A apresentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias realizada pelo ilegítimo governo Temer, no início do mês de junho, parece uma peça de ficção, uma tentativa de carregar as tintas e demonstrar números falsos da economia brasileira os últimos dois anos. Os esforços foram em vão, porque são incompatíveis com os mandamentos de Wall Street. Por isso, Meirelles tem menos popularidade que Temer. Afinal o que se fez qualquer ortodoxo faria, cortar gastos e entregar a soberania é o trivial para a nova internacionalização do capital.
A apresentação começa afirmando que a economia saiu da recessão em 2017. O governo não parece entender que em todas as regiões metropolitanas do Brasil a renda caiu e o desemprego aumentou e que o PIB, frágil indicador de desenvolvimento, somente subiu pelas safras recordes e incentivadas de soja e milho.
Outra glória supostamente alcançada e evidenciada na apresentação é a baixa taxa de inflação. Mas, a que custo? Redução do consumo? Cortes nos gastos de saúde e educação? Entrega do patrimônio nacional? Para que serve inflação baixa se as famílias estão em débito, já são 60,5 milhões de trabalhadores endividados e o desemprego batendo a casa dos 14 milhões.
A queda na taxa de juros também é comemorada como um grande feito da administração eficiente da Fazenda. Na realidade, a queda dos juros não representa nada em termos comparativos, continuamos com a sexta maior taxa do mundo e o maior juros do cartão de crédito. Essa aparente queda é uma permuta pela flexibilização do trabalho e pelo fim da proteção social e a suspensa privatização da previdência. Afinal, quem lucraria com a previdência complementar?
Por que o governo não colocou em sua apresentação um demonstrativo dos lucros dos maiores bancos brasileiros? Aqueles que financiam a política através de títulos muito bem remunerados. Não seria por isso que o endividamento do governo brasileiro em percentual do PIB estaria aumentando? Aliás, dobrando em relação ao período Lula. E o déficit projetado para 2019: R$ 254 bilhões? O dobro de 2017? E o silêncio da mídia sobre isso? Se fosse Dilma ou Lula não sobraria capa de revista, editorial e nem notícia em horário nobre. A nova internacionalização do capital se associa as grandes mídias para se apropriar cada vez mais do estado, livre de gastos essenciais, mas comprometido com o capital e o poder.
Na realidade, a tentativa do governo de afirmar que a vida melhorou ou que vai melhorar desafina no tom e na métrica. Ao manter essa política que atende aos interesses internacionais e sem projeto de Nação nos leva ao abismo, sim, o golpe está nos levando ao abismo e somente um governo democrático – somente eleições livres, com LULA LIVRE – poderá restabelecer pactos com sociedade e a esperança de um Brasil novo e possível, democrático, participativo, inclusivo, preservando as identidades e com projeto de reconstrução nacional.
Luizianne Lins é deputada federal PT/CE
Artigo publicado originalmente no Blog do Eliomar