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O Fórum Social Mundial inovando no formato

Jornal DS 25 [Mai2010]. Saiba como foi o evento na Grande Porto Alegre, em ano de descentralização.

O FSM 10 Anos Grande Porto Alegre abriu o calendário do Fórum Social Mundial 2010 descentralizado. Aconteceu entre os dias 25 e 29 de janeiro, no marco da maior crise do capitalismo das últimas décadas. A ideia de organizar a edição de 10 anos do FSM na Grande Porto Alegre foi apresentada ao Comitê Internacional após o Fórum Social Mundial de Belém, e desenhada a várias mãos.

Eduardo Mancuso *

Inicialmente, pelas prefeituras do PT de Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, além da CUT-RS e do CAMP (a ONG Centro de Assessoria Multiprofissional) pelo lado gaúcho, com o Grupo de Reflexão e Apoio ao Processo do FSM (GRAP), constituído pelas entidades e organizações do núcleo histórico brasileiro, ao qual se somaram outras cidades, a prefeitura de Porto Alegre e movimentos sociais.

O FSM10 Grande Porto Alegre reuniu 35 mil pessoas (maioria de mulheres, quase 60% das inscrições) de 39 países em centenas de atividades políticas e culturais organizadas em um formato descentralizado inovador, metropolitano, em seis cidades (Canoas, Sapucaia, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga e Gravataí) governadas pelo PT, além da capital, com a parceria da empresa Trensurb garantindo o deslocamento dos participantes pelo Território Social Mundial. Antes mesmo de a Marcha de Abertura iniciar na tarde de segunda-feira (25), levando vinte mil pessoas em caminhada do centro de Porto Alegre até a Usina do Gasômetro, o Acampamento Intercontinental da Juventude já estava em pleno funcionamento, reunindo mais de três mil jovens no bairro Lomba Grande em Novo Hamburgo.

Dia por dia

O Seminário “10 Anos Depois: desafios e propostas para outro mundo possível” reuniu dezenas de convidados nacionais e internacionais em diversas mesas temáticas ao longo da semana, contando com milhares de participantes e realizando debates de fôlego.  Entre os palestrantes do seminário: Lilian Celiberti, Raffaella Bollini, Candido Grzybowski, Francisco Whitaker, João Pedro Stédile, Oded Grajew, Olívio Dutra, Susan George, Paul Singer, Edgardo Lander, Emir Sader, Nalu Farias, Bernard Cassen, Jamal Juma, Roberto Espinoza, Gilmar Mauro, Nicola Bullard, Silke Helfrich, Pat Mooney, Patrick Viveret, Ladislaw Dowbor, Anibal Quijano, Pablo Sólon, Giampiero Rasimelli, Carles Riera, Marcos Terena, Virginia Vargas, Amit Sengupta, Christophe Aguiton, Patrick Bond, Taoufik Ben Abdalla, Eric Toussaint, Teivo Teivainen e Moema Miranda. As mesas temáticas debateram uma pauta de grande amplitude: Balanço do FSM; Conjuntura Econômica, Social, Política e Ambiental; Bens Comuns; Sustentabilidade, Economia e Gratuidade; Bem-Viver; Organização do Estado e Poder Político; Direitos e Responsabilidades Coletivas; Como Construir Hegemonia Política e Novo Ordenamento Mundial.

Na terça-feira (26), a principal mobilização foi o ato com Lula no ginásio Gigantinho, onde 10 mil ativistas dos movimentos sociais e militantes do PT assistiram ao presidente apresentar, de maneira muito fraterna, seu balanço político sobre o papel do governo brasileiro no cenário internacional e a importância do Fórum Social Mundial. À noite, iniciaram-se os shows no Parque de Canoas, que, ao longo da semana, teve Mutantes, Nação Zumbi, Tom Zé e Racionais, com média de público de 20 mil pessoas. Também na cidade de Canoas, realizaram-se a Feira da Economia Solidária e o Seminário Metrópoles Solidárias, Sustentáveis e Democráticas, organizado pela Rede do Fórum de Autoridades Locais de Periferia (FAL-P), com palestras de Boaventura de Sousa Santos, David Harvey, Gus Massiah e Tarso Genro, reunindo cidades de esquerda do Brasil, França, Espanha, Equador e Uruguai.

Na quarta-feira (27), aconteceu a plenária internacional da Marcha Mundial de Mulheres em Gravataí, cidade governada pela petista Rita Sanco, e reuniu centenas de feministas para debater e preparar a Ação Internacional do movimento. Enquanto isso, a Casa Cuba e a Reunião Mundial da Cultura aconteceram em São Leopoldo, enquanto debates sobre educação popular ocorreram em Sapiranga. Em Porto Alegre, destacaram-se também os seminários das centrais sindicais sobre crise o mundo do trabalho, e o do Sindicato dos Bancários sobre alternativas ao sistema financeiro.

2011 em Dacar, Senegal

Na sexta-feira (29), último dia do FSM10, os debates confluíram para a Assembléia dos Movimentos Sociais, realizada na Usina do Gasômetro, e para a Mesa de Sistematização do Seminário 10 Anos – Rumo a Dacar, na Assembléia Legislativa.
A Assembléia dos Movimentos Sociais aprovou um documento apresentado pela Coordenação que destacava: o combate à militarização da América Latina; a defesa do meio-ambiente como prioridade central e a mobilização contra o aquecimento global; o enfrentamento às tentativas de criminalização dos movimentos sociais pelas forças da direita; o compromisso em lutar contra o retorno de setores neoliberais aos governos da região; a denúncia do golpe em Honduras e do processo de desestabilização do presidente Lugo no Paraguai.

A Plenária de Sistematização das Grandes Questões e Contribuição para o Processo Fórum Social Mundial apresentou algumas sugestões consensuais: a proposta de formação de rede de movimentos sociais para troca de experiência e para permitir que organizações que trabalham por causas comuns em diferentes locais articulem as suas lutas; investir para que a infra-estrutura do FSM mantenha coerência com seus valores, usando serviços locais e valorizando a economia solidária; trazer o acampamento da juventude para o centro das discussões; construir uma posição do FSM a respeito das mudanças climáticas; ampliar as conexões com a China e tentar envolver o país no processo do Fórum.

A última mesa, “Rumo a Dacar 2011 – A multiplicidade dos Fóruns”, abriu a palavra aos representantes dos fóruns presentes: Crise de Civilização; Fórum da Palestina; Fórum das Américas; Fórum do Maghreb; Fórum Panamazônico; Povos sem Estado; Fórum Social Africano; Fórum Social Estados Unidos; Fórum Social Europeu; Fórum Social Temático Bahia. O FSM 10 Anos Grande Porto Alegre fez história com seu formato descentralizado inovador e oferecendo uma contribuição significativa ao debate de alternativas, estratégias e conteúdos do processo Fórum Social Mundial e do movimento altermundialista no rumo à Dacar.

 * Eduardo Mancuso é assessor de cooperação internacional da Prefeitura de Canoas (RS) e integrou o comitê FSM Grande Porto Alegre.

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