A oposição brasileira está desacreditada e desesperada com os êxitos do governo federal em meio à continuidade da crise econômica mundial. Por isso, vem orquestrando uma campanha sistemática para tentar desmoralizar o governo e a presidenta Dilma Rousseff, que tem amplo favoritismo para ganhar as eleições de 2014. O mais recente movimento dessa cruzada é a suposta ameaça da retomada da inflação. Para essa ofensiva, a oposição convocou até o tomate, que virou vilão da alta de preços.
Só que os aprendizes de feiticeiro se deram mal. A começar pelo tomate, cujos preços caíram 80% depois da alta de 120% em um ano. Mais importante, no início do mês o IBGE divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, índice oficial de inflação para fins de política monetária) para março. Os números revelam uma trajetória de desaceleração da inflação nos três primeiros meses do ano. Em janeiro, a inflação foi 0,86%; em fevereiro, 0,60%; e, em março, 0,47%. Os preços de alimentos e bebidas e dos serviços elevaram o índice, mas, de modo geral, houve desaceleração na maior parte dos grupos que o compõem.
E as notícias referentes aos preços do grupo alimentos são boas. O índice de janeiro foi de 1,99%; em fevereiro, ele caiu para 1,45%; e, em março, caiu novamente, desta feita para 1,14%. Apesar de continuar contribuindo significativamente com o resultado global do IPCA (60% da variação total), o cenário, como se vê, é promissor.
Esta percepção é fundamentada em três fatos em curso. O primeiro diz respeito ao repasse da desoneração tributária da cesta básica para os preços finais dos alimentos que a compõem. Também é esperada uma redução dos preços dos alimentos in natura (verduras, legumes e frutas) entre maio e setembro, como resultado do período de chuvas. Por fim, serão observados nos próximos meses os efeitos positivos da expansão da safra de grãos, estimada em aproximadamente 12%.
Em manifestação recente (16 de abril) a presidenta Dilma Rousseff lembrou que o combate à inflação foi uma conquista dos últimos dez anos – afinal, quando FHC entregou o governo a Lula, o índice estava em mais de 12% ao ano – e reafirmou o compromisso do governo federal com a estabilidade: “Nós não negociaremos com a inflação. Nós não teremos o menor problema em atacá-la sistematicamente. Nós queremos que esse país se mantenha estável”, disse ela.
Na semana passada (16 e 17 de abril) houve o Comitê de Política Monetária – COPOM, do Banco Central, decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) de 7,25% para 7,50% ao ano. Segundo nota divulgada pelo BC: “O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela.”
O banco Credit Suisse Brasil publicou, agora em abril, um estudo onde apresenta simulações, para três cenários distintos, sobre o comportamento da inflação brasileira para 2013. Os resultados indicam que o IPCA deve estabilizar em abril e que haverá redução da inflação IPCA a partir de maio. O banco prevê uma inflação de cerca de 5,6% para o ano de 2013. Este número é menor que a inflação observada em 2012 e é compatível com compromissos assumidos pela política de metas de inflação.
Além da estabilidade de preços, é importante ressaltar que a economia brasileira continua observando a menor taxa média anual de juros básicos (7,3%) desde o início da política de metas de inflação, em 1999.
O cenário é ainda mais promissor quando a análise inclui as condições observadas no mercado de trabalho. As evidências apontam para a manutenção de uma situação de pleno emprego. Os números de março, apurados pelo IBGE, indicam um desemprego de 5,7%, o menor para este mês desde o início da série histórica, em 2002. O rendimento médio real dos ocupados se manteve estável em março. Nos últimos doze meses o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 2,8, confirmando a trajetória de ampliação da formalização das relações de trabalho.
Os números e os fatos confirmam a consistência da estratégia adotada pelo governo federal no âmbito da condução da política econômica. À oposição conservadora restaram a manipulação dos fatos e a disseminação de boatos.
* Cláudio Puty é deputado federal (PT-PA) e vice-líder do governo no Congresso Nacional.