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Repressão golpista assassina três opositores

Três opositores do regime ditatorial de Roberto Micheletti em Honduras foram assassinados nos confrontos entre militares e manifestantes nos arredores da Embaixada do Brasil no país. Os manifestantes exigem o retorno das liberdades democráticas e a recondução ao poder do presidente constitucional, Manuel Zelaya, que, desde ontem, encontra-se refugiado na Embaixada brasileira. Leia informações do Granma sobre os acontecimentos recentes em Honduras.

Em Tegucigalpa, Rafael Alegria, dirigente camponês hondurenho, denunciou que foram assassinados três opositores ao golpe de Estado no último dia 22, quando foi publicizado que o presidente Manuel Zelaya encontrava-se na Embaixada do Brasil no país, quase três meses depois de haver sido deposto pelo golpe militar de junho passado.

Alegria declarou a emissora de Rádio Globo, em meio a tensão desatada pela repressão, que duas vitimas perderam a vida em razão de intoxicação provocada em função do uso de gás lacrimogêneo pelos militare e policiais. Uma terceira pessoa, dirigente do Sindicato dos Empregados do Instituto Agrário, morreu por impacto de bala, de acordo com o dirigente da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, assinala a Prensa Latina.

O governo militar ampliou até as 6h da manhã da próxima quarta-feira o toque de recolher no País, depois de desalojar, com gás lacrimogêneo, centenas de apoiadores de Zelaya, que permanece na Embaixada brasileira. Os militares agrediram milhares de pessoas ao amanhecer, e permaneceram em frente à Embaixada.

Segundo informaram testemunhas, dois dos cadáveres se achavam ainda esta manhã na rua em frente à Embaixada, que se encontra cercada por soltados e agentes antimotim fortemente armados. Há ainda um número indeterminado de pessoas feridas ou intoxicadas por gás lacrimogêneo.

Jornalistas da Rádio Globo disseram que membros da imprensa internacional que trabalhavam fora da Embaixada do Brasil foram atacados pelas forças repressivas. Acrescentaram que os correspondentes estrangeiros foram obrigados a se afastar do local e que militares encapuzados invadiram uma residência vizinha à embaixada brasileira, sem ordem judicial ou acompanhamento de promotores.

À ação policial se une também o fechamento dos quatro aeroportos internacionais que tem Honduras, após o regresso de Zelaya, com a finalidade de impedir que entre no País o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. Em função disso, o dirigente da OEA viu-se obrigado a transferir a data de sua visita ao país.

Sem água nem alimentos
A vice-chanceler do governo constitucional hondurenho, Beatriz del Valle, denunciou os “incríveis níveis de repressão” do regime ditatorial e a proibição de ingresso de água e alimentos na Embaixada do Brasil, em que se encontram, além de Zelaya, outras 300 pessoas, entre elas, cerca de 12 crianças, que não comeram nada desde terça-feira, segundo ANSA e AFP.

Beatriz del Valle disse por telefone à cadeia de televisão Telesur que, em que pese que o toque de recolher tenha sido ampliado, ela se dirigia à Embaixada para levar alimentos e água.

Varias dezenas de manifestantes conseguiram entrar na Embaixada, o  que agudizou a escassez de alimentos e água, cujo abastecimento, além da eletricidade e telefone, foi cortado por ordens do governo militar de Roberto Micheletti para forçar a saída de Zelaya.

Interrompidas as transmissões do canal 36
O diretor do Canal 36 de Honduras, Esdras Amado López, denunciou a interrupção da transmissão de energia para o prédio da emissora, bem como para outros meios de comunicação do País.

Em entrevista exclusiva à Telesur, assegurou que essa medida foi adotada por ordem do governo de Roberto Micheletti, e informou de todos os ataques recentes que tem sofrido por parte da ditadura. “Não só temos recebido ameaças, como temos sido vitimas de agressões, nossos transmissores foram destruídos com químicos potentes. Além disso, lançaram bombas de gás lacrimogêneo e humilharam o pessoal que trabalha em nossas antenas repetidoras”.

Ele afirmou que a estratégia da Inteligência Militar, sob ordens de Micheletti, é de interromper o serviço elétrico para impedir que o povo hondurenho e internacional tenha oportunidade de se informar da repressão da qual são vitimas os manifestantes que permanecem na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Lopez acusou especificamente o tenente-coronel Oscar Castro e o tenente Castillo, de haverem “militarizado e seqüestrado os serviços de energia elétrica” tanto para o Canal 36 como para a Embaixada brasileira.

Como no Chile de Pinochet
Depois de desalojar militantes das cercanias da Embaixada do Brasil, o  regime golpista hondurenho deteve, ontem, centenas de pessoas e as conduziu à prisão em estádios da capital hondurenha. Segundo declarações de Rafael Alegria, há pelo menos 300 detidos dentro complexo esportivo Lempira Reina.

Um comunicado da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado denunciou que os presos foram golpeados, torturados e que alguns foram amarrado pelos pés e pendurados de cabaça para baixo. A Frente, que agrupa dezenas de organizações populares, condenou essas violações dos direitos humanos e responsabilizou o regime militar pela vida dos presos.

A vice-chanceler Beatriz del Valle denunciou que, da mesma forma que Pinochet, o regime de Roberto Micheletti converteu os estádios em campos de concentração.

Apesar da repressão, milhares de manifestantes marcharam para a capital hondurenha pra apoiar o retorno das liberdades democráticas e exigir o fim da ditadura militar.

Lula exige respeito e democracia
O presidente Lula pediu que o governo golpista de Honduras respeite a integridade da Embaixada do Brasil, e acrescentou que “o que deveria ocorrer agora é que os golpistas dessem lugar a quem tem direito, ao presidente democraticamente eleito pelo povo”.

Granma,23 de setembro de 2009
Tradução de Lúcio Costa
Edição de Alessandra Terribili

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