A Marcha das Margaridas culminará em um grande encontro de mulheres, nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, na sua 7ª edição. Esse processo tem suas raízes plantadas e cultivadas nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal, e representa um movimento permanente pela luta por terra, soberania alimentar, água, renda justa, bens naturais e pelo bem viver das mulheres.
Nas últimas duas décadas, a Marcha das Margaridas se constituiu como uma das mais importantes ferramentas de organização popular, articulação de pautas centrais e reivindicação de direitos do continente latino-americano. Em cada território, cada roçado, cada comunidade, há mulheres que se juntam para pensar coletivamente sobre o mundo que se quer e se movem, em milhares de pequenas ações, para construir cotidianamente as possibilidades concretas de novos caminhos.
Assim chegam, de quatro em quatro anos, dezenas de milhares de mulheres, do campo, das águas e das florestas, em um forte sentimento de esperança e pertencimento, partes de uma ação que já mostrou que é possível, a partir do poder das trabalhadoras, garantir conquistas que mudam de verdade as vidas das pessoas. São de todos os cantos do país, são ribeirinhas e coletoras, agricultoras familiares e assentadas, indígenas e quilombolas, extrativistas e pescadoras.
As sementes de Margarida Alves hoje mostram que o Brasil tem movimento popular com amadurecimento político e capacidade de mobilização e proposição. Uma das grandes fortalezas da Marcha das Margaridas é justamente a aglutinação de diferentes organizações, entidades e movimentos em seu entorno.
A sua agenda tem o sentido estratégico de apontar rumos para o país. Mais uma vez, pelas mãos das brasileiras se reafirmará que a nossa luta central é contra o capitalismo neoliberal – estruturado pelo patriarcado, o racismo e a homofobia – que destrói bens naturais, explora trabalhadoras e reprime as formas coletivas de luta social. O feminismo segue sendo nosso mecanismo mais potente de transformação da realidade e de resistência contra qualquer dominação dos nossos corpos e territórios.
Esta Marcha das Margaridas é ela própria muitos símbolos. Simboliza a retomada de um estado democrático, capaz de receber e dialogar com movimentos sociais. Simboliza a força e resiliência dos movimentos do campo, das águas e das florestas, atravessando diferentes conjunturas, representando e mobilizando milhares de mulheres. Simboliza a capacidade do feminismo de organizar em torno de si a luta por uma sociedade justa em todos os seus aspectos, como a defesa do ambiente, dos povos originários, da dignidade do trabalho, do antirracismo, contra a violência e tantas outras lutas civilizatórias.
A Marcha das Margaridas representa a capacidade de luta das trabalhadoras em todo o mundo. Chegamos até aqui e não vamos parar, porque as mulheres são como as águas, quando se juntam, ficam mais fortes. Pela reconstrução do Brasil e o bem viver, estão chegando as decididas, é o querer das Margaridas!
Isolda Dantas é Deputada Estadual do PT do Rio Grande do Norte.
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