A grande maioria dos tanques de guerra e do aparato militar utilizado durante a deposição do presidente Mohamed Mursi no Egito e também nos confrontos sangrentos com a Irmandade Muçulmana foi comprado com verbas repassadas pelos EUA às Forças Armadas egípcias. Mais do que isso, o dinheiro de Washington enviado para o Cairo serviu para pagar bilhões de dólares para empresas norte-americanas, fornecedoras de artefatos de guerra.
O governo norte-americano repassa anualmente $1,3 bilhões de dólares ao Exército egípcio – considerado um dos mais poderosos da região entre Oriente Médio e Norte da África. Esse valor representa 80% do valor gasto pelo Egito na aquisição de aparato militar. Segundo dados oficiais, desde 1948, Washington já repassou mais de $40 bilhões de dólares aos cofres militares do país africano.
A lógica da indústria das armas é a seguinte: dos bilhões enviados ao Egito por Washington, grande parte “volta” aos EUA, uma vez que os principais fornecedores de armas e instrumentos de guerra são norte-americanos.
A empresa Lockheed Martin, que fornece jatos de guerra, por exemplo, faturou $2,5 bilhões de dólares em 2010 em transações com o governo egípcio. Eles entregaram 14 aviões até o momento e vão entregar mais quatro até 2014. Outro exemplo, é a The Apache que vendeu 2000 helicópteros militares. O valor da transação, no entanto, não foi divulgado. Já a General Dynamiccs ganhou cerca de $4 bilhões de dólares com a venda de tanques de guerras.
“Isso é claramente um programa de subsídios para essas empresas”, afirma Shana Marshall, especialista em estudos do Oriente Médio da Universidade da Georgia. Isso (o financimento ao Exército do Egito) mantém a linha de produção deles trabalhando e uma corrente fonte de lucros”, reitera em entrevista ao portal Allgov.
Barack Obama enfrentou críticas após a deposição de Mursi e a morte de mais de mil pessoas nos confrontos entre o Exército e Irmandade Muçulmana, pois, mesmo o conflito civil, não cancelou os repasses financeiros às Forças Armadas. Na ocasião, a única medida do presidente norte-americano foi cancelar uma atividade militar conjunta com Cairo.
“Todas as vezes que alguém menciona a suspensão da ajuda financeira ou tenta repensar essa ideia, uma equipe de lobistas da indústria das armas vão para Washington bater na porta e garantir que não haverá qualquer suspensão aos repasses de billhões”, critica Shana Marshall.