Enfrentando o autoritarismo e o conservadorismo que ascenderam no Brasil, assim como em diversos países da América Latina e de outras partes do mundo, fomos às ruas no Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março, para denunciar a política de Bolsonaro e exigir mais democracia, mais direitos, trabalho digno e justiça para Marielle.
Conectando o enfrentamento a essa conjuntura, em que a vida das mulheres se precariza cada dia um pouco mais, com as lutas permanentes do feminismo, pelo fim do capitalismo e do patriarcado, nos manifestamos em todos os cantos desse país, marcando nossa diversidade e irreverência.
O 8 de março foi, também, data do lançamento da 5ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Por todo o mundo e em cada território, as mulheres organizaram atividades públicas, retomando a história do movimento e pautando os motivos para estar em marcha hoje. Com o lema “Resistimos para viver, marchamos para transformar”, a Ação Internacional celebra 20 anos desde que a Marcha foi às ruas pela primeira vez, dizendo não ao neoliberalismo e às políticas econômicas que atentam contra a vida das mulheres.
O 8 de março abre uma intensa agenda de mobilizações no país. Só neste mês, já estão agendadas manifestações nos dias 14 (por justiça para Marielle no marco dos dois anos de seu assassinato) e 18 (por democracia sob o mote “ditadura nunca mais!”). Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo, fez uma convocação durante o ato de ontem: “quem foi que matou Marielle? Nós sabemos, mas queremos justiça! Então, chamamos todas para o dia 14. E, depois, porque somos mulheres, feministas, trabalhadoras, estaremos todas no dia 18, fazendo uma grande manifestação por democracia. Ditadura nunca mais! Fora Bolsonaro! Cada uma aqui deve convidar sua amiga, garantir a presença da sua organização. É só luta até pôr esse lixo autoritário para fora!”
O calendário da Ação Internacional da MMM também segue depois de março: em 24 de abril, por todo o mundo, a Marcha fará suas 24h de Solidariedade Feminista, denunciando as empresas transnacionais que exploram o trabalho e a vida das mulheres; e, entre 28 e 31 de maio, acontece uma grande ação nacional em Natal (RN), com presença de delegações de todos as regiões do Brasil.
Agora, confira como foram as mobilizações nos estados.
Rio Grande do Norte
Já em Mossoró, A Caravana da Marcha Mundial das Mulheres percorreu os bairros da cidade dizendo que as mulheres querem trabalho digno, liberdade, democracia, Justiça para Marielle e fora Bolsonaro e toda a sua a sua política antipovo.
No Rio Grande do Norte, as mulheres se preparam para receber as militantes da MMM de todo o Brasil, que irão em maio para Natal, durante a Semana de Luta Anti-imperialista, para participar do momento nacional da 5ª Ação Internacional da Marcha.
Ceará
Mulheres do movimento feminista, da periferia, do campo, mulheres estudantes, sindicalistas, partidárias e tantas outras estiveram presentes na atividade, que contou com debates, oficinas, caminhada pelas ruas da praia de Iracema e se encerrou na Praça do Centro Dragão do Mar com um ato político-cultural.
Com faixa, batucada, palavras de ordem e pirulitos, a Marcha Mundial das Mulheres do Ceará exibiu um grande Fora Bolsonaro em suas mensagens. “Quem está nesse governo está fazendo uma política de desmonte para a mulheres, é a política do capital”, afirmou Mitchele Meire, da MMM, durante o ato político.
Distrito Federal
São Paulo
Na capital paulistana, as atividades começaram já pela manhã, com o lançamento da 5ª Ação Internacional, na Avenida Paulista, onde aconteceu um piquenique agroecológico e intervenções culturais. Estavam presentes delegações de mais de dez cidades, como Registro, Barra do Turvo, Peruíbe, Campinas, Ubatuba, Sumaré, Diadema, São Bernardo, Guarulhos.
Em seguida, as mulheres se juntaram às mais de 40 entidades, movimentos, coletivos e partidos que organizaram o ato “Mulheres contra Bolsonaro! Por nossas vidas, democracia e direitos! Justiça para Marielle, Claudias e Dandaras!”. A chuva não impediu a presença de milhares de mulheres afirmando que queremos outro país e o fim da política de morte desse governo.
