Moro e do MP curitiboca mais isolam o ex-presidente. Lula está na solitária.

A prisão e a solitária em que o colocaram são mais um capítulo das décadas de esforço das oligarquias burguesas por calar sua voz, por impedir que o mestre-sala deste povo siga a pontear o desfile do bloco da esperança de uma vida melhor.

Lula na solitária é o símbolo do lugar em pretendem por os humildes: o povo há de estar sob correntes e, os que se levantem, atrás das grades.

Largos setores da magistratura e do ministério público, com gentes da estatura intelectual de Moro, Bredas e Deltan Dallagnoll, puseram a torcer o direito em favor da construção da ditadura liberal.

Ante o desvirtuamento da lei não basta com exigir que se cumpram com as normas que garantem direito de convívio, a visitas e a livremente escolher a advogados. Há de se redobrar a denúncia do golpe e, calcado aí, reivindicar a justiça!

Daí porque a resistência ao golpe, a luta pela liberdade de Lula se fará forte, firme e vitoriosa se feita junto ao povo trabalhador. Para além de debates travados em salas fechadas ou, nos autos de processos judiciais nas vilas e comunidades, nos locais de trabalho e escolas, há de se escutar e recolher a voz dos humildes.

Devemos costurar uma teia de ações e gestos pelos quais a resistência permita que a voz dos silenciados chegue solidária, por cartas, vídeos, abaixo-assinados, ao ex-presidente Lula. Na mesma toada, há de se fazer a campanha pelo Nobel da Paz para Lula.

Enfim, o segredo, velho como nossos sonhos, continua a ser dar voz aos sem voz, transformar essas vozes em movimento e desafio a ordem, pois afinal “a emancipação dos trabalhadores (as) será obra dos próprios trabalhadores (as)”.

Nesta caminhada resistente e solidária, há de ser manter a candidatura, pois #LulaLivre Presidente é o fato maldito do país burguês, é o real desafio a desigualdade e a ordem colonial escravista que sobrevive até nossos dias. Isso o sabem as oligarquias burguesas e o povo pobre!

Não tem arrego! #LulaLivre

Lúcio da Costa é advogado e militante do Partido dos Trabalhadores (PT)

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