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Lula na Europa: meio ambiente e desigualdade social na pauta mundial | Demilson Figueiró Fortes

Lula retoma a sua cruzada contra a fome, a miséria e por um mundo menos desigual. No mundo, o presidente do Brasil é hoje a voz dos países pobres.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Felizmente, Lula está a influenciar os destinos do mundo. O presidente da República abraça essa missão consciente que é líder do país com a maior biodiversidade do mundo, que tem a maior floresta tropical do planeta e, portanto, estratégico para enfrentar as mudanças do clima. O Brasil tem tamanho territorial, recursos naturais e importância global para a preservação do meio ambiente e para a produção de alimentos e energia. E Lula tem estatura política, experiência de gestão e compromisso social e ambiental. Está ciente do papel da nação que conduz para o mundo.

Na viagem à Europa, o presidente Lula, entre outras agendas, participou, na França, da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global. E fez o que tem feito deste a campanha presidencial do ano passado: colocar o meio ambiente e a desigualdade social como pontos estratégicos de seu mandato e de estratégicas relações internacionais.

Também retoma, no âmbito mundial, a sua cruzada contra a fome, contra a miséria e por um mundo menos desigual. No mundo, Lula é a voz dos países pobres.

Ainda na França, Lula, defendeu colocar o debate da desigualdade no patamar de prioridade das mudanças climáticas. Para ele, não basta que os países desenvolvidos façam investimentos para equacionar a questão climática; é necessário também investir para superar a fome e enfrentar a brutal desigualdade que existe no mundo. Avançando, ao mesmo tempo, na pauta ambiental e social.

No encontro, o presidente se dirigiu aos chefes de Estado e aos representantes de instituições como Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), defendendo enfaticamente que a desigualdade seja colocada na pauta mundial e advogou por uma melhor governança global na área socioambiental. Cobrou financiamento dos países desenvolvidos para a proteção das florestas e para o combate às desigualdades.

Criticou o não cumprimento dos acordos climáticos como de Kyoto, Copenhagen e Paris. Disse que as instituições de Bretton Woods não funcionam mais. Falou em dívida histórica dos países ricos que poluem deste a Revolução Industrial e, por isso, devem financiar ações de preservação ambiental. Reafirmou também seu compromisso em trabalhar para o desmatamento zero da Amazônia, até 2030. Mas, lembrou que o país tem de proteger outros biomas, como Pantanal, Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

Na Europa, Lula reafirma ao mundo que acabar com o desmatamento da Floresta Amazônica e acabar com a fome são essenciais, portanto, prioridades no seu governo. E que deveriam ser também no mundo. Não deixou dúvida alguma: enfrentar a questão climática e defender o meio ambiente não são aspectos secundários na agenda do atual governo.

Nos discursos em Paris, há quem tenha interpretado que Lula expressou que, sem resolver a questão social, não se poderia avançar nas questões ambientais, ou que o social antecederia o ambiental. Essa leitura é um enorme equívoco. Quem enxerga assim talvez não veja o todo. Infelizmente, não compreendeu a profundidade do que foi dito.

Nesse debate do clima, convém lembrar que os maiores prejudicados pelas mudanças climáticas já tem sido as nações pobres, pelas condições em que se encontram e a falta de recursos para investimentos em prevenção e mitigação de danos. E, internamente, nos países, os pobres e os trabalhadores em geral sofrem os maiores impactos. Sempre que acontece um evento extremo, são as populações das periferias que mais sentem os efeitos, o chamado racismo ambiental. Assim, defender o meio ambiente é defender os trabalhadores, pois os ricos têm maior capacidade de se defender, moram em locais de menor risco, contam com seguros e capacidade de se refazer diante dos impactos. Essa consideração é importante para alertar quem ainda tem dúvidas do vínculo da proteção do meio ambiente com qualidade de vida e segurança das pessoas.

Felizmente, o presidente Lula, desde a campanha presidencial, assumiu compromissos com a proteção ambiental, em acabar com o desmatamento da floresta e de agir para equacionar a questão do clima. Sua passagem pela Europa evidencia que esse compromisso está sólido.

Tudo isso associado ao compromisso ambiental, à pauta do desenvolvimento social, em acabar com a fome e a miséria, em fomentar a geração de postos de trabalho e oportunidades para a população, bem como estabelecer relações internacionais no sentido de fortalecer a democracia, a governança socioambiental mundial, a paz e a solidariedade.

Na Europa, portanto, Lula reforça essa visão e compromissos, seja no evento com chefes de Estado ou na participação no festival Power Our Planet, evento que defendeu a Amazônia, realizado em Paris sendo um dos principais convidados a partir de iniciativa da banda Coldplay.

Nesse sentido, penso que a contribuição magnífica de Lula à agenda internacional está posta, justamente, em associar o econômico e o social ao ambiental, num mundo em que o primeiro sempre subordinou e jogou em segundo ou terceiro planos os demais.

Lula fala pelos povos do Hemisfério Sul ao defender a igualdade e lembrar que os países do Norte têm as maiores responsabilidades na correção dos problemas socioambientais deste Planeta. O garoto pobre, que saiu de Garanhus (PE) com sua família fugindo da pobreza e da seca, parece decidido a influenciar os destinos do mundo. E isto é ótimo.

Demilson Figueiró Fortes, engenheiro agrônomo, ecologista, integra o Conselho da Agapan.

Via Sul 21

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