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Apontamentos – IV | Dr. Rosinha

Neste final de ano, antes das eleições, o melhor presente que seu governo poderá dar ao Brasil e ao povo brasileiro é a sua renúncia. Renunciar à candidatura, melhor ainda – seria a graça divina –, renunciar à presidência da República.

Sentei-me para escrever uma carta ao ocupante da presidência da república, porém, antes de iniciar, deparei-me com uma dúvida: qual pronome usar? Devo dirigir-me a ele como Vossa Excelência, como manda a etiqueta social?

Referir-se assim a ele é, no mínimo, indigesto. Entendo que ninguém deveria ser chamado de Vossa Excelência e, no caso específico, tenho absoluta certeza de que ele não merece.

Por fim, pelo cargo que ocupa, e não por respeito, decidi chamá-lo de senhor.

Decidido o pronome sugiram outras incertezas, a primeira: vale a pena enviar-lhe a carta? A incerteza não veio do nada e sim pela seguinte razão: chegará até ele e, se chegar, lerá?

Conheço a dificuldade de leitura que ele tem, não porque alguém me contou, mas porque, por uma década e meia presenciei seu gaguejar ao ler, o não respeito aos pontos e as vírgulas, a pronúncia errada e infindáveis outras dificuldades. Lê mal e entende pouco do que lê.

A reflexão me levou a decidir por não escrever a carta e a optar por um bilhete.

Bilhete

Lembra de mim?
É assim que devo começar?
Não, melhor começar pelo pronome.

Senhor.

Por nos conhecermos – não me sinto honrado por isso – vou direto ao assunto. Tudo que diz e faz não me surpreende, apenas me dá mais nitidez daquilo que já sabia: é violento, desumano, mentiroso, incapaz de demonstrar solidariedade à dor alheia e despreza toda e qualquer pessoa que pensa diferente do que diz e pensa. Não só despreza, ameaça e, através de seus seguidores, executa.
Pode não ter gostado do que leu, mas dou os nomes de duas pessoas executadas, indiretamente, ao seu mando: Marcelo Arruda e Benedito Cardoso dos Santos.

Mas, confesso, não conhecia e me surpreendeu a sua capacidade de fazer com que muita gente saísse e, ainda, saia a luz, para no dia a dia, demonstrar o que são: maldosos, desumanos, imbecis, hipócritas, canalhas, ridículos, idiotas, burros… Paro, pois a lista de adjetivos é extensa.

Outra surpresa, também, é a sua enorme capacidade para construir o ódio e espalhá-lo com um vigor jamais visto na nossa história. Vigor talvez inferior ao de Mussolini e Hitler.

O senhor conseguiu dividir a sociedade, segundo sua concepção, entre os bons e os maus, sendo, os bons aqueles que andam armados e agridem e matam pessoas pretas, homossexuais…, enfim quem não reza na sua cartilha fascista.

Ih!, pronto, o bilhete começou a ficar longo e como já sei que o senhor não é dado à leitura decidi não o enviar.

Recado o senhor lê?

Recado

Senhor

Neste final de ano, antes das eleições, o melhor presente que seu governo poderá dar ao Brasil e ao povo brasileiro é a sua renúncia. Renunciar à candidatura, melhor ainda – seria a graça divina –, renunciar à presidência da República.

Que vergonha!

Sinto vergonha toda vez que ele abre a boca. No dia 7 de setembro ele disse: “Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas”. [Elegeu Lula antes da eleição]. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está é na minha frente”.

Terminou de falar, beijou Michelle e puxou a palavra de ordem: “imbrochável, imbrochável, imbrochável”. Que vergonha!

Ao ouvir, concluí: neste 7 de setembro teve mais importância e relevância o pênis dele que o coração de D. Pedro I.

Oswaldo Rios, ao ouvir este comentário, reagiu: não há relevância, nenhum dos dois funcionam.

Manifesto

Não posso deixar de me manifestar: dia 2 de outubro temos que derrotar o fascismo. Derrotá-lo de maneira peremptória é eleger Lula no primeiro turno e aqui no Paraná é votar no Requião e levar a disputa para o segundo turno.

Para completar: renovar – votando num coletivo de mulheres: Rosane Ferreira, Elsa Campos e Marlei Fernandes – no Senado votando em 433.

Manifesto: não me calo diante de fascistas.

 

Dr. Rosinha é médico aposentado e ex-deputado.

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