“O momento é grave, as circunstâncias são graves, e exigem um partido vivo. Precisamos de um partido que tenha o que propor ao povo brasileiro. E a primeira coisa que temos que fazer é oferecer uma saída política para esse impasse que é o governo Bolsonaro.” Com esse tom, e a proposta de contribuir para o debate interno do PT, a deputada federal Margarida Salomão lançou sua candidatura à presidência do partido nesta quinta-feira (31), em São Paulo, pela Chapa Nacional 290 – Fora Bolsonaro, Lula Livre, Governo Democrático e Popular -, da qual fazem parte as tendências Democracia Socialista, Avante e Militância Socialista, além de outros coletivos e mandatos parlamentares.
Para a Chapa, como representante da tendência nos debates rumo ao 7o Congresso Nacional do Partido, Margarida conseguirá avançar na luta pelo socialismo militante e democrático. Entre as linhas de atuação da chapa Lula Livre. Fora Bolsonaro estão a construção da unidade da esquerda e garantia do caráter democrático da organização partidária, fim do governo Bolsonaro, realização de novas eleições democráticas com Lula Livre, e um programa de desenvolvimento econômico com emprego, direitos sociais, fortalecimento das liberdades e reversão das políticas de austeridade.
Segundo Margarida Salomão, o Brasil vive um ciclo inédito na história brasileira de ataques aos direitos. “Já tivemos processos neoliberais antes, mas agora temos um caso de governo de extrema direita. Os direitos mais elementares estão sendo destruídos. Direito ao trabalho, fim das aposentadorias, a vigência da Emenda Constitucional 95, que ameaça a todos. Pode parecer um cenário apocalíptico, mas essa profecia está sendo cumprida no Chile, e milhões de pessoas estão nas ruas. Por causa disso, a população da Argentina disse ‘basta Macri’. Temos milhões nas ruas, no Equador, na Colômbia. A América Latina se levanta”, afirmou a parlamentar, no lançamento da candidatura.
Para a deputada, é preciso reforçar os processos democráticos internos do PT para o enfrentamento aos retrocessos. “Como fazer isso? Tornando a participação da militância ainda mais relevante. Se a militância se sentir valorizada, poderemos colher belos frutos”, disse, destacando também a necessidade de construção de uma grande frente de esquerda. “O PT não estará sozinho nessa luta, precisa da Frente Brasil Popular, precisa do MST, precisa do Psol, do PCdoB, do PDT, do PSB. Precisa de todos setores democráticos, inclusive os que se organizam em coletivos não partidarizados.”
Professora universitária desde a década de 1970, Margarida Salomão foi reitora por dois mandatos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e está deputada federal por Minas Gerais desde 2013. Ao encerrar sua participação no lançamento da candidatura, a parlamentar reafirmou a confiança na capacidade do Partido, da democracia e do povo brasileiro.
“De onde venho, conhecemos um poema de um dos maiores poetas do século XX, Murilo Mendes, nascido também em Juiz de Fora, que diz: ‘Sem esperança não surge o inesperado.’ Estamos fazendo grande aposta, uma aposta pra valer, que a vida brasileira pode melhorar, que a democracia pode se restaurada, e que a liberdade de Lula vai ser mais um elemento nessa reconstrução de um Estado de Direito mais avançado.”
O Congresso Nacional do PT acontece entre os dias 22 e 24 de novembro, em São Paulo, quando será escolhido o futuro presidente do Partido.
Publicado em Margarida Salomão.