D. Pedro Casaldáliga e Irmã Dorothy representam a luta contra a exploração.
Um homem e uma mulher; ambos religiosos. Um no centro-oeste, outra no Norte, ambos missionários, lutadores pelas causas dos pobres: indígenas, posseiros e sem terra. Ambos há mais de 40 anos lutando para que a República chegue aos rincões esquecidos do Brasil, onde impera a lei do mais forte.
São eles, Dom Pedro Casaldáliga e Irmã Dorothy Stang, ambos septagenários, dando seu testemunho na luta em defesa da vida dos excluídos da sociedade brasileira. No caso de Pedro Casaldáliga, emissários de Roma queriam desterrá-lo de seu lócus de luta e resistência, em nome da liberdade para seu sucessor no governo da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT).
Logo após a notícia, Pedro, com sua imensa capacidade de lutar pelo que realmente importa, mesmo com sua saúde fragilizada, afirmou que esperaria a nomeação de seu sucessor para, conhecendo-o, decidir o que faria. Os agentes de pastoral da diocese reunidos na Assembléia Geral da Diocese manifestaram sua indignação para com o tratamento dado a seu pastor-testemunha, Pedro Casaldáliga.
No início do ano, saiu a nomeação do novo prelado, sobrinho de dom Paulo Evaristo Arns. A perspectiva de resistência no compromisso da Prelazia com a luta dos empobrecidos da terra parece que vai continuar. Casaldáliga continua presente.
Anapu
Irmã Dorothy e tantos agentes de pastoral incomodavam as elites, os grandes latifundiários porque lutavam para que a terra cumprisse sua função social, prevista constitucionalmente. Desejavam a presença de políticas públicas de um Estado Nacional Republicano. Queriam que Anapu fizesse parte de fato do Estado Constitucional Brasileiro.
O caso de Irmã Dorothy aconteceu quando o Estado Brasileiro começava a efetivar ações de Reforma Agrária, desapropriando fazendas na Região para assentamento de trabalhadores rurais sem-terra. Ela pagou com sua vida a conquista pela qual tanto lutava.
A continuidade da luta e do martírio de Irmã Dorothy se dará pela efetiva presença do Estado Constitucional Brasileiro, que era tudo que os mandantes de seu assassinato (a velha elite tradicional, com a nova roupagem do agronegócio) menos queriam. Pela efetivação de uma Reforma Agrária que altere profundamente as condições de vida do povo da Região.
Incômodo para o capital
Uma pergunta, no entanto, não deve calar. Por que Pedro e Dorothy incomodam tanto às elites tradicionais? Só por desejarem que os pobres tenham cidadania e a posse definitiva da terra que nela tanto sangue e trabalho já dedicaram? Incomodam, na verdade, porque teimam em organizar os pobres na luta permanente em defesa de seu direito fundamental: de viverem com dignidade na terra em que trabalham, sem exploração do capital.
Assim, antecipam a experiência da Nova sociedade, onde os valores da igualdade, liberdade, socialismo, solidariedade são vivenciados nas relações entre os lutadores nos grupos organizados, na Pastoral da Terra, nos Assentamentos Rurais. Que os testemunhos de ambos, Pedro e Dorothy, desafiem a cada um e a cada uma de nós a continuar na missão de organizar o povo na conquista de seus direitos fundamentais.
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