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Greve Geral para derrotar o governo Bolsonaro | Nota de conjuntura da Democracia Socialista

A série de protestos do mês de maio recolocou a luta de massas como um elemento central da disputa política nacional. Primeiro com a Greve Nacional da Educação no 15M que, a partir dos cortes na educação, uniu trabalhadores em luta contra a reforma da previdência e estudantes em luta pelas conquistas dos últimos anos, em particular na educação técnica e superior.

Em resposta à força dessas manifestações, mas também como mais um capítulo do conflito interno e do desarranjo no bloco que assumiu o governo, o Bolsonarismo puro-sangue foi às ruas no dia 26 de maio. A ampla cobertura midiática tentou apresentar a mobilização como favorável às reformas, mas o tema foi claramente marginal na motivação e no discurso de quem foi às ruas. As manifestações foram, de fato, muito menores em relação àquelas que a direita protagonizou no último período e tornam explícita a erosão da base de apoio a Bolsonaro, já apontada em sucessivas pesquisas. Ainda assim, não foram irrelevantes e sinalizam, especialmente ao seu campo de sustentação.

 

Sob chuva, manifestação do 30 de maio na Praça Santos Andrade em Curitiba.

 

No dia 30 de maio os estudantes voltaram às ruas, com apoio dos movimentos sociais e das centrais sindicais, dando continuidade à luta em defesa da educação e reunindo mais de um milhão de pessoas em pelo menos 208 cidades. Nessa segunda mobilização a novidade foi a maior visibilidade da luta contra a reforma da previdência e a nitidez de um movimento conjunto rumo à greve geral de 14 de junho. As bases dessa unidade estão sintetizadas nas bandeiras de luta por mais empregos, por educação pública de qualidade e contra a reforma da previdência, dando corpo a uma crítica de massas ao projeto de governo de Bolsonaro.

A realização do Festival Lula Livre em São Paulo, reunindo dezenas de artistas e cerca de 80 mil pessoas reafirmou a luta pela liberdade do ex-presidente como parte da agenda política. As reportagens do portal The Intercept Brasil, divulgadas neste final de semana, sobre os bastidores da operação lava-jato configuram o maior escândalo da história do país: juízes, promotores e mídia empresarial em conluio para forjar provas, fraudar testemunhas e cometer diversos outros crimes com o intuito de perseguir a esquerda, prender Lula e impedi-lo de disputar as eleições de 2018.

O episódio coloca no centro da disputa política os métodos ilegais da Lava Jato, a imagem pública do ex-juiz Moro, cuja condição de herói da direita é forjada em um sem número de crimes, e reverbera duplamente no núcleo do governo Bolsonaro. Primeiro aumenta o número de ministros envolvidos em ilegalidades, levantando dúvidas inclusive sobre o andamento das investigações sobre as relações entre a família do presidente e as milícias do Rio de Janeiro; segundo porque detona as bases criminosas que tornaram possível a vitória de Bolsonaro.

 

Festival Lula Livre. No Domingo, 02 de junho, na Praça da República em São Paulo. Foto: Ricardo Stuckert

Nesta última semana avançaram os preparativos para a Greve Geral e centenas de assembleias de base já aprovaram a paralisação no dia 14. Vale destacar a unidade dos sindicatos do ramo dos transportes que, reunidos em Brasília na quarta-feira (05), fizeram coro no chamado à Greve Geral. Ao mesmo tempo os movimentos populares preparam suas ações e fortalecem o trabalho de base através da coleta de assinaturas ao abaixo-assinado contra a reforma da previdência e do uso do aposentômetro, ferramenta fundamental para mostrar o quanto a reforma prejudica a cada um.

Também na semana passada ficou claro mais uma vez que, mesmo sob ataque do bolsonarismo, a maioria da Câmara e do Senado está a serviço da mesma agenda econômica do governo e resolveu encaminhar o que considerava essencial nas medidas provisórias do governo que estavam prestes a expirar. A Reforma da Previdência é o componente central desta agenda de unidade da direita e uma manifestação forte da classe trabalhadora, através da greve geral, é uma das principais ferramentas para refrear o ímpeto destruidor de direitos que povoa a Praça dos três poderes.

A tarefa do dia, portanto, é realizar nesta sexta uma Greve Geral que leve toda a classe trabalhadora a cruzar os braços e ir às ruas. Seu objetivo é derrotar a contra-reforma da previdência. Além disso, ela incorpora as bandeiras da educação e de diversos setores que verão na greve geral desaguadouro de lutas contra o governo. Esse processo, no seu conjunto, leva a oposição ao governo Bolsonaro a um novo patamar.

 

Greve Geral de 28 de abril de 2017.

 

Por isso o PT, a CUT, as Frentes e o conjunto dos partidos e movimentos sociais do campo de esquerda e centro-esquerda que vem se alinhando junto à classe trabalhadora na oposição a Bolsonaro está desafiado a avançar na construção de uma alternativa democrática e popular para o país. Seria um enorme erro histórico esperar quatro anos de destruição do país em nome da legitimidade democrática de um governo que não a possui. Isso significa trilhar o caminho da superação deste governo da destruição construindo, no curso desta luta a união e força para a realização de eleições livres e democráticas, com o direito inclusive de Lula ser candidato à presidência.

São Paulo, 12 de junho de 2019

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