Cerca de cinco mil manifestantes que participaram no sábado (8) da Marcha Mundial das Mulheres, realizada no centro de São Paulo, reivindicaram a adesão do estado ao Pacto Nacional de Enfretamento à Violência contra a Mulher, lançado em agosto do ano passado pelo governo federal.
Em discursos e cartazes, representantes do movimento feminista, de sindicatos e partidos políticos criticaram o governador José Serra, que, segundo eles, se nega a incluir São Paulo no programa.
“Serra se recusa a trazer para cá [São Paulo] as políticas propostas pelo governo federal”, afirmou Nalu Faria, uma das coordenadoras da marcha. “A negativa mais gritante é a do pacto contra a violência”.
Segundo a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), órgão vinculado à Presidência da República, no pacto, o governo federal compromete-se a investir R$ 1 bilhão no combate à violência contra a mulher até 2010. O dinheiro será aplicado em estados que também se comprometerem a realizar projetos com o mesmo objetivo.
Três estados já aderiram ao programa: Rio de Janeiro, Pará e Espírito Santo. A Bahia deve aderir ainda neste mês.
“O Serra nem sequer recebeu a ministra [Nilcéa Freire], que tentou falar com ele para tratar do pacto”, contou Nalu. “Por causa disso, resolvemos incluir a assinatura do compromisso na pauta de reivindicações da marcha”.
Sônia Santos, uma das organizadoras do protesto, disse que São Paulo é um dos estados onde a violência contra mulher é mais presente. Segundo ela, apesar do grande número de delegais e centros de atendimento à mulher paulistas, nem sempre eles estão preparados assistir as vítimas de agressões.
“Os CICs [Centros de Integração da Cidadania] são uma boa idéia, mas estão às moscas. Têm equipamentos, mas não têm profissionais”.
A assessoria de imprensa do governo paulista não comentou o pacto de enfretamento à violência, mas afirmou que existem 129 delegacias da mulher e 10 CICs no estado, todas funcionando normalmente.