Por Giliard Tenório*
Nosso companheiro José Carlos Oliveira – o Caxambu, militante histórico da Democracia Socialista – esperou 12 anos para voltar a ver Lula em Juiz de Fora. O reencontro feliz ocorreu no último dia 11 de maio. A visita de Lula a Juiz de Fora derruba um triste estigma, ao mesmo tempo que reforça significativas marcas.
A cidade de Caxambu não é aquela da facada. Juiz de Fora é a cidade da democracia. É a terra de Clodesmidt Riani, sindicalista, primeiro preso político da Ditadura Militar. De Itamar Franco, cujo memorial foi a primeira agenda de Lula na cidade no dia 11 de maio. Visita que enfatiza o nosso compromisso irrevogável com o ideal democrático, nossa defesa do Estado de Direito, nossa certeza de que a política se faz com o povo intervindo em seu próprio destino.
Juiz de Fora é a cidade da ciência e do conhecimento, que são um motor da economia local por meio da UFJF, visitada por Lula em sua segunda agenda. Uma reunião com reitoras e reitores de universidades federais de todo o Brasil, onde Lula reafirmou que o desenvolvimento do Brasil não pode ser refém do teto de gastos. Esse austericídio, registre-se, faz com que o orçamento este ano para a Educação Superior represente apenas a metade do que era investido em 2015.
A agenda com reitoras e reitores, com a Educação Superior, serviu como uma manifestação pública absolutamente clara pela revogação do teto de gastos. Um compromisso pela volta dos investimentos em Educação, em Ciência e Tecnologia. Mas o peso do momento não se limita a isso. Lula sabe que o avanço da inovação tecnológica não pode estar a serviço da produção do trabalho precarizado, não pode servir à perpetuação do subemprego.
Por isso mesmo, é de absoluta relevância o chamamento feito por Lula às reitoras e aos reitores, para que a ciência brasileira sirva ao desenvolvimento do país, que combine crescimento econômico com o oferecimento de emprego qualificado. Um chamado para que as cadeias de inovação sejam formadas para agregar economicamente mais e mais pessoas. Mais do que aumentar a produtividade, a inovação tem que garantir comida no prato e na geladeira das famílias brasileiras.
Juiz de Fora é uma cidade de muito amor, transmitido ao ex-presidente em um glorioso evento com a militância. De muitos abraços, de muita esperança, de uma renovada energia para consagrar uma votação histórica a Lula, como ocorreu em todas as demais eleições que ele participou. Se dependesse de Juiz de Fora, Lula seria presidente já em 1989.
É a cidade de muita gente que dá a vida pela democracia, pela defesa da dignidade do trabalho, pela luta contra toda forma de preconceito, pela luta antirracista, pelo respeito a todas as manifestações de fé, sejam católicos, evangélicos ou religiões de matriz africana.
Juiz de Fora é cidade de gente como Adenilde Petrina, Maria Aparecida e de Ana Pimentel, que estiveram com Lula no palco do encontro com a militância. Adenilde é professora, comunicadora popular, líder comunitária. Maria Aparecida é líder de associação de catadores de material reciclável. Ana Pimentel é ex-secretária de saúde da Prefeitura. Mulheres exaltadas por Lula, reverenciadas como protagonistas da luta política que o Brasil precisa, a luta pelo povo, naquele palco do ginásio que foi o maior centro de vacinação do município.
É a cidade do companheiro Caxambu e sua exemplar trajetória como militante da pauta antirracista e em defesa das religiões afro. Caxambu que nos deixou no dia seguinte à visita de Lula, certamente feliz por tão aguardado reencontro. Caxambu que virou estrela para seguir brilhando no céu da sua terra. Que a gente aqui possa seguir sua luta e, com Lula, devolver o Brasil para seu povo, com muito amor e esperança.
Caxambu, presente!
* Giliard Tenório é jornalista e cientista político
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