. A importância do PT assumir a palavra de ordem é que ela identifica e organiza a oposição democrática popular, a oposição de esquerda ao governo e sintoniza com o clamor crescente que vem das ruas e que busca um sentido unitário
. Não é contraditória com ações ou iniciativas de outros setores que defendem a renúncia ou um processo de impedimento, mas nos permite construir unidades em frentes distintas de atuação. Seus limites são evidentes, pois dependem do apelo ou pressão ao próprio e/ou da construção de uma maioria no Congresso.
. Não se trata de desrespeito a resultado eleitoral (2018) ou algo ilegítimo diante do calendário democrático de 2022, nem do questionamento da eleição pelo golpe ao mandato de Dilma, a fraude processual e prisão de Lula e a todos os desdobramentos posteriores em relação a operação Lava Jato, a ação do judiciário e da mídia e a fraude das “fakes”.
. O “Fora Bolsonaro” hoje tem a legitimidade do secular “direito à rebelião” do povo, contra a tirania e os ataques permanentes do presidente ao regime democrático em sua pregação contra o Congresso, o Judiciário e os partidos políticos.
. A legitimidade do “Fora Bolsonaro” expressa-se, também, pelo constante ataque e supressão de direitos econômicos e sociais conquistados ao longo do século XX pelo povo brasileiro. Como direitos trabalhistas, educacionais e de saúde, consagrados na Constituição de 1988.
. A legitimidade do “Fora Bolsonaro” expressa-se, também, pelos crimes de lesa pátria e de ataques irreversíveis ao patrimônio público que a nação brasileira construiu ao longo do século XX, como a Petrobrás, a Eletrobrás, a Embraer, os bancos públicos nacionais e regionais, as Universidades, a rede hospitalar estatal e os centros de pesquisa e conhecimento científico.
. Da mesma forma, legitima-se nossa luta pela entrega subserviente desse governo da soberania nacional ao imperialismo dos EUA, na contramão do multilateralismo, da luta pela paz e da integração regional e do direito a autodeterminação dos povos que o país necessita.
. A pandemia escancarou ainda mais a ilegitimidade desse governo por sua política genocida contra o necessário isolamento social que o governo deveria orientar e garantir com políticas de renda básica, de sustentação das redes públicas de saúde, revogando os cortes de gastos no sistema federativo do SUS e pelo estímulo ao abastecimento direto e as compras governamentais da agricultura familiar e das cooperativas.
. A decisão d PT deve ser acompanhada, imediatamente, da iniciativa de unificar o campo político partidário que assume a proposta, garantir a participação de setores dissidentes dos partidos do centro que queiram aderir ao “Fora Bolsonaro”, no plano nacional e na reprodução federativa da proposta através da iniciativa em cada Estado, em cada Município.
. Devemos estimular que as frentes sociais (sindicais, estudantis, movimentos populares e culturais) assumam também a iniciativa desdobrando-as de acordo com as realidades próprias de cada instituição, na mesma direção e objetivo.
. Os acontecimentos do último domingo, com Bolsonaro participando e estimulando as manifestações organizadas em frente aos quartéis pedindo o fechamento do Congresso e do STF, o pandemônio entre os ministérios no trato da pandemia e das políticas econômicas para enfrentar a crise viral e suas avassaladoras consequências, o delírio alucinante da chancelaria anunciando o caráter e o complô “comunista”do coronavirus demonstram que com esse governo não há diálogo, não há nenhuma sensatez.
. A saída é a construção do movimento e da maior unidade possível no “Fora Bolsonaro”. O custo social para o país com esse governo será insustentável, impagável. Quanto mais cedo terminar, melhor para o povo e a nação brasileira.
Raul Pont é da Coordenação Nacional da DS. Membro do Diretório Nacional do PT.