O primeiro ministro da Bulgária Boiko Borisov apresentou a demissão do seu Gabinete, nesta quarta-feira (20), após dias de protestos tensos contra o aumento da energia elétrica, contra a corrupção e a queda econômica generalizada na que hoje é a nação mais pobre da União Europeia.
Desde o último domingo (17), milhares de búlgaros tinham saído às ruas do país – que tem 7,3 milhões de habitantes – em protestos. Eles acusam seus líderes de manter laços com o crime organizado e exigiram que o governo se demitisse.
O pior caso de violência ocorreu nesta terça-feira (19), em Sofia, a capital, quando protestantes confrontaram-se com a polícia, o que resultou em 15 pessoas feridas.
Apenas algumas horas depois, o governo de centro-direita de Borisov disse que atenderia à vontade do povo. “Nosso poder foi-nos dado pelo povo, e hoje o devolveremos”, disse ele aos legisladores no parlamento antes de entregar formalmente a demissão de seu Gabinete nesta quarta.
O porta-voz do parlamento, Tsetska Tsacheva, disse que os legisladores votarão sobre a demissão nesta quinta-feira (21), embora pareça ser uma mais uma formalidade. A ação aconteceu enquanto o governo perdia apoio público em meio à pior queda econômica do país em uma década e perto das eleições gerais, que acontecerão em julho.
A demissão significa que eleições antecipadas devem ser organizadas em abril ou maio. Milhares de protestantes em todo o país foram às ruas durante o final de semana para manifestarem-se contra o aumento nas contas domésticas, principalmente as elétricas. Alguns lançaram ovos e tomates em edifícios do governo, em Sofia. Eles acusaram o governo de falhar com relação a qualidade de vida dos búlgaros, cada vez mais baixa.
Os protestantes também exigiram a expulsão de três distribuidores de energia controlados por empresas estrangeiras, que dominam o mercado local: CEZ e Energo-Pro, da República Tcheca, e a EVN, da Áustria.
Muitos búlgaros sentem-se sufocados por salários baixos (os menores da UE, atualmente em 360 euros, ou 480 dólares por mês) e pelos preços gerais, que continuam subindo. Ainda, muitos dizem terem sido traídos por seus líderes e pelas promessas da adesão à UE, em 2007, que deveria ter trazido melhores condições de vida.
O partido de centro-direita governante, de Borisov, venceu as eleições parlamentares em 2009, mas foi perdendo apoio popular constantemente, com o desenrolar da pior crise econômica pela qual o país passou em uma década.