Enfrentamento impõe desafios para que a direita não saia fortalecida.
A estratégia da esquerda partidária frente às medidas antipopulares resultantes da política econômica em curso ainda está em construção e em debate. Esse é mais um momento desse processo. Dele podemos considerar dois aspectos importantes.
O primeiro é que não é qualquer tipo de derrota da política econômica do governo que fortalece a construção de uma alternativa à esquerda. Quando essa derrota é capitaneada pela direita, em especial o PSDB e o PFL, obviamente quem a capitaliza é a própria direita. É ela que se fortalece para negociar e impor mais posições à direita sobre o governo ou para acumular forças eleitorais em seu proveito. A esquerda não pode se submeter a isso, sob pena de descaracterizar-se.
Coordenação comum
O segundo aspecto decorre do primeiro: o enfrentamento da política econômica conservadora, para que resulte em acúmulos para alternativas à esquerda, deve combinar várias frentes de luta e uma coordenação comum da esquerda do PT. Na ausência dessas condições, o espaço de atuação fica muito restrito e pode levar a riscos maiores: na tentativa de derrotar essas políticas, acabar por favorecer a direita liberal.
É imenso o desafio de combinar mobilização social, luta parlamentar e intervenção das correntes de esquerda do PT aliadas a setores que também lutam para uma mudança de rumos. E até agora seus passos têm sido limitados. Frente a esse problema crucial não há atalhos. É preciso trabalhar nesse sentido, tirando e aplicando as lições de todos os acontecimentos, o que aponta para a construção de uma esquerda orgânica no PT; ou seja, um campo político militante, unificado com bases programáticas, afirmativo de um projeto de outro rumo para o PT.