O PSOL realiza, nesta terça-feira (29), a partir das 18 horas, ato público em defesa de Jean Wyllys e da democracia, na Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco), em São Paulo. O evento é organizado juntamente ao Centro Acadêmico XI de Agosto. O ato vai contar com a presença de juristas, lideranças partidárias e sociais, intelectuais e artistas, além de apoiadores da luta LGBT, dos direitos humanos e da democracia.
Estão confirmadas as presenças de Guilherme Boulos, Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, Daniela Liborio (conselheira federal da OAB), Amelinha Teles e Laerte Coutinho.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou na quinta-feira (24) que iria deixar o Brasil e abrir mão de seu mandato. Eleito pela terceira vez consecutiva em 2018, Wyllys é a principal referência da luta pelos direitos LGBTI no Congresso e, diante da ascensão de Jair Bolsonaro à presidência, teme por sua vida e sua integridade física. O parlamentar vinha recebendo graves ameaças a ele e familiares.
Confira nota da Kizomba:
Nota em Solidariedade a Jean Wyllys
Às relações que estruturam nossa sociedade e o sistema civilizacional capitalista estruturam-se no patriarcado e no racismo. O patriarcado por sua vez impõe papéis de gêneros e punições severas de dor, sofrimento, perseguições e duras vidas de torturas e opressões a quem diverge do homem cis hétero branco. A LGBTfobia e o LGBTcídio são grandes fenômenos de repulsa social ao não cumprimento do padrão imposto de vida, de costumes e de afetos.
Desta forma, o Brasil segue isolado em 1° lugar no ranking mundial dos países que mais matam pessoas LGBT, tendo aumentos significativos desses assassinatos nos últimos anos.
De 2016 a 2017 aumentou em 29% os assassinatos de pessoas LGBT segundo dados do relatório do Grupo Gay da Bahia – GGB, enquanto de 2017 a 2018 subiu em 30% os assassinatos a pessoas trans segundo dados da Rede Trans Brasil, sendo desse perfil de pessoas trans assassinadas mais de 90% do gênero feminino e mais de 80% de negras e negros. É nesse cenário que é eleito Bolsonaro, famoso pela luta contra as minorias, os direitos humanos e o politicamente correto.
O descaso com a política pública LGBT e a população do país, bem como a onda de ataques e perseguições a ativistas dos direitos humanos no nosso país é alarmante e é nesse cenário que tivemos a prisão do ex presidente Lula, a execução de Marielle Franco, a tentativa de assassinato de Marcelo Freixo e agora o Exílio político de Jean Willys, único Deputado Federal assumidamente gay e lutador ferrenho da luta contra as opressões sexuais, de gênero e de raça.
Jean é exemplo de resistência para a população LGBT, seu exílio é uma questão de saúde e sobrevivência, mas não deixa de ser também um grande ato de denúncia internacional do conservadorismo doentio e agressor que afunda o Estado Brasileiro e se institucionaliza cada vez mais com o Governo de Bolsonaro.
É nesse cenário que nos fazemos cada vez mais resistência e nos encontramos com nossas essências. Desejamos um bom desempenho à David Miranda que assume como Deputado Federal e reforçamos nossos votos de compromisso com a democracia e a defesa da nossa população, na ruas, nas universidades, nas escolas, onde estivermos.
Existimos, resistimos e permaneceremos!
Kizomba
25 de janeiro
Com informações da Redação da Fundação Perseu Abramo.