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O que está em debate sobre a economia nestas eleições? A taxa de exploração!

1383049Por Gustavo Codas

O fio condutor do debate econômico nas eleições de 2014 é o que vai acontecer com a taxa de exploração do trabalho pelo capital no Brasil.  É a conclusão a que chega um estudo do economista Eleutério F.S. Prado (professor da FEA/USP) quando analisa a série histórica desse indicador e as propostas dos economistas que integram as equipes dos candidatos do PSDB e do PSB/Rede.

A taxa de exploração na teoria econômica marxista mede a relação entre o total da mais-valia extraída da classe trabalhadora produtiva em relação ao capital investido em contratar essa força de trabalho (capital variável) em um certo período. Prado utiliza um estudo feito pelo economista Elizeu Serra de Araújo (com séries de 1990 a 2007) e o atualiza até 2013 (*).

A trajetória da taxa de exploração está expressa no gráfico. Prado alerta que temos que tomar essa linha tão somente como expressão de tendências. O que fica claro é que no período neoliberal (Collor, Itamar, FHC) a tendência foi de um aumento da exploração dos trabalhadores. Trocando em miúdos, o capital extraía crescentemente mais lucro por cada unidade monetária que aplicava em salário, em contratar trabalhadores nesse período.

A partir do governo Lula – sobretudo no seu segundo mandato – e no governo Dilma a tendência é a inversa: houve queda na taxa de exploração do trabalho – sem, no entanto, ter revertido todo o prejuízo provocado aos trabalhadores pelo período neoliberal precedente.

Os avanços na recuperação do valor do salário mínimo e nas negociações coletivas que têm resultado em aumentos reais, a redução do desemprego e a expansão das políticas sociais de combate à pobreza e de universalização de direitos (que aumentam a capacidade de pressão dos trabalhadores nas negociações com o capital), entre outras medidas, explicam essa mudança de período tal como fica claro no gráfico.

Como resenha Prado, assessores econômicos dos dois principais candidatos da oposição (Aécio Neves e Eduardo Campos) questionam essa mudança promovida pelos governos do PT. Para eles, esse é “o problema” que explicaria porque os empresários não querem investir e seria também o motivo da queda da taxa de crescimento da economia brasileira no Governo Dilma. (No gráfico, debaixo do nome de cada presidente, está a taxa média de crescimento do PIB no seu mandato). Para essas candidaturas, seria necessário aumentar a exploração da classe trabalhadora para retomar o crescimento da economia.

Essa é a disputa de 2014: entre nosso projeto de melhorar a distribuição de renda e retirar grandes contingentes da pobreza como uma das alavancas para impulsionar o crescimento econômico e o modelo vencido nas urnas em 2002, que visava enriquecer os ricos, que a economia cresça na medida de seus negócios, e esperar que “derrame” da mesa deles para os pobres.

Um desses candidatos da oposição anunciou em jantar recente em São Paulo com gente representativa do 1% mais rico do país que estaria preparado para, se eleito, tomar “medidas impopulares” (**). Os 99% restantes da população do país precisam entender que este é um anúncio à volta dos tempos de aumento da exploração do trabalho.

Os porta-vozes do grande capital (suas mídias, seus economistas e jornalistas), que impulsionam essas candidaturas de oposição, criticam a equipe econômica do governo Dilma por enfrentar a crise do capitalismo mundial de 2008 e seus demorados reflexos sobre o Brasil defendendo a classe trabalhadora, os empregos, os salários, as políticas sociais e o direito do país à soberania para decidir que rumos tomar.

São esses dois projetos de Brasil que se enfrentam nas eleições de 2014.

Notas:

(*) O texto mencionado é “O mau humor do ‘mercado’” de autoria de Eleuterio F.S. Prado e está disponível em:
O mau humor do “mercado”

(**) Ver http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/04/o-revelador-jantar-oferecido-aecio-pelo-1/

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