A JABUTICABA FINANCEIRA

Com um título bem-humorado “A jabuticaba Financeira” de Bruno Mader é um texto de grande profundidade e correção técnica sobre a maior restrição ao desenvolvimento do Brasil: os gigantescos juros pagos pelo Estado ao setor privado.

Somente em 2024 foram desviados 950 bilhões de reais (8% do PIB) do orçamento público para pagar juros ao capital financeiro. Como consequência, a aplicação de recursos nas áreas sociais, na redução da desigualdade e no desenvolvimento econômico ficaram contidos, restringindo o desenvolvimento social e econômico do nosso país. Além disso, as elevadas taxas de juros condicionam o crescimento do investimento e da atividade econômica, impedindo o salto de desenvolvimento que precisamos e que, não fosse a distorção financeira, poderíamos perfeitamente ter.

A jabuticaba não está propriamente na existência de rentismo financeiro, mas na dimensão da drenagem de recursos e nos mecanismos que usa para impor seus interesses à sociedade, tornando-o a principal destinação do dinheiro público. Uma taxa real de juros em torno de 10% implica em 8% do PIB transferido ao capital financeiro. Um paraíso para os bancos e fundos e um inferno para a população.

Se não confrontado por governos de base popular, o mercado financeiro especulativo atua para impor políticas de austeridade e para dominar as decisões monetárias e cambiais do país. E, dessa forma, podem derrotar governantes democraticamente eleitos.

Infelizmente, prevalece uma mídia controlada pelos interesses da banca financeira, conduzindo a opinião pública a conclusões falsas, que só se mantém porque não há espaço para o confronto de opiniões. Quando só há uma versão a mentira tem campo fértil.

A hegemonia na opinião pública baseada em mentiras, a dominância institucional na definição dos juros e da política cambial e a dimensão das transferências públicas caracterizam a “jabuticaba financeira”. A alusão à saborosa fruta que só existe no Brasil serve para denunciar algo também com jeitinho brasileiro, mas com sentido oposto.

O conhecimento dos mecanismos que nos levaram a essa submissão é essencial para todos aqueles que querem transformar nosso país em um país digno. Mais ainda para os socialistas.

O texto de Bruno Mader Lins analisa as razões e a cronologia da construção da dominância financeira, explicando porque a taxa de juros é estruturalmente alta. É uma construção teórica com uma competente base técnica. Uma importante contribuição para a compreensão da sangria financeira brasileira.

Por isso estamos publicando “A Jabuticaba Financeira”. Recomendamos sua leitura, pois o texto permite desvendar o que o pensamento único e falso da mídia hegemônica esconde. Uma compreensão indispensável para que possamos entender, discutir e lutar com as melhores armas para vencer o domínio da especulação financeira no Brasil.

Confira completo aqui.

Texto publicado originalmente na Revista Phenomenal World: https://www.phenomenalworld.org/pt-br/analises/a-jabuticaba-financeira/

Bruno Mader Lins

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Bruno Mader Lins
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