Democracia Socialista

Livro recupera luta de trabalhadores rurais contra ditadura

O lançamento ocorreu no âmbito do Seminário Internacional “O Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos”, promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Arquivo Nacional. Na ocasião, estavam presentes Caio Galvão de França, um dos coordenadores da publicação, hoje chefe de gabinete-adjunto da Presidência da República, Joaquim Soriano, diretor do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do MDA, e Gilney Viana, coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade, da SDH, além de pesquisadores renomados que se dedicam à questão do campesinato, como Moacir Palmeira (Museu Nacional, UFRJ), que supervisionou a pesquisa, e Leonilde Medeiros (CPDA-UFRRJ). A pesquisa e os textos do livro foram feitos pelas antropólogas Marta Cioccari e Ana Carneiro, no período entre agosto e dezembro de 2010.

No lançamento, Caio França destacou o esforço empreendido pelo Governo Federal para “reconstituir um passado recente do país e fazer com que a memória das lutas camponesas seja instrumento de transformação da sociedade”, principalmente no que tange à efetiva reforma agrária e ao respeito pelos direitos dos homens e mulheres trabalhadores do campo. Gilney Viana ressaltou a disposição do Estado em avançar ainda mais no Programa Direito à Memória e à Verdade, com uma ampla e irrestrita divulgação dessas memórias de pessoas e organizações que lutaram por um Brasíl mais justo, destacando o esforço para que “esta leitura do passado não seja uma leitura dos vencedores”.  Moacir Palmeira, ex-diretor do Incra e ex-assessor da Contag, elencou casos de atrocidades sofridas pelos trabalhadores rurais em diferentes regiões do país no período da ditadura, destacando a “dupla face” destas violências, patrocinadas tanto pelo Estado, por intermédio de seu aparato de repressão, como por representantes do latifúndio, com a ação de capangas e pistoleiros.

Marta Cioccari, co-autora do livro, homenageou o líder camponês Vicente Pompeu da Silva, ex-presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Ceará (Fetraece), falecido em 25 de março. Em entrevista ao projeto, Pompeu resumiu assim a sua trajetória: “Fui preso e torturado porque lutava – como luto ainda – pela reforma agrária. Por isso quiseram consumir comigo”. Sua história é uma das tantas de brasileiros imprescindíveis que foram narradas nesta publicação.

O livro Retrato da Repressão Política no Campo, Brasil 1962-1985, Camponeses torturados, mortos e desaparecidos, Brasília: MDA, 2010, pode ser acessado no portal do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD):http://www.nead.gov.br/portal/nead/publicacoes.