Democracia Socialista

Análise: o panorama eleitoral em capitais prioritárias para o PT

Neste período de campanha, o Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (NOPPE) da Fundação Perseu Abramo se propõe a acompanhar o clima eleitoral via as pesquisas publicadas pelos principais institutos (DataFolha, IPEC, Quaest, CNT e Atlas).

Foto: Ricardo Stuckert

Dia 16 de agosto se iniciou a campanha para prefeito e vereadores nos mais de 5.500 municípios do país. No dia 06 de outubro, os 155 milhões de eleitores deverão ir às urnas escolher seus candidatos. Dia 27, nas 96 cidades com mais de 200 mil eleitores haverá o segundo turno.

Neste período de campanha, o Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (NOPPE) da Fundação Perseu Abramo se propõe a acompanhar o clima eleitoral via as pesquisas publicadas pelos principais institutos (DataFolha, IPEC, Quaest, CNT e Atlas). Neste artigo, daremos o panorama de algumas capitais prioritárias para o partido, buscando comparar com o clima eleitoral dos últimos pleitos; bem como procurando entender o peso do debate nacional nos municípios.

As últimas eleições municipais tiveram características bem próprias: o pleito de 2016 foi marcado por clima bastante desfavorável no ano do Golpe contra Dilma Rousseff. E 2020 foi em meio à Pandemia de Covid e após a vitória de Bolsonaro em 2018.

O clima é mais favorável este ano. Em 2022 houve recuperação do voto em deputados estaduais e federais petistas. E, segundo pesquisa DataFolha sobre preferência partidária, o PT alcançou em dezembro de 2023 a preferência de 25% do eleitorado, evidenciando uma recuperação da opinião pública após os anos do Golpe. Assim, é possível afirmar que a vitória do presidente Lula em 2022 e a derrota de Bolsonaro abrem uma nova janela de oportunidades para a disputa política nas cidades. É o momento de aproveitá-la.

Com relação à expectativa do impacto da nacionalização do debate nas cidades, valem algumas considerações. É certo que as cidades de menor porte têm, por vezes, dinâmicas bastante próprias que não necessariamente seguem a lógica ideológica que rege a política nacional. Mas, pelo menos, nas maiores cidades, esperava-se que o peso da polarização fosse um fator de decisão importante. Também, pudera, já que 50% do eleitorado se concentra nos municípios com mais de 100 mil habitantes (que representam apenas 5% das cidades brasileiras). Assim, o bom desempenho eleitoral nestas localidades acaba por ter uma influência significativa na votação de deputados federais em 2026 (assim, como de presidente). Por isso, as coordenações nacionais dos principais partidos voltam sua atenção para estas cidades, numa tendência de nacionalização do debate.

Mas, olhemos com atenção às pesquisas da última semana:

O que se nota é que, a despeito da expectativa, num primeiro momento, a polarização nacional Lula versus Bolsonaro não está dando tom das disputas nas capitais. Ao contrário, das 11 capitais supracitadas, os candidatos independentes estão à frente em 7; o candidato do PT está à frente em São Paulo (cidade para a qual também daremos uma atenção especial, não só pelo peso eleitoral, mas pelo fato da polarização nacional estar se impondo desde o início); candidato do Bolsonaro está à frente em 3.

Vale mencionar também que alguns candidatos, ainda que não tenham o apoio oficial de Bolsonaro logo no primeiro turno, expressam identidade com o bolsonarismo e, em caso de chegarem num segundo turno, devem contar com o apoio do ex-presidente. O caso mais emblemático é o de São Paulo, onde Pablo Marçal (PRTB) disputa o voto bolsonarista na cidade com Ricardo Nunes (MDB). Mas o mesmo acontece em cidades como Fortaleza, por exemplo, onde Capitão Wagner (UB) que está à frente nas pesquisas espera contar com o suporte de Bolsonaro, equacionando a polarização.

Além destas capitais citadas com o PT na cabeça de chapa, tem-se também outras onde o candidato apoiado pelo Presidente Lula está à frente, segundo as últimas publicações. No Rio de Janeiro, o atual prefeito do PSD Eduardo Paes deve se reeleger (com chances ainda no primeiro turno). Possui 60% da intenção de voto segundo a Quaest. Mesma situação em Recife, onde João Campos do PSB possui 80% da intenção de voto, segundo o mesmo instituto.

Vale dizer que todas estas pesquisas foram publicadas antes do início da campanha de TV. Antes, portanto, do início das inserções e do horário eleitoral gratuito, o que deve impactar no cenário. A partir do dia 30 de agosto, há potencialização da disputa também no corpo a corpo e nas ruas. Por isso, é possível também que a polarização nacional ganhe importância.

Nas próximas semanas, o NOPPE seguirá acompanhando a evolução da intenção de voto nestas cidades. Traremos ainda o panorama político eleitoral de outros municípios que merecem atenção; bem como o acompanhamento das movimentações e disputas internas da extrema direita visando a 2026 e a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Via pt.org.br