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A casa caiu, Bolsonaro | Elvino Bohn Gass

CPI já tem as provas de que o presidente da República promoveu genocídio como política oficial de Estado. Se não bastasse, por trás do “Gabinete das Sombras” houve interesses econômicos em defesa da cloroquina

A CPI da Covid nem chegou à metade dos trabalhos e já pôde comprovar, com documentos robustos, que o governo de extrema direita Jair Bolsonaro agiu com um norte genocida no combate à pandemia de Covid-19, que já matou quase meio milhão de brasileiros. Um estudo feito pela USP, a pedido da CPI no Senado, mostra que Bolsonaro não foi incompetente nem negligente. Ao contrário. Houve empenho e eficiência em prol da ampla disseminação do vírus no território nacional, em nome de uma tese não científica da munização de rebanho, a pretexto de salvar a economia.

A casa caiu. O documento da USP tem provas contundentes da necropolítica em curso no país, ao longo de 16 meses de pandemia, com mortes via contaminação geral e com o aprofundamento da crise econômica e social. Descaso e desprezo ao povo brasileiro, materializados numa política de saúde genocida e, no plano econômico, com diretrizes ultraliberais para favorecer os milionários e bilionários, enquanto trabalhadores e classe média empobrecem a cada dia.

Quantas vidas foram perdidas por falta de imunizantes? Não há como saber o número exato, mas especialistas afirmam que foram milhares. Quantas pessoas morreram devido à necropolítica de um capitão que tratava a pandemia como “gripezinha”? A mais grave crise sanitária da história brasileira foi tratada de forma irresponsável, com um governo paralelo na área de saúde.

[O cálculo da USP é de que presidente agiu de forma intencional a provocar a morte de pelo menos 1,5 milhão de brasileiros]

O cálculo da USP é de que Bolsonaro agiu intencionalmente para provocar a morte de pelo menos 1,5 milhão de brasileiros. Já há elementos para denunciar Bolsonaro em tribunais internacionais pela prática de genocídio.

Afora isso, evidencia-se que por trás do “Gabinete das Sombras” houve interesses econômicos em defesa da cloroquina, comprovadamente ineficaz contra a Covid-19. A CPI vai seguir o rastro do dinheiro e, com certeza, identificará por que um certo capitão posava até com caixas de cloroquina. Agiu como charlatão, pois não é médico, e induziu pessoas à morte.

E, como caixeiro-viajante, propagandeou remédio dos laboratórios Apsen Farmacêutica e EMS, cujos donos são bolsonaristas e próximos a ele, como já identificou a CPI. Só um dos laboratórios bolsonaristas recebeu R$ 153 milhões em financiamento do BNDES.

O capitão fez gestões junto ao governo da Índia não para a compra de vacinas, mas para que os os dois laboratórios recebessem de lá insumos para a produção de cloroquina. Interesses não republicanos pairam sobre o Palácio do Planalto.

O rol de crimes é enorme. Atos normativos, ações que compreendem obstrução de medidas de contenção da doença adotadas por governos estaduais e municipais, omissões sanitárias, propaganda contra a saúde pública, notícias falsas e informações técnicas sem comprovação científica etc.

A lista de crimes vai aumentar à medida em que avançar o trabalho da CPI. Não há outro caminho a não ser o impeachment já do capitão, antes que ele extermine mais brasileiros.

  • Elvino Bohn Gass (PT-RS) é líder do PT na Câmara dos Deputados
  • Publicação original : Focus Brasil – Publicação da Fundação Perseu Abramo

Imagem: Jornalistas Livres

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