Evo Morales, Alexandre de Moraes e presidentes do Senado, Câmara, OAB, CNBB e CUT repudiam a execução de Marcelo Arruda. ABJD exige “ações enérgicas para frear o armamento em massa.
O assassinato do guarda municipal e militante do PT Marcelo Arruda pelo policial bolsonarista Jorge da Rocha Guaranho recebeu o repúdio dos dirigentes das principais instituições da República. Nas redes sociais, o ex-presidente boliviano Evo Morales também se manifestou, lembrando que o discurso de ódio traz morte e divisão.
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou em seu perfil no Twitter que o crime “é a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual e nos mostra, da pior forma possível, como é viver na barbárie”. Na sequência, Pacheco exortou os líderes políticos a combater o ódio. “A convivência com o contraditório deve ser mais do que respeitada. Deve ser preservada e estimulada”, pediu o senador.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), divulgou nota oficial nesta segunda-feira (11), pedindo respeito à democracia e à garantia da defesa de posições partidárias. “A campanha eleitoral está apenas começando. Conclamo a todos pela paz para fazer nossas escolhas políticas e votar nos projetos que acreditamos. Esta é a premissa de uma democracia plena e sólida, como a nossa”, afirmou Lira.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também condenou o assassinato. “A intolerância, a violência e o ódio são inimigos da Democracia e do desenvolvimento do Brasil. O respeito à livre escolha de cada um dos mais de 150 milhões de eleitores é sagrado e deve ser defendido por todas as autoridades no âmbito dos 3 Poderes”, afirmou Moraes. Até às 13h desta segunda, o presidente do STF, Luiz Fux, ainda não havia se manifestado oficialmente.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Beto Simonetti, o episódio de Foz do Iguaçu “reforça a necessidade de unidade das instituições, inclusive dos partidos, em torno da civilidade. “Cabe aos líderes políticos darem exemplos de paz e tolerância para que o ambiente eleitoral seja pacífico, alinhado aos pilares da democracia e nos conduza às soluções de que a sociedade precisa, conclamou.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ressaltou a “insanidade que transforma uma festa de aniversário, momento de alegria e fraternidade, em cenário de violência e morte”. “Para que o país se torne mais justo, solidário e fraterno, todos precisam se unir a partir do compromisso com a paz. Não importa qual seja a convicção política, o partido, as diferenças”, lembrou o religioso, pregando “o diálogo e a cultura do encontro, na luta pela justiça e pela paz”.
Em nota oficial, dirigentes da Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia (ABJD) ressaltam que o homicídio foi motivado por ódio político, e “faz parte de uma série de ocorrências nos últimos dias que mostram a escalada da violência”. A nota enumera os ataques ocorridos contra atos públicos de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva e o ataque ao carro do juiz Federal Renato Borelli, responsável pela prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
“O Brasil se prepara para as eleições de outubro em um clima de insegurança que exige das autoridades dos demais poderes da República, com especial destaque à Procuradoria-Geral da República que se encontra inerte, ações enérgicas para frear o armamento em massa que é fruto da política do governo federal”, prossegue a nota. A entidade exige medidas “para conter a propagação de estímulo à violência travestida de liberdade de expressão, diuturnamente disseminada pelas redes sociais por Jair Bolsonaro, ministros, parlamentares e aliados em geral, em reuniões e eventos oficiais”.
Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre condenou a falácia da “polarização”. “Não é polarização, é crime. Não é polarização, é bolsonarismo criminoso”, afirmou em seu perfil no Twitter. “Entrar numa festa alheia atirando e matando alguém porque esse alguém é petista é crime, assassinato premeditado, motivado por ódio, estimulado pelo modo Bolsonaro de desgovernar. #Basta”.
Imprensa estrangeira preocupada com “escalada da violência política”
O caso vem sendo amplamente repercutido desde o domingo (10) pela imprensa internacional, incluindo os jornais franceses Le Parisien e Le Figaro, o argentino Infobae, o espanhol El País e a agência britânica Reuters. A Reuters destacou a morte de Marcelo Arruda classificando o episódio como um “mau presságio” sobre o que ocorrerá no Brasil durante a campanha eleitoral. O despacho da agência foi replicado em 6.250 veículos noticiosos de todo o mundo.
O espanhol El País apontou: “Líder do PT brasileiro é morto a tiros pelas mãos de um policial bolsonarista”. A agência France Presse distribuiu despacho, para reprodução em jornais como Le Figaro, lembrando que “o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro facilitou o acesso a armas desde que chegou ao poder”.
O jornal português Diário de Notícias lembrou que o apoiador de Bolsonaro invadiu a festa para matar o aniversariante lulista. E o Público seguiu a mesma linha. Jornais argentinos como Clarín, La Nación e Página 12, noticiaram o crime com destaque. Também argentino, o site Crônica escreveu que Guaranho entrou no aniversário de Arruda “gritando a favor de Jair Bolsonaro” para matar o petista.
O Hoy Paraguay, do país vizinho à cidade Foz do Iguaçu, reportou a morte e frisou que autoridades salientaram o perfil bolsonarista do criminoso. A rede de TV venezuelana TeleSur também informou sobre a tragédia, salientando o clima de crescente violência por parte dos bolsonaristas.
No Canadá, o La Presse destacou a profissão da vítima e do agressor, ambos da área de segurança pública, e o perfil violento e extremista bolsonarista Garanho nas redes. Com foto na capa da edição desta segunda (11), o New York Times traz reportagem reconstituindo a viagem de Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados há mais de um mês na fronteira do Brasil com o Peru.
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Via PT – Da Redação, com informações de agências.