Notícias
Home / Conteúdos / Notícias / MP que esvazia Meio Ambiente tem de ser barrada no Senado, diz dirigente da CUT

MP que esvazia Meio Ambiente tem de ser barrada no Senado, diz dirigente da CUT

CUT defende que mudanças no texto original da MP da reformulação ministerial e que desmontam Ministério do Meio Ambiente, aprovadas pela Câmara, precisam ser barradas no Senado.

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

A aprovação, na quarta-feira (24), do parecer sobre a Medida Provisória (MP) 1154/2023, feito pelo deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), relator da MP na Câmara dos Deputados – e aliado às pautas ultraconservadoras do Congresso – mostrou que as bancadas ruralista e do agronegócio ainda insistem em ‘passar a boiada’ em projetos de interesses próprios e que colocam em risco as políticas ambientais planejadas pelo governo Lula.

A MP foi editada no início do ano para permitir a reconfiguração ministerial e a criação de novas pastas. Mas, o relator alterou o conteúdo do texto original apresentando emendas que prejudicam, em especial o Ministério do Meio Ambiente e o recém-criado Ministério de Povos Indígenas. A expectativa é que as mudanças possam ser barradas quando houver a votação em plenário no Senado.

Ouvido pelo portal CUT, o secretário de Meio Ambiente da Central, Daniel Gaio, afirma que o relatório da MP se propõe a reorganizar a política nacional de recursos hídricos e políticas indigenistas nos ministérios, “mas o que faz, na verdade é impor retrocessos e empoderar as bancadas ruralista e do agro na gestão de políticas que são fundamentais para materializar a política que Lula vem apresentando em sua agenda internacional e em acordos feitos no Brasil, para sua eleição”.

E a eleição de Lula, ele reforça, foi pautada pela proteção ambiental e pela reconstrução e fortalecimento de órgãos públicos de gestão, controle e fiscalização da área ambiental, destruídos pelo governo anterior. “E o relatório da MP vai contra esse princípio”, ele pontua.

O relatório aprovado pela Câmara

Para o Ministério do Meio ambiente, um dos principais retrocessos impostos é a transferência da Agência Nacional das Águas (ANA), responsável pela política nacional de recursos hídricos, para o Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional.

Além disso, o relator também ‘enfiou’ no texto uma emenda que transfere o Cadastro Ambiental Rural para o Ministério da Gestão e Inovação. Este tema é diretamente ligado à bancada do agronegócio que buscava retirar o poder da ministra Marina Silva.

Para o Ministério dos Povos Indígenas, também atacado pelo relatório de Bulhões, foi aprovada a urgência na tramitação do marco temporal, processo diz respeito à constitucionalidade das terras indígenas ocupadas após a promulgação da Constituição de 1988. Caso o marco temporal seja reconhecido, as terras demarcadas desde então passam ao controle da União ou dos governos locais.

Outro ataque ao ministério é a transferência das competências sobre demarcação de terras indígenas para o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Congresso ultraconservador e contraofensiva

Para o dirigente, o centro do ataque promovido pelas emendas inseridas na MP é a política nacional de recursos hídricos. Com a transferência de ministérios, as bancadas ruralista e do agronegócio tem a intenção de retomar a agenda privatista e mercantilizadora da água e dos recursos hídricos brasileiros, agenda que era destaque e incentivada pelos governos Bolsonaro e Temer.

“A decisão de Lula em passar a responsabilidade da ANA, para o Ministério do Meio Ambiente foi acertada e o relatório vem com essa volta ao passado que precisamos superar”, diz Daniel Gaio.

O dirigente reforça que a ação de Bulhões é parte da ofensiva do Congresso Nacional, cuja maioria dos deputados pertencem a bancadas ultraconservadoras que ‘querem passar a boiada em arcabouços legais, tentando impor ao próprio executivo, reformas de sua estrutura para desmontes e desregulamentações em políticas públicas’.

A expectativa agora é de que no Senado, o relatório possa ser revisto e que haja uma reversão nos retrocessos impostos pela Câmara

“A Câmara tem uma agenda organizada para este semestre de avançar na desregulamentação ambiental. O esforço agora é para que esses desmontes sejam derrubados no Senado onde irá a plenário”, afirma o secretário de Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio.

Repercussão

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em suas redes sociais, criticou a aprovação. “Muito ruim que a comissão mista que analisa a MP da reestruturação do governo tenha aprovado relatório que esvazia os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas”, escreveu.

O posicionamento do Ministério dos Povos Indígenas é de que “tirar essa atribuição da demarcação das terras indígenas, da portaria declaratória é arrancar deste ministério o coração dos povos indígenas”, disse a ministra Sonia Guajajara.

Já a ministra Marina Silva, afirmou que “se o Congresso aprovar as mudanças propostas pelo deputado Isnaldo Bulhões, a imagem do Brasil pode ficar comprometida no cenário internacional”.

Marina comentou que não basta a credibilidade do presidente Lula ou dela própria. Se o mundo olhar para o ‘arcabouço legal e ver que a estrutura não é a que ganhou as eleições, isso vai fechar todas as portas”.

Por isso, reforça Daniel Gaio, é importante que a medida seja barrada em plenário, o que, segundo ele, tem mais chances de correr no Senado, já que a Câmara é ‘ultraconservadora’.

Via CUT

Veja também

Com Lula, pobreza e extrema pobreza recuam em 25 estados e no DF

Estudo do Instituto Jones dos Santos Neves revela que 8,6 milhões de brasileiros deixaram linha …

Comente com o Facebook