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O Brasil não é mais o país do futebol

O poder permanente de derrubar governosPor Beto Bastos

Com o resultado dos jogos pan-americanos de Guadalajara no México, o Brasil se consolida, junto com Cuba, como força esportiva das Américas, desbancando o Canadá. Após o pan do Rio de Janeiro, cujo resultado deve ser relativizado por ter sido no Brasil, as conquistas da delegação brasileira são inquestionáveis. Foi disparado o melhor resultado em jogos fora do Brasil, com crescimento significativo em medalhas de ouro.

Esse expressivo resultado não vem por acaso. As políticas públicas direcionadas ao esporte na era Lula, contribuíram para esse desempenho. Aproximadamente 40% da delegação era beneficiada pelo bolsa-atleta e várias equipes patrocinadas por empresas à partir de lei de incentivo. E não foram somente os esportes de ponta que receberam patrocínio. A Petrobrás, por exemplo, patrocinou esportes de menor visibilidade para a mídia: boxe, esgrima, remo, taekwando e levantamento de peso. Outro avanço importante, foram os investimentos na criação de centros de treinamento, que começam a se espalhar por todo o país.

Desde a década de 70, o Brasil variava da 4ª à 6ª colocação no quadro de medalhas. É a partir do pan do Rio que se consolida como a 3ª maior força esportiva, praticamente encostado em Cuba. Pela proporção do crescimento em medalhas de ouro, quase que dobrando em relação às conquistas até o final da década de noventa, evidencia-se uma política direcionada aos esportes e não a um crescimento natural. Política essa com reflexo em todas as modalidades. O Brasil nesse pan conquistou medalhas em 35 modalidades distintas.

Destaca-se no último período a queda de rendimento da maior potência mundial, os Estados Unidos. Até o final da década de 60, a delegação americana era responsável pela grande maioria das medalhas. Chegou a ter 70% das medalhas de ouro em 1963. Esse percentual caiu muito nos anos seguintes em função dos resultados de Cuba: o impacto da revolução cubana na área esportiva começou a aparecer na década de 70.  Já, nesse pan do México, as conquistas dos Estados Unidos não chegaram a ser o dobro somente se comparadas as medalhas brasileiras, tanto no ouro como no total de medalhas. Numa comparação direta entre Estados Unidos e Brasil no quadro geral de medalhas, o resultado é 62% a 38%.

Na verdade, a queda de rendimento dos americanos, está relacionada a um maior investimento na área esportiva em outros países. Um maior número de países participa dos jogos. De 21 países participantes da 1ª versão na Argentina em 1951, passamos a ter 42 países representados. Junto a isso um melhor desempenho de países da América do Sul como Colômbia, Venezuela e Equador nos jogos. Sendo que nesse pan, a Colômbia, obteve um resultado melhor que o da Argentina, e, a Venezuela, ficou bem próxima a esse país no total de medalhas. Reforçando esse dado em números: a Colômbia, Argentina, Venezuela e Equador, conquistaram juntas 255 medalhas, frente a 236 dos Estados Unidos. Há alguns anos isso era inimaginável.

Com esses dados, podemos concluir que o Brasil caminha para ser uma potência olímpica? Não. A negativa não tem relação com o potencial brasileiro. Mas ao compararmos o resultado brasileiro com o cubano, um país com uma população de 12 milhões de pessoas, 17 vezes menor que o nosso, veremos que ainda falta uma política esportiva vinculada diretamente ao ensino no país. Se hoje são inquestionáveis as marcas dos atletas brasileiros e um reconhecimento no apoio de políticas públicas para esses atletas diferenciados, percebemos que o percentual de crescimento no total de medalhas conquistadas é bem inferior ao crescimento na conquista de medalhas de ouro.  Isso reflete que há investimento para um melhor desempenho na marca, mas não na prática esportiva. Estamos crescendo em “melhores” atletas e não em “mais” atletas. Essa é a diferença com Cuba. Lá o neném já nasce socando!

Curiosidades do Pan:

– O pan de 2011 foi o 1º com investimentos ininterruptos por 4 anos de leis de incentivos no Brasil.

– As modalidades onde o Brasil conquistou o maior número de medalhas, sem computar as medalhas desse pan de 2011, foram: Atletismo (137), Natação (136), Judô (98), Vela (64), Boxe (52) e Remo (40).

– A ginástica artística do Brasil, até o pan do Rio, havia conquistado 29 medalhas com 6 de ouro. Porém, outros esportes, de menor visibilidade, alcançaram, ou, até mesmo passaram essa marca. É o caso do Tiro Esportivo, com 36 medalhas sendo 2 de ouro, e o Karatê, com 26 medalhas e 5 de ouro.

– Enfim o Brasil ultrapassou nesse pan a Argentina no quadro de medalhas de ouro. Agora temos 289 medalhas contra 279 dos hermanos. Essa marca vem se arrastando desde o 1º pan na Argentina, quando eles conquistaram 68 medalhas de ouro, contra somente 5 do Brasil. Esse pan, de 1951, representou para a Argentina o equivalente a 25% do total de medalhas de ouro em relação a todas conquistadas nas 16 edições dos jogos.

– Os Estados Unidos só ficaram em 2º lugar nos jogos do pan em 1951 e em 1991, quando perderam para os anfitriões: Argentina e Cuba respectivamente.

– Somente 3 países nunca conquistaram medalhas nos jogos. Aruba, ilhas Virgens Britânicas e São Cristovão e Neves nem sequer uma de bronze levaram.

*Beto Bastos é membro da Coordenação Nacional da DS

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