Em Campinas, o ato aconteceu no sábado (7) e também levou muitas mulheres para as ruas para manifestar a indignação coletiva com esse governo. Foram mais de 50 entidades construindo coletivamente a mobilização. As militantes da Marcha fizeram várias atividades preparatórias para o dia 8. Houveram panfletagens, oficinas de materiais e coleta de assinaturas em espaços públicos.
Em Ubatuba, as marchantes fizeram juntas uma atividade dinâmica de construção da linha do tempo da luta das mulheres brasileiras destacando, mais ou menos umas 20 mulheres, desde Dandara, liderança quilombola, até os tempos atuais de Dilma e Marielle. Também houve caminhada pela cidade.
São muitas pautas: em defesa da educação e saúde públicas, de denúncia das reformas trabalhista e da previdência, por uma vida livre da violência, contra as privatizações, pela autonomia sobre nossos corpos e sexualidades, pelo direito à moradia, pelo direito dos povos tradicionais caiçaras, quilombolas, indígenas, por trabalho com direitos, pela democracia, contra o fascismo etc.
Rio de Janeiro
A batucada é um instrumento político de luta que expressa nossa ação feminista. Com a batucada, buscamos democratizar a fala nas ruas. Latas, mulheres, tambores e baquetas em ritmo contra o machismo. Os instrumentos da batucada são feitos prioritariamente de materiais reciclados ou que fazem parte do nosso cotidiano.
Espírito Santo
No Espírito Santo, as mulheres fizeram uma caminhada pelo centro de Vitória na sexta (06), junto com outros coletivos de mulheres, com o tema “Basta de violências: Mulheres nas ruas por direitos!”. O ato foi marcado pelo posicionamento contrário ao machismo e ao governo Bolsonaro. A atividade contou com algumas intervenções culturais e panfletagem de convites para o ato cultural que aconteceu no Parque Moscoso, no centro da cidade, neste 8 de março.
Bahia
Dias antes do 8 de março, as militantes da MMM de Salvador já preparavam as latas para a batucada feminista que daria o tom do ato, que foi realizado na manhã deste domingo (8). “Resistência tem nome de mulher! Assédio não! Retirada de direitos não!” foi o mote da manifestação que levou uma multidão para o Farol da Barra.
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
No Rio Grande de Sul, houveram mobilizações em diversas cidades. Nova Prata, Canoas, Caxias do Sul, Viamão, Osório, Encruzilhada do Sul, Santa Maria e Porto Alegre, além de um ato binacional, da fronteira de Santana do Livramento e Rivera (Uruguai). Em consonância com as articulações nacionais, as mulheres se manifestaram contra o atual governo e também lançaram a 5ª Ação Internacional da MMM. Em Porto Alegre, o lançamento da Ação foi na Praça em frente à orla do Guaíba, junto com bloquinhos de carnaval. Em Santa Maria, as mulheres fizeram um evento junto às artesãs da economia solidária, e denunciaram a situação de desemprego e superexploração através de um “jogo da vida real”.
Pernambuco
Maranhão
Paraíba
Em João Pessoa, o lançamento da 5ª Ação aconteceu com um festival político-cultural, intitulado “Basta de violações! Juntas por direitos!”, que se estendeu pela tarde. Durante o festival, as mulheres fizeram uma homenagem a Paula Adissi, militante da Marcha que faleceu há poucos meses e deixou saudade nas companheiras. Em Cajazeiras também teve lançamento, com música e decoração de cartazes.
Paraná
Sergipe
As mulheres participaram da construção e da condução do ato em Aracaju, que se concentrou no terminal de ônibus na praia de Atalaia. Nas faixas e cartazes, além do lema da Ação, as frases: “pela vida das mulheres! Ditadura nunca mais” e “vivas por Marielle”.
Tocantins
Alagoas
Santa Catarina
Publicado originalmente em : https://www.marchamundialdasmulheres.org.br/8-de-marco-feministas-enchem-as-ruas-de-todo-o-pais-e-exigem-fora-bolsonaro/