Será lançado na próxima sexta-feira (4), pela editora Topbooks, o livro “Memórias de uma Guerra Suja”. Na obra, o ex-delegado Cláudio Guerra conta que esteve envolvido no assassinato de aproximadamente uma centena de pessoas durante a ditadura militar, tendo inclusive participado do atentado contra o show em comemoraçao ao Dia do Trabalhador, no RioCentro. Guerra foi o delegado capixaba que herdou os subordinados do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury nas forças de resistência violenta à redemocratização do Brasil.
O ex-delegado revela ainda que, nos anos 70, os corpos de vários militantes de esquerda foram incinerados numa usina de açúcar no norte do Estado do Rio. As informações foram publicadas neste quarta (2) pelo jornalista Tales Faria, no IG. Ele teve acesso aos originais do livro, que será lançado na sexta-feira.
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O livro promete desvendar ainda “episódios como o atentado ao Riocentro, uma inacreditável ação terrorista num país africano com o apoio clandestino do governo militar brasileiro, o acidente de Zuzu Angel, os ataques à bomba em diversas redações de jornais do país e as mortes do delegado Fleury e do jornalista Baumgarten”, informa o site da editora.
Apesar da confissão de Guerra, um fato curioso chamou a atenção de alguns blogueiros e jornalistas, que repercutiram a notícia durante o dia: o nome de Guerra nunca havia aparecido nas listas de torturadores mais conhecidos.
Fonte confiável?
Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador, contou que conversou com um pesquisador (e militante político) que conhece bem essas histórias. Ele disse ao reporte que considera as informações de Guerra “muito consistentes, coerentes, não parece o depoimento de alguém que quer aparecer, mas de um homem que conhece profundamente a engrenagem da repressão”.
Já o experiente Luis Nassif, preferiu ter cautela a respeito das informações contidas no livro: “Vamos com cuidado, Há muitas informações desencontradas. Como é possível um delegado desconhecido do pessoal de direitos humanos ser responsável por quase um quarto dos mortos pela ditadura? E não se entende o fato de corpos serem incinerados em usinas em Campos, sendo muito mais fácil jogá-los no mar próximo. Melhor aguardar um pouco antes de endossar o livro”, escreveu.
Mesmo que as informações da obra precisem ter sua veracidade checada, o livro já é considerado por alguns jornalistas como um dos mais importantes documentos sobre as execuções e os desaparecimentos ocorridos durante a ditadura. Tudo precisa ser apurado, checado. Mas Guerra fornece um roteiro completo sobre a barbárie praticada em nome do Estado e do regime militar.
Livro chega às lojas na sexta
Em nota oficial, a Editora Topbooks informou que o livro já estaria disponível nesta quarta (2) na livraria Travessa, da Rio Branco e da Sete de Setembro, no Rio de Janeiro. A previsão da editora é de que o livro estará circulando nas principais livrarias do país a partir de sexta-feira, 4 de maio.
O livro é resultado do trabalho de quase 3 anos dos autores, o jornalista Rogério Medeiros e Marcelo Netto.