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História social do campesinato retratada em livros

Os conflitos no campo e a diversidade da força de trabalho no meio rural são os principais temas explorados nos dois primeiros volumes da Coleção História Social do Campesinato, que o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) lança, ao lado da Editora Unesp, na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

O lançamento acontece nesta sexta-feira (15), às 19h, no Auditório B da Bienal, com um debate que terá a participação de organizadores das obras, pesquisadores, e de representantes da Via Campesina. A abertura do evento será feita pelo editor-executivo da Editora Unesp, Jézio Hernani Bomfim Gutierre, e pelo coordenador-geral do NEAD, Carlos Mário Guedes de Guedes.

“Concepções de justiça e resistência nos Brasis” é o primeiro volume do tomo Formas de resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da história. Da mesma coleção, o outro livro lançado é “Formas tuteladas de condição camponesa”, primeiro volume do tomo Processos de constituição e reprodução do campesinato no Brasil.

Resistência e conflitos
Com a proposta de traçar uma linha de continuidade entre as lutas de hoje e as de outrora no campo, o volume “Concepções de justiça e resistência nos Brasis” reúne 15 artigos sobre conflitos ocorridos no meio rural, compreendendo o período entre o começo do século XVIII e início do século XX.

Os textos deste livro são resultados de pesquisas produzidas em várias universidades brasileiras e em distintas regiões do país. As experiências de lutas e a organização dos movimentos espalhados pelo território nacional são amplamente analisadas, com o objetivo de “produzir uma resposta à amnésia social que consagrou – como memória nacional – a noção de passividade do povo brasileiro”.

Márcia Motta, que organizou a publicação juntamente com Paulo Zarth, destaca que superar a visão hegemônica sobre o mundo rural brasileiro e buscar a visibilidade desses conflitos pode levar à construção de uma outra história, que ajude a explicar a origem das desigualdades sociais. “O fio condutor é, efetivamente, dar historicidade e legitimidade à luta pela terra no Brasil”, afirma. “Se formos capazes de pensar a partir dessa porta de entrada, talvez vejamos com outros olhos os movimentos sociais contemporâneos”, declara Motta.

Trabalho e produção
“Formas tuteladas de condição camponesa” aborda a importância e a diversidade de condições de integração da força de trabalho, das quais resultou a constituição do campesinato. Os autores investiram na qualificação sociológica de formas de dominação que, amparadas em mecanismos de repressão da força de trabalho pela gestão do acesso ao controle dos meios de produção, tornaram possível a existência de formas camponesas dependentes ou tuteladas.

“Buscar que o campesinato, apesar de todos os percalços econômicos e políticos, persista”. Para Maria Aparecida de Moraes Silva, organizadora da obra ao lado de Delma Pessanha Neves, essa é a principal contribuição da publicação. As pesquisas tomaram como base, além de documentos, entrevistas com os próprios camponeses, seguindo uma metodologia de história oral diferenciada. “O depoimento do camponês é extremamente importante para a compreensão da realidade em que ele vive, para reconhecer suas ações, e não apenas colocá-lo como objeto de estudo”, define Maria Moraes.

O livro enfatiza a importância do trabalho familiar, destacando seus princípios de organização e valores. Seus textos também mostram como a produção fundamentada no trabalho familiar tem sido sustentáculo da reprodução das condições de dominação em que se estruturam sistemas de concentração de poder econômico e político na sociedade brasileira. E, também, quanto as condições de dominação vêm nutrindo expectativas de luta individual, familiar ou coletiva dos trabalhadores.

Sobre os organizadores
“Concepções de justiça e resistência nos Brasis” – Márcia Motta é professora doutora do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisadora da Companhia das Índias (Núcleo de História Ibérica e Colonial na Época Moderna da UFF) e coordenadora do Núcleo de Referência Agrária. Paulo Zarth é doutor em História pela UFF e professor de História na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).

“Formas tuteladas de condição camponesa” – Delma Pessanha Neves é professora do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) e bolsista do CNPq. Maria Aparecida de Moraes Silva é socióloga, professora livre-docente da Unesp, pesquisadora visitante do Programa de Pós-Graduação em Geografia da USP e pesquisadora do CNPq.

Serviço
Lançamento dos livros “Concepções de justiça e resistência nos Brasis” e “Formas tuteladas de condição camponesa”
Data: 15 de agosto
Horário: 19h
Local: 20º Bienal Internacional do Livro – Parque de Exposições Anhembi. Avenida Olavo Fontoura, 1209. Santana. São Paulo – SP.

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