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Revista Democracia Socialista: a tradição impressa renovada

730669Por Rodrigo Mathias *

Na próxima sexta-feira, será apresentada oficialmente, durante um evento em São Paulo, a edição de número zero da nova Revista Democracia Socialista, retomando a tradição da tendência de produção de publicações periódicas.

A DS tem uma ligação histórica muito forte com a mídia impressa. Antes de se tornar uma organização política e, posteriormente, uma tendência interna do Partido dos Trabalhadores, seus militantes se organizavam em torno da publicação do jornal “Em Tempo”. O jornal foi um dos mais importantes periódicos alternativos, que floresceram durante os anos de intensa repressão do regime militar.

Essas publicações tiveram uma grande importância, não só na denúncia do regime militar, mas também na disseminação de um pensamento contra-hegemônico na sociedade, já que os grandes meios de comunicação da época funcionavam como correia de transmissão política e ideológica do governo ditatorial (não por coincidência, os mesmos que fizeram uma intensa apologia do neoliberalismo e hoje fazem uma ferrenha oposição aos governos petistas).

Uma das edições mais importantes do jornal “Em Tempo” foi a que trouxe para as bancas uma lista com o nome de 233 torturadores do regime, em 1978. Em represália à publicação, as sucursais do jornal em Curitiba e Belo Horizonte sofreram atentados. (Clique aqui para ler mais sobre isso).

Novos tempos, novas formas de comunicação. A dinâmica da disseminação de informações na era digital demanda uma maior rapidez na produção de conteúdo. Por isso, a divulgação de notícias e artigos com debates conjunturais e que demandem respostas mais imediatas tem sido atualmente feita pelo site da DS. Porém, assim como nos anos 60 e 70 existia uma necessidade de produção de jornais alternativos, na luta contra a ditadura militar. Podemos dizer que há atualmente um espaço a ser preenchido ante a “ditadura” do imediatismo e da superficialidade características do mundo online.

Em 1967, o filósofo Marshall McLuhan, ao analisar os meios de comunicação da época, cunhava a expressão “o meio é a mensagem”. Debates teóricos à parte, ninguém precisa ter se aventurado pela leitura das teorias contemporâneas da comunicação para perceber que a internet desfavorece a disseminação de textos longos e densos. Seja pelo desconforto físico de fazer uma longa leitura olhando para uma tela fixa e luminosa de um computador (problema que tende a ser minimizado pela maior disseminação dos tablets), seja pela forma de interação com o momento das leituras online (quem consegue ler uma publicação de 80 páginas, lendo ao mesmo tempo 20 tweets, respondendo a 15 emails e debatendo no Facebook com aquele seu amigo mala, que insiste na tese de que o Bolsa-família é compra de votos?), a internet tem se mostrado um meio pouco eficiente para o aprofundamento dos debates.

É exatamente para cumprir o papel de alimentar debates estratégicos, reflexões mais aprofundadas e de formação política que nasce a nova revista impressa da DS. No texto de apresentação, o editor da revista, Joaquim Soriano, reforça que a publicação “têm um forte componente de afirmação da identidade política da corrente” e que pretende ser um veículo capaz de realizar a “troca de experiências e práticas diversas, sempre voltadas para encontrar os caminhos da revolução” e “para a constituição de um campo comum de debate com todos e todas militantes que sabem que outro mundo é possível, e que, mais que isso, é urgente fazê-lo”.

O número zero da revista apresenta um texto com seu projeto político editorial, traz uma reflexão sobre o PT, a DS e o direito de tendência, um artigo sobre a situação do Brasil diante da crise mundial e outro sobre a dimensão antirracista na construção da revolução democrática brasileira.

* Rodrigo Mathias é jornalista e redator do site da DS.

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