O Comitê Popular das Mulheres Feministas Brasileiras é uma articulação democrática-popular do movimento feminista com representações nacionais dos movimentos sociais auto-organizados, mistos, centrai sindicais, partidos, entidades, redes e frentes de atuação política do campo da esquerda. Este comitê foi fundado a partir de necessidade do feminismo brasileiro de se articular contra as reformas do golpismo de Temer, os terrores da gestão bolsonarista e em defesa da candidatura do agora presidente Lula. No entanto, nossa articulação não se encerrou no processo eleitoral, segue na luta em defesa da vida, por autonomia, igualdade, liberdade e dignidade para as mulheres.
Articuladas nas Frentes Brasil Popular (FBP) e Povo Sem Medo (PSM), essas mesmas organizações já vinham debatendo e construindo lutas das mulheres frente ao avanço do conservadorismo, seja no “Fora Cunha”, na denúncia contra o golpe sofrido pela presidente Dilma Rousseff, seja nas violências econômicas impostas pelo golpismo, com as Reformas Trabalhistas e da Previdência e a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos (EC 95). Seguimos reafirmando a luta feminista no enfrentamento à violência sexista, ao racismo, à LBTfobia, e em defesa dos direitos dos sexuais e reprodutivos das mulheres.
A pandemia expôs e aprofundou as violências estruturais de classe, raça e gênero inerentes à sociedade brasileira e nós estivemos permanentemente em marcha pela vida digna de todas e todos as/os brasileiras/os.
Mais recentemente, nos quatro duros anos, seguimos nas ruas, mobilizadas na resistência e no enfrentamento ao governo Bolsonaro e suas políticas fascistas e anti-povo, que, não por acaso, nomearam as mulheres e o feminismo como um dos seus principais adversários.
A eleição de Lula é para nós uma importante vitória, mas a batalha contra os retrocessos ainda está posta e são muitos os desafios e tarefas para o próximo período. Por isso, o Comitê Popular das Mulheres Feministas Brasileiras se coloca como espaço para articular a unidade entre as organizações que a compõem para a recomposição de direitos cassados pela extrema-direita e para o fortalecimento da nossa luta pela conquista por mais direitos e em defesa das bandeiras históricas do movimento de mulheres e feminista do nosso país.
Por isso, neste 8 de março de 2023, seguimos mobilizadas em defesa da vida das mulheres, em marcha, nos campos, nas florestas, nas águas, nas cidades e nas redes. Seguimos organizadas coletivamente para o enfrentamento ao machismo, ao racismo, ao capitalismo que mercantiliza nossos corpos, nossas vidas, que explora nossa força de trabalho e invisibiliza todo o trabalho doméstico e de cuidados para a sustentabilidade da vida que no realizamos, que violentam nossos corpos, territórios, culturas, ambientes, nossos povos, filhos e filhas.
Depois de anos enfrentando as violências decorrentes de um governo fascista, racista, machista e genocida, vendo e vivenciando o aumento da fome e da miséria no nosso país, vivemos agora momentos de esperança. Com o governo do presidente Lula, acreditamos que voltaremos a viver em uma democracia, com respeito às instituições. Um governo que desenvolverá politicas para enfrentar as profundas desigualdades sociais, de classe, raça e gênero que marcam o Brasil, com ações urgentes como a revogação da EC do teto de gastos, da reforma trabalhista e previdenciária. Desejamos e lutaremos para que seja um governo com intensa participação popular, que ouça as mulheres para construção participativa de políticas públicas, que enfrente a fome, a pobreza e a violência e que proporcione bem viver para o povo.
Sabemos que ter a democracia é fundamental para termos uma vida de respeito, paz, para sermos vistas como sujeitos de direito e de transformação social, para que as politicas consigam responder às nossas reais necessidades. Para nós é urgente o enfrentamento à fome nos campos, florestas, águas e cidades, com políticas que fortaleçam a produção e a distribuição de alimentos saudáveis para todas as pessoas e que fortaleça o trabalho realizado pelas mulheres. Ao mesmo tempo, nossa busca maior é por bem viver, por uma vida com dignidade, igualdade, justiça, liberdade e paz.
Por isso afirmamos nosso lema: Pela vida das mulheres: Em luta contra a fome, pela democracia e pelo bem viver.
Nesse sentido, apresentamos 13 pontos estratégicos que consideramos fundamentais para que os governos federal, estaduais e municipais busquem dar resposta ao enfrentamento da fome, na defesa da democracia e na promoção do viver para as mulheres e o povo brasileiro.
Leia o documento na íntegra: