A CSD no Rio Grande do Sul elaborou documento no qual relata e busca justificar a construção da chapa para disputa das eleições do CPERS/Sindicato em composição com a CONLUTAS e a INTERSINDICAL, centrais que atuam em oposição à CUT.
Leia a íntegra do documento.
Um novo caminho para o CPERS
Desde a retomada da nossa intervenção na direção central do CPERS/Sindicato, estivemos construindo a composição de um campo político de esquerda. Além da CSD, este campo é composto pela Articulação de Esquerda, Esquerda Democrática e Tendência Marxista.
Nossa política do campo tem gerado um crescimento substancial, seja quantitativo (saltamos de 4 núcleos para os atuais 10) quanto qualitativo.
Durante a gestão tivemos imensas dificuldades em diversos momentos, seja pela verdadeira batalha que tivemos que travar para garantir a manuntenção do sindicato filiado à CUT, seja pelos equívocos cometidos pela corrente Articulação Sindical. Destas ações podemos citar inúmeros episódios de rompimento de acordos às vesperas de Conselhos Gerais, Assembléias gerais e até mesmo, de ações contra o Governo Yeda, nos quais tivemos um imobilismo da ARTSIND, como por exemplo, o boicote da ocupação do Centro Administrativo, mês passado, na qual a ARTSIND contava apenas com três membros da direção do CPERS e nem sequer representações de núcleos por eles hegemonizado.
Em que pese todos esses elementos, a primeira força polítca que procuramos para dialogarmos acerca da eleição do CPERS foi exatamente a Articulação Sindical. De pronto apresentamos uma proposta de método para a discussão, na qual deveríamos inciar a discussão pelos elementos programáticos de nossa eventual chapa e das medidas e posicionamento de oposição ao Governo Yeda, nosso grande inimigo de classe aqui no estado que, após quase dois anos de governo, segue de lombo liso, apesar de tentativas como a CPI do DETRAN e de lutas pontuais, como a luta contra a privatização do Banrisul e de estatais como a CORSAN. A Articulação Sindical refutou a nossa proposta de método, propondo de pronto a discussão sobre a composição da direção. Nesta proposta da ART vimos claramente a sanha do hegemonismo desta corrente, na qual propunha praticamente dobrar o seu tamanho na direção central, o que significaria ter mais de 50% da direção (vale lembrar que hoje a CSD e ARTSIND tem o mesmo tamanho na atual direção). A lógica de maioria não nos surpreende, mas é inaceitável que numa conjuntura difícil para os trabalhadores(as) em educação se discuta uma chapa com uma corrente que sequer se dispõe a debater a situação da categoria, no sentido de construir um programa que de fato enfrente o governo da Yeda, que rompa com o imobilismo da nossa central.
A partir da frustração dessa mesa de negociação, nós da CSD, AE e ED abrimos uma nova mesa, desta vez, com companheiros integrantes de outras centrais sindicais e agrupamentos políticos de esquerda com militância no CPERS, dos quais destacamos a INTERSINDICAL e a CONLUTAS. Sabíamos da dificuldade de uma negociação com esta amplitude, na dificuldade de unificarmos os fragmentos daquilo que um dia estava aglutinado dentro da CUT, mas também tinhamos clareza da necessidade do movimento sindical romper a fragmentação . O primeiro motivo residia justamente nesta questão: a batalha pela manutenção da filiação da CUT, travada ao longo da atual gestão, na qual tivemos atuação decisiva. Outro elemento, este com total acordo das partes, seria o enfrentamento incessante ao Governo Yeda, às políticas neoliberais e de ataques aos direitos dos trabalhadores.
Além disso, construimos uma proposta de composição na qual garantimos uma CUTISTA na cabeça de chapa, que será a companheira Rejane de Oliveira e a paridade na composição do direção central.
Mas o que definitivamente nos levou a tomar a decisão por este caminho foi a convicção de que algo deve ser feito rapidamente para salvar a CUT. Salvá-la do imobilismo, da perda de suas referências históricas, da letargia de uma direção política da Articulação que privilegia a negociação rebaixada com um governo espúrio como é o governo Yeda, que participa da Sociedade Convergente, do Pacto pelo Rio Grande e de outros espaços de conciliação.
Sabemos das diferenças que estão colocadas nesta nova composição, mas acreditamos que é fundamental aglutinarmos as forças de esquerda, retomarmos as relações com aqueles que querem lutar e gerar um momento de reflexão inclusive dentro da CUT de que o diálogo, a democracia e a estratégia de luta precisa ser construída coletivamente. Nós não podemos continuar permitindo que visões hegemônicas que quase destruiram o PT, destruam as ferramentas da classe trabalhadora.
É a necessidade de unidade de ação do sindicalismo de esquerda no estado que nos impulsiona para esta composição. É a necessidade de reaglutinação das forças políticas que pode fazer gerar uma direção política plural capaz de organizar um novo ascenso da luta de classes no Brasil e no Estado.
Este debate foi construído com nossos companheiros e companheiras da CSD/CPERS, na Coordenação da Estadual da CSD, foi socializado na DS e com a deliberação e apoio firmado destas instâncias estaremos construindo nossa chapa para um novo período de lutas do nosso sindicato, sempre no sentido de defendermos a CUT que queremos, uma profunda relação com outros sindicatos e com os movimentos sociais.
Coordenação Estadual da CSD/RS