Penúltimo dia do 5º Congresso do MST, que até então havia priorizado os debates internos sobre os rumos e as perspectivas de luta pela reforma agrária, a quinta-feira (14/6) foi reservada para diálogos com outros atores.
Pela manhã, o movimento recebeu cerca de 25 parlamentares, entre deputados, senadores e vereadores, além de Jackson Lago (PDT), governador do Maranhão, Olívio Dutra (PT), ex-governador do Rio Grande do Sul, e Francisco Pinheiro (PT), vice-governador do Ceará.
A iniciativa de trazer políticos de vários partidos ao encontro do MST evidenciou uma nova estratégia do movimento de investir em aliados e cobrar programas para assentamentos e assentados em esferas para além do governo federal, responsável pela implementação da reforma agrária.
Segundo Jaime Amorim, dirigente nacional do MST em Pernambuco, o objetivo do movimento é buscar apoio tanto no Legislativo quanto nos Estados. No primeiro caso, para ter um contraponto à ofensiva da bancada ruralista. No segundo, para ampliar parcerias em setores como educação, assistência técnica, infra-estrutura nos assentamentos etc.
Antes de abrir espaço para as falas dos convidados, Amorim retomou a carta com as reivindicações do MST ao governo, entregue à Presidência em abril como síntese das demandas da Jornada Nacional pela Reforma Agrária – como a atualização do Plano Nacional de Reforma Agrária, priorização de programas regionais de assentamentos próximos aos mercados consumidores, desapropriação de terras de empresas estrangeira ilegalmente instaladas em áreas de fronteira, desapropriação de áreas com trabalho escravo, a atualização dos índices de produtividade e a destinação de fazendas hipotecadas nos bancos públicos à reforma agrária, entre outros.
Pelos deputados, Dr .Rosinha (PT-PR), presidente da Frente Parlamentar da Terra, reafirmou o compromisso do grupo em defender a reforma agrária contra os interesses do agronegócio.
“Vocês têm aliados”, afirmou Dr. Rosinha, acrescentando que entre eles estaria o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
No encerramento do ato, o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, cobrou de todos uma posição de comprometimento, que teria sido afirmada naquele momento. No final, como simbologia deste acordo, todos os políticos receberam e colocaram o boné do movimento.
Marcha – À tarde, cerca de 20 mil militantes do MST, segundo estimativa da PM, participaram da marcha de encerramento do 5º congresso do movimento. A manifestação percorreu cerca de sete quilômetros, entre o estádio Nilson Nelson e a Esplanada dos Ministérios.
Segundo a direção do MST, a marcha desta quinta foi uma das maiores já realizadas em toda a história do movimento. Houve cobranças duras ao governo pela lentidão da reforma agrária, os obstáculos colocados pelo Judiciário ao seu avanço e a ofensiva do Legislativo contra o projeto e os movimentos sociais.
Em frente à embaixada dos EUA, foram depositados 20 caixões cobertos com panos que traziam o número de vítimas da intervenção militar americana em vários países. Já em frente ao Superior Tribunal de Justiça, o MST estendeu uma grande faixa referente à campanha de anulação do leilão de privatização da Vale do Rio Doce.