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PT: à altura do Brasil

Jornal DS – 18. Responsabilidade da esquerda petista é grande no período aberto.

KLEBER CHAGAS CERQUEIRA e RODRIGO FALCÃO

O Partido dos Trabalhadores encontra-se, hoje, no centro do embate desencadeado pela direita em todo o país. É urgente e essencial reafirmarmos nosso projeto político, como partido da transformação social com valores e práticas socialistas e democráticos.

É fundamental, também, assegurarmos a vitória política e eleitoral do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, condição para darmos continuidade a um programa que reduza ainda mais as profundas desigualdades sociais, proporcionando oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras. Um programa que reafirme a soberania nacional, que fortaleça o crescimento econômico com distribuição de renda, garantindo maiores investimentos nos serviços públicos de qualidade, enfim, com elevação da qualidade de vida da nossa população. Não podemos admitir e não permitiremos retrocessos.

O momento político por que passa a América Latina é favorável ao avanço da esquerda, com as vitórias eleitorais na Venezuela, Argentina, Bolívia, Uruguai e Chile. O Governo Lula também é responsável por esse momento, a partir de uma política externa soberana e exitosa, demonstrada no enfrentamento da Alca, no endurecimento na OMC, na não adesão ao belicismo dos EUA, apesar do ainda não solucionado caso do Haiti. Nosso governo é um pólo firme na política de integração latino-americana. Uma eventual derrota eleitoral do PT em outubro representará um retrocesso desastroso nesse avanço da esquerda no continente.

O lado de lá

A escolha de Alckmin como candidato do PSDB deixa as coisas bem mais claras. O que está em jogo no país, nas próximas eleições, é manter e aprofundar um processo de mudanças sociais, com o fortalecimento do Governo democrático e popular, ou o retrocesso ao neoliberalismo desavergonhado, com tudo o que significa: privatizações selvagens, desmantelamento da estrutura de atenção social do Estado e mercantilização dos serviços públicos.

A direita, capitaneada por PSDB, PFL e parte da grande imprensa, se apóia, em grande medida, em erros de membros do Governo Lula e do PT para travar sua cruzada reacionária e hipócrita, tentando convencer o Brasil de que a tradicional elite política corrupta que representam transformou-se, num passe de mágica, no pilar vestal do zelo pelo patrimônio público. Por outro lado, no mesmo processo de inversão de participação histórica, pretendem nos imputar o papel de maiores corruptos da história do país. Não aceitam que, depois de tanta campanha difamatória, Lula siga bem avaliado, e o PT, o mais respeitado partido do País.

O vale-tudo da oposição faz qualquer momento de exacerbação oposicionista do PT parecer cordialidade, ultrapassando qualquer limite aceitável para uma oposição responsável: CPIs que investigam tudo e qualquer coisa, quebras de sigilo e vazamentos a esmo por parte de parlamentares oposicionistas. Os mesmos parlamentares oposicionistas que ainda não votaram, em pleno mês de abril, o Orçamento Geral da União para 2006, numa tentativa irresponsável de paralisar o governo, mas atingindo toda a sociedade brasileira.

O desfecho da CPMI dos Correios, com o relator Serraglio retirando do relatório final, acintosamente, nomes caros à oposição, como o do banqueiro Daniel Dantas, do Vice-Governador mineiro Clésio Andrade, além do seu conterrâneo e correligionário José Borba, mostra, sem margem de dúvidas, que o alvo da CPI não foi a ética ou a proteção da coisa pública, mas a política rasteira contra o PT.

A CPMI foi uma vitória da oposição, ao tentar carimbar no PT a marca do “mensalão”, ainda que, na essência, não haja prova da sua existência. A reportagem “Perguntas ao Relator”, da revista Carta Capital de 05/04/2006 demonstra bem esse quadro.

O desafio da superação

O desafio do PT é mostrar à sociedade que reconhece os erros cometidos por alguns dirigentes e que é capaz de superar tais fatos, retomando o curso da construção da sua própria história. A mobilização da militância no Processo de Eleições Diretas do ano passado, com seus 320 mil votantes, foi a primeira grande resposta do partido e mostrou o acerto da esquerda do PT em defender a realização do PED naquele momento. Mais uma vez, a democracia interna mostrou ser o oxigênio e a força do PT.

A dimensão desse desafio aumenta a responsabilidade da esquerda do partido. O caminho para a superação desta que foi, sem nenhuma dúvida, a maior crise de nossa história, não passa apenas pela reeleição de Lula, mas, principalmente, pelo papel do partido em constituir-se numa ferramenta para que um segundo mandato presidencial aprofunde a execução política de nosso programa.

Como no ideagrama japonês para “crise”, que funde as idéias de “risco” e de “oportunidade”, o momento em que o PT chegou mais perto de sua desintegração como partido da organização popular e da igualdade social, com a saída de muitos companheiros (alguns por defesa de seus ideários, outros por mero oportunismo), esse momento é também a melhor oportunidade para a esquerda do partido interferir nos seus rumos. O PED já mostrou isso.

Nós, que militamos no PT-DF, no agrupamento Construção: Socialismo e Democracia – CSD, entendemos que estão maduras as condições para uma grande aglutinação das forças do campo da esquerda do PT. Aglutinação que, respeitando diferenças e particularidades, conforme um pólo de intervenção e de orientação política capaz de ajudar o partido a se reencontrar com sua história e com sua vocação de partido das lutas sociais, da organização popular e dos valores e ideais socialistas e democráticos.

O 13º Encontro Nacional do Partido é um momento importante. Cabe a nós escolhermos entre aproveitá-lo ou seguirmos escapando dos riscos da crise.

Kleber Chagas Cerqueira e Rodrigo Falcão são militantes da corrente Construção: Socialismo e Democracia (PT-DF).

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