“As eleições municipais são disputas cujo objetivo é conquistar prefeituras e bancadas para o PT, oportunidade para a esquerda avançar na luta contra o neoliberalismo e pela democracia com participação popular. Esse é o sentido que devemos imprimir às próximas eleições.
A combinação entre a retomada dos movimentos de massas com a unidade da esquerda nas disputas municipais serve à estratégia de reforçar a capacidade conjuntural da esquerda e ao objetivo de chegar a 2026 com mais força para vencer a eleição presidencial e formar maioria para governar.”
DS, 4ª Plenária Nacional, dez.23
É sabido e comemorada a grande vitória política e eleitoral que foi a eleição presidencial de 2022. No entanto, a vitória de Lula não automatiza um giro imediato na correlação de forças. O “bolsonarismo” segue forte, governando estados como São Paulo, Rio, Minas, Mato Grosso, DF, Acre, Roraima, Paraná, Goiás e Tocantins. Tem peso significativo no Congresso Nacional e em aliança com o “Centrão” faz maioria folgada para as pautas conservadoras, austerecidas, destruidoras de direitos e do planeta.
Nas eleições de 2020 o resultado para o PT (e a esquerda em geral) nas grandes cidades pode ser sintetizado assim: Em 2020, o PT não elegeu nenhuma capital e avançou de zero para 4 cidades com 2º turno – Diadema (SP), Juiz de Fora (MG), Contagem (MG) e Mauá (SP). O PSOL conquistou Belém (PA). O PSB conquistou duas capitais, Recife (PE) e Maceió (AL) que depois passou para o PL, e duas cidades com segundo turno, Petrópolis (RJ) e Guarujá (SP). O PDT conquistou duas capitais, Aracaju (SE) e Fortaleza (CE), e mais duas cidades com segundo turno, Niterói (RJ) e Serra (ES). Das 100 cidades mais populosas do Brasil, a esquerda elegeu apenas 13 no total e agora governa 12.
As eleições de 2024 são o momento de virar este quadro.
É muito provável que o desempenho da esquerda seja melhor do que em 2020 e 2016, mas não tem automatismo nenhum. Principalmente porque além do peso institucional da ultra direita, tem também o seu enraizamento social entre camadas expressivas do povo e um ativismo político alheio ao debate público, confiante nas “verdades”das suas lideranças e abnegados na missão de “acabar com a esquerda”.
O PT além de disputar a reeleição nas grandes cidades que governa – com nosso destaque para Juiz de Fora (MG) com Margarida Salomão – o PT deverá se apresentar com candidaturas em várias cidades com 2º turno. Porto Alegre (Rosário), Belo Horizonte (Rogério Corrêa), Vitória (João Cozer), Natal (Natália Bonavides), Goiânia (Adriana Accorsi), Campo Grande (Camila Jara), Cuiabá (Lúdio Cabral), Teresina (Fábio Novo), Caxias (RS – Denise Pessoa), Pelotas (RS – Marroni), Santa Maria (RS – Valdeci), Uberlândia (MG – Dandara), São Gonçalo (RJ – Dimas Gadelha), Campinas (SP – Pedro Tourinho), Osasco (SP – Emidio de Souza), São Bernardo (SP – Luiz Fernando), Anápolis (GO – Antônio Gomide), Feira de Santana (BA – Zé Neto), Vitória da Conquista (BA – Valdenor Pereira). Esses são alguns exemplos de candidaturas competitivas.
Os destaques são Fortaleza e Salvador. Em Fortaleza a maioria política da direção filiou Evandro Leitão (que era do PDT e presidente da Assembléia Legislativa) para disputar a vaga de candidato com a companheira Luizianne Lins (que foi prefeita da cidade reeleita e foi candidata nas difíceis conjunturas de 2016 e 2020) e que hoje se destaca nas pesquisas de intenção de votos. E em Salvador onde o PT estava unido em torno da pré candidatura do companheiro Robinson Almeida para disputar a eleição e ao final o “Conselho Político do Governo” optou por apoiar a candidatura do atual vice-governador, Geraldinho do PMDB.
O PT apoiará o PSB em Recife e em São Luiz. Provavelmente a reeleição do Edmilson do PSOL em Belém (apesar das pesquisas indicarem que a possibilidade de reeleição seja remota) e o PSOL, com Guilherme Boulos em São Paulo.
A disputa em São Paulo é desde há muitos pleitos a mais “nacionalizada”. E desta vez não será diferente. O conflito central se dará entre a reeleição do bolsonarista Ricardo Nunes, do PMDB e Guilherme Boulos, do PSOL, que em 2022 já disputou com Bruno Covas (PSDB) o 2º turno. Com o falecimento do prefeito eleito, assumiu o vice, este Nunes que agora disputará a reeleição e representa todo o programa neoliberal de entrega da cidade para o capital com apoio do governador Tarcísio e do Bolsonaro. Vale lembrar que em 2024 Lula e Haddad venceram na cidade de São Paulo, agora precisamos de um programa anti neoliberal e de uma campanha que empolgue amplos setores populares para resgatar a cidade, com participação popular e estímulo a auto-organização.
Não é correto afirmar que Marta Suplicy como vice é responsabilidade exclusiva do PT. A aceitação do Boulos e de amplos setores da direção do PSOL confirmam que há apoio entre militantes do PSOL para esta fórmula.
Temos inúmeras razões para desabonar a indicação da ex-prefeita, mas reconhecemos que tem no PT de São Paulo uma significativa maioria política na direção partidária que defende esta tese e na base eleitoral tem uma memória positiva de políticas implementadas na sua gestão, tais como o Bilhete Único e os CEUs.
Temos como centro da tática eleitoral derrotar o neoliberalismo e a ultra direita. Para enfrentar as contradicões nas alianças propostas ou já realizadas, contamos com a defesa de um programa anti neoliberal que una o PT e a esquerda e seja capaz de mobilizar e organizar milhões.
Para a Democracia Socialista estas eleições têm uma importância decisiva
Nas eleições de 2020, em plena pandemia, tivemos um resultado muito bom, elegendo várias companheiras e companheiros, destacando-se muitas jovens e negras.
Neste ano, novos desafios. Reeleger toda a nossa bancada de vereadoras e vereadores e ampliar a nossa presença nas câmaras municipais. E não só ampliar a representação institucional, mas principalmente fazer do período eleitoral um momento privilegiado para a construção, enraizamento e ampliação da nossa tendência. Isto requer uma atenção e um planejamento adequado de cada Coordenação Estadual. Realizaremos no mês de maio de 2024 uma plenária nacional do Grupo de Trabalho Nacional com todas as pré candidaturas aos legislativos municipais. Para tanto, é importante que em cada estado ocorra uma reunião estadual preparatória, que identifique as pré-candidaturas existentes e os objetivos de cada uma delas. Desde eleger até cumprir o importante papel de construção da tendência.
O que é um programa anti neoliberal para o município? Qual a plataforma para o executivo? Quais são as propostas concretas? E para o legislativo municipal? No curso da preparação da nossa plenária, com as reuniões nos estados, vamos elaborar, analisar as experiências passadas e as atuais e abrir a imaginação para o futuro.
Fortalecer a nossa tendência é decisivo também para a disputa que se avizinha para a renovação das direções do PT em todos os níveis, que ocorrerá em 2025. Como bem sabemos, é fundamental preparar bem para disputar bem os rumos do PT. Para grandes objetivos a curto e médio prazo, a hora da partida é agora!
GTn (22.01.2024, editado em 29.01.2024)