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Mulheres negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver | Geyse Silva, Ana Carolina Dartora, Moara Saboia, Márcia Fernandes e e Dandara Tonantzin

Como nos disse Lélia Gonzalez “nossos passos vêm de longe”, por isso lembramos das lutas de mulheres como Dandara dos Palmares e Tereza de Benguela, exemplos da resistência quilombola contra a exploração colonial. Eunice Cunha, na busca pelo letramento da população negra pós-abolição, e Benedita da Silva, na representação política na constituinte, para mostrar como nossa história coletiva se deu em meio a muitos enfrentamentos.

Em 1988, vivíamos um processo de redemocratização política no Brasil e as mulheres negras se reuniram em Valença, no Rio de Janeiro, para fazer apontamentos. Naquele momento a perspectiva era denunciar a falácia da democracia racial, conquistar direitos e reafirmar participação política.

Trinta anos se passaram e mesmo durante os governos democráticos e populares (2003 a 2016) não conseguimos superar o racismo institucional, mas tivemos avanços importantes como o plano nacional de saúde da população negra, os direitos trabalhistas das domésticas, acesso da juventude negra às universidades pelas cotas, pelo ProUni e FIES. Contudo, nos tornamos o 3° país com a maior população carcerária, vivenciamos o aumento do feminicídio negro e o extermínio da nossa juventude, pautas denunciadas na Marcha das Mulheres Negras, em 2015, com mais de 50 mil ativistas, em Brasília (DF).

No Fórum Social Mundial, no início deste ano, em Salvador (BA), nós mulheres negras decidimos realizar o Encontro Nacional de Mulheres Negras (ENMN) 30 anos, que aconteceu neste último final de semana (6 a 9/12), em Goiânia. O encontro reuniu mulheres quilombolas, mulheres de santo e de diversas religiões, mulheres do campo e da cidade, mães, estudantes e professoras, trabalhadoras, sindicalistas e desempregadas, escritoras e intelectuais, bi, lésbicas e transexuais, independentes e partidárias, entre outras, mostrando que somos diversas, mas não estamos dispersas. A decisão de fazer um encontro pós-eleição, que contou com a participação de mais de mil mulheres, mostra a força e organização das mulheres negras que é um dos setores mais dispostos na construção da resistência democrática.

Geyse Anne da Silva (CE), Ana Carolina Dartora (PR), Moara Correa Saboia (MG), Márcia Fernandes (RS) e Rossana Reis (TO), militantes da Democracia Socialista – PT.

Hoje os nossos desafios são maiores, além de (re)existir a tudo isso, vamos precisar enfrentar o governo com características fascistas que ameaça ainda mais a nossa sobrevivência.

É com a força e inspiração das mais velhas e das mais novas que seguiremos na resistência, pois somos herdeiras de guerreiras e rainhas, e quanto mais a gente luta, mais a gente vence. Não baixamos a guarda, muito menos a cabeça, sabemos que movemos as estruturas quando nos movimentamos e queremos respeito a cada movimento.

“Saudações a quem tem coragem” como Sueli Carneiro nos lembrou.

Geyse Anne da Silva (CE), Ana Carolina Dartora (PR), Moara Correa Saboia (MG), Márcia Fernandes (RS) e Dandara (MG), militantes da Democracia Socialista – PT

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