Juarez Guimarães propõe paradigma republicano para o governo.
Está sendo lançado pela Editora da Fundação Perseu Abramo o livro A Esperança Equilibrista – O Governo Lula em Tempos de Transição, de Juarez Guimarães. No livro, composto por 13 ensaios, Guimarães se propõe a tarefa de estabelecer um campo analítico para uma avaliação do Governo Lula. A opção feita é observar o potencial de transição de um paradigma neoliberal para um paradigma republicano, a partir de seu principal agente potencial da transição – o próprio governo – e então entender se esta transição está sendo feita, para se compreender o que se está mudando no modelo de Estado. Ou o que não se está.
Para operar essa análise, Guimarães faz uma crítica ao neoliberalismo e às suas formas de renovação após a derrota de José Serra em 2002. Ele identifica Fernando Henrique Cardoso como o principal ator da recente tentativa de reposição da agenda neoliberal. Essa constante tensão entre o paradigma neoliberal e o paradigma republicano move o livro e estabelece um embate permanente nos diferentes campos de atuação do governo, seja na política, na economia ou na cultura.
Em meio a temas como política econômica, reforma agrária e desenvolvimento, o livro traz dois ensaios sobre cultura brasileira, numa leitura de que no plano da cultura já teria se feito a republicanização. Em um desses ensaios, “O Bardo Mestiço e a revolução brasileira”, o autor resgata a contribuição de Mário de Andrade e o aproxima de Gramsci, observando a civilização brasileira como potencialmente construída fora dos parâmetros anglo-saxões.
Triplo papel
A obra de Juarez Guimarães vem para cumprir três papéis: o primeiro, de estabelecer um campo analítico; o segundo, fazer a leitura das potencialidades futuras do governo; por último, o livro se propõe a estabelecer um contraditório permanente com a agenda neoliberal protagonizada pelo PSDB. Guimarães faz ainda, na terceira parte de sua obra, uma leitura das tradições republicanas brasileiras. “O encontro dessas tradições poderia dar legitimidade a essa transição, poderia impulsioná-la”, analisa ele.
As constantes polêmicas com os intelectuais vinculados ao campo neoliberal são apenas um dos elementos que compõem a obra. Ao perceber no governo Lula a continuidade do modo de regulação da macro-economia praticado durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Juarez Guimarães não se limita a avaliar o governo, mas indica os limites a serem superados, como aponta Marilena Chauí em seu prefácio para o livro:
“Este livro, lúcido, não nos oferece apenas parâmetros para a avaliação política do governo Lula, mas também indica que limites esse governo precisa transpor para concretizar a esperança nele depositada e de que saltos será capaz para equilibrá-la, pois se o campo movediço e instável das circunstâncias ensina que o político navega sem mapas, ensina também que uma política só é grande quando a virtù dobra a caprichosa fortuna – nome com que a tradição ético-política designou a contingência e a adversidade – e quando seu caminho tem rumo, guiando-se pela bússola da justiça e pela estrela da emancipação”.
O livro A Esperança Equilibrista, reunião de ensaios de Juarez Guimarães a pode ser adquirido pela Internet, no sítio da Fundação Perseu Abramo www.fpabramo.org.br