A direita quer liquidar o atual ciclo progressista para impor um programa de retrocessos já enunciados no documento “Pontes para o Futuro”, plataforma do vice-presidente golpista Michel Temer. Uma confrontação em larga escala está colocada com um desfecho a curto prazo, que irá modificar profundamente os termos a favor da esquerda ou a favor da direita.
A derrota do golpe poderá abrir a porta para novos avanços que tirem o ciclo progressista do impasse em que se encontra desde 2015. Estamos defendendo o já conquistado, o direito de conquistar mais e, sobretudo, retomar coerência programática de governo e aprofundar as mudanças.
Para isso, é fundamental cumprir o plano de lutas que se inicia neste dia 10 de abril (ver abaixo). Vamos ocupar Brasília e o Brasil para barrar os golpistas!
Uma grande conquista do processo recente foi a unificação na luta das duas frentes, a Brasil Popular e a Povo Sem Medo. Junto aos movimentos sociais quase todas as esquerdas partidárias – sem perder suas respectivas identidades em relação ao governo Dilma – já se somaram. Ficou de fora apenas o PSTU com seu sectarismo obtuso que, na prática, o faz aliar-se à direita golpista. Mas o processo tem ido muito além disso.
Tem sido impressionante a atividade de estudantes e professores de escolas e universidades, criando comitês contra o golpe e fazendo mobilizações em todo o país. Um número imenso de artistas tem somado suas vozes criticando a mídia golpista e defendendo a democracia. A recaída golpista da OAB, repetindo seu crime de 1964, foi respondida por milhares de advogados em todo o país. As mobilizações em defesa da democracia espraiaram-se pelas periferias dos grandes centros urbanos e nas cidades pelo interior dos estados. Os movimentos culturais, de mulheres, de moradia têm sido imprescindíveis para esta forte ampliação da luta democrática. A unidade na luta contra o golpe de Estado já é muito maior que a própria frente informal constituída no segundo turno da eleição de 2014.
Somando-se a esse processo, a bancada federal do PT assumiu novo rumo. Recentemente brecou mais uma concessão neoliberal advinda do Ministro da Fazenda, que tentava aplicar arrochos sobre o funcionalismo, retomar privatizações e ameaçar a validade da Lei do Salário Mínimo. A combinação de mobilização e unidade popular com a retomada do protagonismo parlamentar (da bancada do PT e da esquerda em seu conjunto) com uma orientação baseada num programa popular para sair da crise – como aprovado pelo Diretório Nacional do PT – são elementos fundamentais para uma reorientação do rumo do governo, concomitante à chegada do ex-presidente Lula, seja como ministro, seja como assessor presidencial. É igualmente fundamental que o governo faça sua parte, enfrente com mais decisão o golpe e abandone de vez as tolices neoliberais.
Lutamos por democracia e lutamos por implementar o programa democrático-popular que venceu as eleições em 2014.
Para tentar desmoralizar o povo e evitar sua mobilização, a grande mídia e seus aliados na Justiça, no Ministério Público e na Polícia Federal apresentarão uma enxurrada de delações, denúncias, difamações, agressões, violências simbólicas e físicas. Nesse contexto, é preciso responder com vigor qualquer ato contra militantes e a cidadania democrática, assim como o MST responde a cada violência sofrida por seus companheiros e companheiras. O vazamento seletivamente antipetista da delação premiada dos empresários tucanos da Andrade Gutierrez é o primeiro capítulo. Não nos enganarão. Não nos deterão.
Aprendemos nessa jornada que nossa vitória se faz com organização, mobilização e luta com a mais ampla unidade antigolpista!
Circular 11_2016_Orientações para a mobilização em defesa da Democracia
O Coletivo Nacional da Frente Brasil Popular reunido hoje no Sindicato dos Bancários em São Paulo define como orientações prioritárias para o próximo período os seguintes pontos:
Orientações de mobilização:
1- Realizar um Acampamento Nacional pela Democracia em Brasília a partir do dia 10/04 até o dia da votação, aberto a participação de delegações de todos os estados.
2- Estimular as diversas inciativas de mobilização e luta que estão ocorrendo em especial no dia 11/04 quando se dará a votação na Comissão do Congresso. Neste dia, em Brasília, fortalecer a mobilização local para o ato de lançamento do Acampamento e de pressão sobre a Comissão em frente ao Congresso. Nas demais capitais fortalecer abordagens aos Deputados nos aeroportos pressionando pelo voto contra o Impeachment.
3- Promover no dia 15/04 uma Jornada Nacional de Mobilização contra o Golpe, fechando estradas, fazendo paralisações e assembleias em fábricas, entre outras ações de impacto a serem definidas nos estados.
4- Colocar centralidade na realização de uma Vigília pela Democracia no dia 17 de Abril, dia da votação no Congresso, em todas as capitais, com concentração nacional em Brasília, e mobilização em todas as cidades onde for possível. Os estados devem organizar as concentrações em locais públicos reunindo milhares de pessoas para acompanhamento da votação, sempre primando pela segurança. Caso haja alteração do calendário do Congresso, a operativa da FBP em diálogo com a Frente Povo sem Medo ajustará a nova data.
5- Promover plenárias da Frente Brasil Popular nos estados para mobilizar e organizar a atuação da militância nesse calendário.