Depois de muito tempo, a iniciativa política está com o campo democrático-popular. Foi graças às massivas mobilizações do dia 18 – em defesa do governo, contra o golpe e por outro programa econômico-social – e do dia 31 – em defesa da democracia, contra o golpe.
Esse resultado é consequência direta da conformação de uma ampla frente única de luta, onde estão a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, boa parte do leque partidário da esquerda e um conjunto imenso de setores diversos que nas universidades e nos bairros das cidades, nas pequenas cidades e e nos movimentos culturais – mesmo muitas vezes se opondo a políticas implementadas pelo governo Dilma – decidiram sair à rua para defender a democracia contra o golpe de Estado.
Após a iniciativa da OAB de apresentar mais um pedido de impeachment, reencontrando-se com seu passado golpista, muitas manifestações contrárias de advogados e juristas ocorreram pelo país. Uma demonstração de que nenhuma iniciativa golpista ficará sem resposta dos setores democráticos da sociedade.
O golpe ficou caracterizado. Isso foi um baque para a direita que tentava transmitir normalidade institucional para a manobra de burlar a decisão democrática do povo nas eleições de 2014.
Contra a palavra supostamente “técnica” do “impeachment”, se afirmou a certeza que “impeachment sem crime de responsabilidade é golpe de Estado”.
Contribuiu para essa constatação a tentativa da coalizão informal PMDB-PSDB de viabilizar o engendro de “governo Temer-Cunha”. Esse projeto apodreceu antes de amadurecer. Sua síntese foi o espanto, transmitido pela TV do Judiciáriio, do ministro do Supremo Luis Roberto Barroso a uma plateia de estudantes coxinhas: “Meu Deus! Essa é a nossa alternativa de poder?”, referindo-se aos delinquentes que festejavam a ruptura do PMDB com o governo Dilma.
O projeto de “governo Temer-Cunha” nasceu morto porque é siamês do golpe, tem a corrupção em sua medula, sua melhor carta de apresentação é o programa “Ponte para o Futuro” no qual Temer promete o enterro de todas as políticas progressistas dos últimos anos, e reforça toda a onda neoconservadora machista, homofóbica, intolerante que tem prosperado nos tempos de golpismo.
O 31 de março mostrou não somente capacidade de mobilização em grandes centros urbanos, mas uma disseminação da luta pelos bairros, pequenas cidades, movimentos culturais e de periferia.
É imprescindível manter e ampliar cada vez mais esse ativismo. Só a pressão popular somada ao fortalecimento da bancada antigolpista no Congresso e a sinais de mudanças progressistas na orientação do governo Dilma poderão barrar o golpe de Estado.