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Pra não dizer que eu não falei das Barcas

Pra não dizer que eu não falei das BarcasPor Daniel Gaspar *

A aceleração do processo de encarecimento do custo de vida da população do Rio de Janeiro, principalmente a que mora na capital, não é novidade pra ninguém. Moradia, alimentação, educação aumentam exponencialmente, na mesma medida em que crescem os investimentos privados e públicos para a Copa e as Olimpíadas. A cidade do Rio de Janeiro hoje é a 12ª mais cara do mundo, tendo subido 17 posições no ranking referido. O preço das refeições fora de casa agora é o mais caro do Brasil, com um aumento de 30,2% só no ano de 2010.[1]

Ainda que me coloque bem longe daqueles que preferiam que as Olimpíadas fossem virtuais e que a Copa do Mundo fosse na Finlândia, esses mais torciam contra a vitória do Governo Lula do que pela efetiva garantia de cidadania aos mais pobres, não podemos apenas vestir a amarelinha e torcer pelo Hexa. Nós jovens corremos o risco de deixar um legado maldito para as futuras gerações: uma cidade cara, excludente e branca.

As recentes manifestações contra o aumento de mais de 60% das passagens das barcas[2] demonstram disposição de luta de centenas de jovens, que sabem que conexos ao direito ao transporte estão o direito à educação, ao trabalho digno, à cultura e à moradia. A precarização galopante desse serviços – agressões da Supervia aos usuários, aumentos de passagens no metrô, acidente no bondinho – é um verdadeiro ataque ao direito de viver a juventude.

Nosso direito de ir e vir, previsto no artigo 5º da Constituição Federal não é algo abstrato, nem tem auto-aplicação. Está mais do que na hora do Estado assumir as rédeas do transporte público, que hoje conta com uma agência (des) reguladora, muito fiel aos interesses das concessionárias e ao Secretário de Transportes[3]. A Agetransp, esse entulho da privataria tucana, apenas cumpre o papel de fazer um controle empresarial das concessionárias. Esse jogo de cartas marcadas não representa os interesses da sociedade, pois não tem participação das entidades de juventude, do movimento estudantil, das entidades de classe.

O Estado deve garantir o acesso à cidade para os/as jovens e os/as mais pobres. Se fizer isso, encontrará colaboradores nos movimento sociais e nas juventudes partidárias de esquerda. Caso continue omisso, a JPT-RJ não se furtará a defender o direito da juventude ao transporte gratuito e à sua participação em um Conselho de Transportes efetivamente democrático no estado do Rio de Janeiro.

* Daniel Gaspar é Secretário Estadual de Juventude do PT-RJ e membro da Coordenação Estadual da DS-RJ.

 

[1] Consultado em 6 de março de 2012, às 15:59 no sítio http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/-febre-rio-corroi-renda-do-trabalhador-carioca-e-deixa-pontos-turisticos-mais-caros-que-no-exterior-20550803.html

[2] Consultado em 6 de março de 2012, às 17:00 no sítio http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/03/com-cartazes-usuarios-de-barcas-protestam-pacificamente-em-niteroi.html

[3] Consultado em 6 de março de 2012, às 17:15 no sítio http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/03/secretario-alega-que-servico-prestado-pelas-barcas-esta-dentro-do-aceitavel.html

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